Capítulo 26 - Termas de Bagby I

1.5K 182 19
                                    

NÃO ERA SÓ RUBY QUE QUERIA LAUREN no acampamento e as duas sabiam disso.

Ainda assim, mesmo naquele espaço íntimo entre elas na cama, Camila não quis admitir em voz alta. E, quando a caminhonete de Josh parou na entrada, na manhã seguinte e Ruby saiu correndo para cumprimentá-lo, ela disse a si mesma que só estava olhando pela janela para procurar Dinah e Astrid, que estavam vindo em carros separados e chegariam a qualquer momento.

Lauren tinha concordado com a viagem. Em pé, no quarto às cinco da manhã, vestindo a roupa, ela resmungou um tá, não tenho mais nada pra fazer, quando Camila perguntou mais uma vez. Mas ela mal a conhecia e Lauren não tinha o melhor dos históricos de confiabilidade. Ela se lembrava de pelo menos duas vezes em que Astrid tinha ficado irritada porque a irmã não tinha aparecido para um feriado em família, reclamado do desperdício de comida que tinha comprado ou dos ingressos que conseguira para a orquestra em Portland.

Camila repetiu para si mesma que não haveria o menor problema se ela não viesse – que era só um dia e que o que havia entre elas era só sexo e não teriam oportunidade para fazer só sexo cercadas das melhores amigas de Camila, de sua filha e do pai da filha, seu ex-namorado.

Meu Deus.

Ela esfregou os olhos privados de sono quando o Subaru de Dinah estacionou. O que Camila estava pensando? Não, com certeza seria melhor se Lauren não fosse. Talvez devesse até mesmo ligar para ela e dizer isso...

Camila agarrou a cortina com mais força quando a porta do passageiro de Dinah se abriu e Lauren saiu, com mais um jeans preto e uma regata vinho que deixava muito claro que ela não estava usando sutiã.

Tá, então elas iam mesmo acampar juntas.

Camila colocou uma das mãos na barriga, as lembranças da noite anterior caindo sobre ela como chuva morna. A expressão de Lauren ao falar sobre sua infância ter sido simples. A solidão que ela demonstrara. Seus olhos...

Não.

Não, ela não ia pensar nos olhos verdes de Lauren, pelo amor de Deus. Aquilo entre elas era casual, passageiro, totalmente carnal, sem nenhum sentimento envolvido.

Camila respirou fundo uma... duas... três vezes, então pegou a mochila com a roupa de banho e uma muda de roupa, a garrafa de água pendurada em um mosquetão, e saiu.

– Bom dia, flor do dia! – exclamou Dinah, mas quando Camila se aproximou seu sorriso desapareceu. – Meu Deus, você tá péssima!

– Obrigada, querida – respondeu Camila.

– Você já deve ter se olhado no espelho – disse Dinah, segurando o queixo de Camila e examinando seu rosto.

– É que eu não dormi muito essa noite.

Seus olhos encontraram os de Lauren por sobre o ombro de Dinah e ela sentiu um frio na barriga.

– Por que não? – perguntou Dinah.

– Só... uns problemas com a Ruby. Ela ia dormir na casa da Tess, mas voltou pra casa no meio da noite. As duas brigaram.

Pronto. Não era mentira. Ela não estava mentindo para as amigas quanto a ter passado a noite toda ocupada com a melhor transa de sua vida – várias vezes. Estava só... guardando para si.

Camila percebeu que ela faria o mesmo, ainda que não fosse com quem era. A coisa com Lauren era nova, temporária, mas intensa. E Camila era uma mulher adulta, tinha o direito de guardar as coisas para si até entender como lidar com elas.

– Ah, querida, sinto muito – disse Dinah. – Ela está bem?

Camila soltou um suspiro. Tinha tentando conversar com Ruby sobre Tess naquela manhã, mas a filha havia se recusado a entrar no assunto. Olhando para ela agora, ajudando Josh a arrumar as coisas do acampamento na caçamba da caminhonete dele, ela parecia mais feliz que nos últimos dias.

CAMREN: Ela Não Se ImportaOnde histórias criam vida. Descubra agora