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Eu sabia que era errado, claro que sabia. Tara era minha melhor amiga, e eu nunca quis machucá-la. Só que Kiara... Kiara era um enigma, e eu não conseguia resistir. Desde o primeiro dia que a vi com Tara, senti algo mudar dentro de mim. Não era ciúmes, pelo menos não do tipo que se espera. Era um tipo de obsessão. Algo mais sombrio.
Tara a adorava, e quem sou eu para dizer que não? Kiara era perfeita aos olhos dela. Mas para mim? Ela era algo mais. Era como se, toda vez que Kiara olhasse para mim, fosse capaz de ver além de quem eu fingia ser. Talvez porque ela também não fosse tão boa em fingir. Havia algo por trás daqueles olhares que ela lançava, sempre discretos, mas incisivos. E o pior — ou melhor, dependendo de como se vê — é que ela sabia o que estava fazendo.
Ela secava cada movimento meu. Na frente de todos. De Tara. E eu podia sentir seus olhos queimando na minha pele. Fingir que não percebia era a pior parte, porque o calor que subia em mim era incontrolável. Quando ela mordia os lábios, aquele jeito provocante que só eu parecia notar, eu ficava à beira da insanidade. E ainda assim, fazia parte do jogo.
Kiara era louca. Mais do que eu, se é que isso era possível. Ela conseguia flertar na frente de todo mundo, com Tara a centímetros dela, e ainda assim fazer com que fosse imperceptível para todos — menos para mim. As palavras de duplo sentido saíam da boca dela com uma suavidade perigosa, como se fossem veneno disfarçado de mel. Tara nunca suspeitava de nada. Estava cega pela paixão.
Mas eu? Eu percebia tudo. E estava cada vez mais obcecada.
Cada vez que Kiara beijava Tara, seus olhos ainda estavam em mim. Como se eu fosse a verdadeira razão por trás daquele ato. Aquilo era mais do que flertar. Era como se ela estivesse me desafiando, testando até onde eu aguentava antes de explodir. Eu sabia que Tara merecia mais, merecia alguém que não fosse uma psicopata obcecada. Mas naquele momento, tudo o que eu queria era Kiara.
Eu, Amber Freeman, sempre fui maluca. Sempre fui disposta a fazer o que fosse necessário para proteger aqueles que amo. Mas com Kiara, a coisa era diferente. Ela não precisava de proteção. Ela precisava de alguém à altura dela. E, de certa forma, era como se ela estivesse me escolhendo.
A verdade? Talvez eu estivesse ficando mais louca do que já era. Porque cada vez que ela me olhava, cada vez que lançava uma frase ambígua que poderia ser lida de mil maneiras, eu me sentia mais puxada para o abismo.
E, no fundo, eu queria cair.
Eu sabia que era perigoso. Sabia que isso poderia destruir tudo. Mas, caramba... Kiara era fogo. E eu estava completamente disposta a me queimar.
≪♡≫
A festa de aniversário de Tara estava animada, cheia de amigos e barulho, mas eu mal conseguia me concentrar. Tudo que eu via era Kiara, cada olhar, cada sorriso discreto, me atingindo como uma faca. Eu precisava de um tempo para respirar, então fui até o banheiro, fechando a porta atrás de mim.
