𝐀𝐉 𝐂𝐚𝐦𝐩𝐨𝐬

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Eu nunca fui de me envolver em dramas

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Eu nunca fui de me envolver em dramas. Sempre fui aquela garota que prefere deixar as coisas acontecerem em silêncio, sem muita confusão. Minha vida é simples: correr, treinar, correr de novo. O estúdio de arte é meu refúgio. Não que eu seja uma artista ou algo do tipo, mas gosto do silêncio. A paz que vem de estar sozinha, cercada de tintas, pincéis e cadernos de esboços me acalma.

Era para ser mais um dia comum. Eu estava lá, arrumando os materiais depois da aula, como sempre faço, quando a vi pela primeira vez. Ela estava sentada ao fundo, o cabelo escuro caindo no rosto enquanto desenhava com concentração intensa. Nunca tinha visto aquela garota antes. Era nova, claramente. Mãos ágeis, traçando linhas perfeitas no papel. Ela desenhava como se o mundo ao redor não existisse, como se só houvesse ela e o desenho.

"Você deve ser Camille, certo?" perguntei, sem muita expectativa de resposta. Não sou boa com conversas, mas achei que seria educado tentar. Ela levantou os olhos, frios e avaliadores, e deu de ombros. Uma resposta seca, do tipo que corta qualquer tentativa de socialização. Tá, entendi. Não quer papo.

Nos dias seguintes, ela aparecia no mesmo horário. Sempre sozinha, sempre desenhando. Eu não conseguia evitar olhar de vez em quando, não pelos desenhos em si, embora fossem incríveis, mas por ela. Havia algo nela que me intrigava. Algo... misterioso. Eu sei, isso parece clichê, mas não estou tentando romancear a coisa. Ela só... era diferente.

Uma tarde, depois do treino, entrei no estúdio e lá estava ela de novo, com os fones de ouvido e a mesma expressão fechada de sempre. Só que dessa vez, algo estava errado. Ela estava com a mão pressionada contra a testa, os olhos fechados, como se o peso do mundo estivesse ali. Achei que fosse uma dor de cabeça ou algo assim, mas quando me aproximei, percebi que estava chorando. Só que não era um choro desesperado, daqueles que você ouve a quilômetros de distância. Era silencioso. Silencioso e triste pra caramba.

"Camille, tá tudo bem?" A pergunta saiu meio hesitante, porque, sinceramente, eu não sabia o que fazer. Eu não sou a melhor pessoa para lidar com as emoções dos outros. Normalmente, as pessoas nem se aproximam o suficiente para isso.

Ela olhou para mim, os olhos vermelhos, mas logo limpou o rosto com pressa, como se tivesse sido pega em flagrante. "Tá, tô bem" disse, mas a voz dela entregava tudo. Não estava bem coisa nenhuma. Ela se levantou para sair, mas antes que pudesse fugir, falei.

"Não parece." Eu não era de insistir com ninguém, mas alguma coisa me dizia que se eu a deixasse ir agora, ela nunca iria confiar em mim.

Ela parou. Ficou lá, de costas para mim, por alguns segundos, antes de finalmente se virar devagar. "Por que você se importa?" A voz dela era um sussurro, meio amarga, meio cansada.

Eu poderia ter respondido com uma daquelas frases clichês, tipo "todo mundo merece alguém que se importe". Mas eu não sou assim. Então, só dei de ombros. "Não sei. Só acho que você parece carregar um peso grande demais sozinha."

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