𝐀𝐦𝐛𝐞𝐫 𝐅𝐫𝐞𝐞𝐦𝐚𝐧

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Eu não estava morta

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Eu não estava morta. Não tinha levado a minha última facada como pensavam. Em vez disso, acabei algemada a uma maca, sendo levada para um hospital psiquiátrico, condenada a uma cela de vidro e olhares julgadores.

O engraçado é que todos acham que o terror acaba quando a máscara cai. Eles pensam que uma vez exposta, você deixa de ser perigosa. Mal sabem eles que o verdadeiro terror é ficar trancada com seus próprios demônios, e os meus eram sempre mais barulhentos à noite.

No começo, eu não prestava muita atenção nas outras pessoas. Não importava. Para mim, tudo que existia era o plano que deu errado, a traição, e como eu poderia ter sido mais esperta. A raiva me mantinha acordada, como um veneno correndo nas veias.

Até que ela apareceu. Fiquei intrigada com a garota nova, a maneira como ela andava pelos corredores como se também não tivesse nada a perder. Ela tinha olhos que escondiam algo sombrio, algo que me parecia... familiar. Não que eu fosse do tipo que se apega, claro, mas com ela... algo me puxava.

O nome dela era Lia. Ela era diferente das outras pessoas ali, forte, quebrada, mas sem se vitimizar. Lia não olhava para mim com medo. Quando me encarou pela primeira vez, eu vi que ela sabia o que era a escuridão. Ela não fugiu, nem tentou me entender. Ela simplesmente existia no mesmo vazio que eu.

"Não acha que está olhando demais?" Ela perguntou um dia, com um sorriso afiado, enquanto brincava com uma mecha de cabelo escuro. Eu sorri de volta, desinteressada. “Talvez você só esteja no meu caminho.”

A verdade? Ela estava. Lia começou a aparecer em tudo, na cantina, no pátio, nos meus pensamentos à noite. Quanto mais tempo passava, mais difícil era ignorar a sensação de que estávamos ligadas, de que ela poderia ver a verdadeira eu por trás da máscara.

"Você não é a única a ter sangue nas mãos, Amber", ela me disse certa vez, com um sorriso que eu reconheci. Eu não precisei perguntar o que ela queria dizer. Eu sabia. Estávamos presas ali, não porque éramos vítimas, mas porque fazíamos as regras do jogo.

Com o tempo, nós duas nos aproximamos. Primeiro foi a troca de olhares, depois conversas nos corredores, segredos murmurados nas horas mortas da madrugada. Aquele hospital começou a se transformar em algo diferente, menos como uma prisão e mais como um campo de caça. Estávamos juntas nesse jogo, e eu adorava cada segundo.

Mas então veio o inevitável. Uma noite, estávamos sozinhas na ala comum, nossas respirações ecoando baixinho no silêncio. Eu sentia a tensão no ar, como se algo estivesse prestes a explodir. Lia olhou para mim, seus olhos escuros me segurando no lugar, e antes que eu pudesse pensar duas vezes, nossos lábios se encontraram.

Foi eletrizante, como uma faca atravessando a pele, cortante e viciante. Eu sabia que era perigoso, sabia que isso só ia nos afundar ainda mais. Mas, pela primeira vez em muito tempo, eu não me importava. Lia era o tipo de caos que eu entendia, o tipo de loucura que combinava com a minha.

Agora, as coisas mudaram. Não somos apenas duas garotas presas em um hospital psiquiátrico. Somos uma força. Um furacão esperando para escapar. E quando sairmos daqui, porque sairemos, o mundo vai ver o que duas mentes perturbadas podem fazer quando encontram algo real.

Eles ainda não viram nada.

 




O barulho da porta do quartinho de limpeza se fechando atrás de mim foi abafado pelo silêncio tenso do hospital. O coração batendo forte, eu segurei o rosto dela com força e a beijei de novo, mais profundo, mais urgente. Lia correspondeu imediatamente, suas mãos deslizando pela minha cintura, me puxando para mais perto.

Eu deveria estar preocupada em ser pega, deveria ter o plano perfeito para não levantar suspeitas. Mas naquele momento, eu não ligava. Estávamos no meio de uma ala psiquiátrica, cercadas por câmeras, enfermeiros entediados e seguranças que achavam que controlavam o lugar. Se eles soubessem... Se soubessem o que realmente estava acontecendo aqui, jamais nos deixariam soltas.

A sensação dos lábios dela era diferente de tudo que eu já tinha experimentado. Não era suave, nem delicado. Era uma tempestade quente, faminta, cheia de uma raiva escondida que combinava perfeitamente com a minha. Era isso que me atraía em Lia: ela não era uma vítima. Ela era tão perigosa quanto eu, talvez até mais.

“Você tem certeza que ninguém nos viu entrando?” sussurrei contra os lábios dela, mas minhas mãos já estavam enroscadas no cabelo escuro dela, puxando ligeiramente. Lia riu baixo, aquele som rouco que eu começava a achar viciante.

“Se vissem, eles saberiam? Achariam o quê?” Ela perguntou, provocante, enquanto mordia meu lábio inferior, sua respiração pesada misturando-se com a minha. “Acho que estou pouco me lixando para o que pensam, Amber.”

Eu sabia que ela estava certa. Parte da adrenalina era exatamente essa: o risco, a incerteza, o jogo de gato e rato. Era como se tudo ao nosso redor fosse uma fachada, e só nós duas estivéssemos vivas de verdade. Cada segundo naquele quartinho apertado me fazia esquecer que, fora dali, éramos as "problemáticas", as "monstruosas". Aqui dentro, éramos só Lia e Amber.

Minhas costas bateram contra uma prateleira, fazendo alguns produtos de limpeza balançarem. Eu nem liguei. Eu puxei Lia mais para perto, as respirações cada vez mais entrecortadas, os toques mais ousados, como se estivéssemos competindo para ver quem podia dominar a outra primeiro. Havia algo no jeito que ela me olhava, tão cheia de desejo e desafio, que me fazia querer ainda mais.

“Você acha que eles podem nos parar?” sussurrei contra o pescoço dela, sentindo o calor da pele dela sob meus lábios. Lia riu novamente, um som que fez meu estômago revirar de excitação.

“Eles nem sabem o que começou.” Ela respondeu, me empurrando contra a parede com mais força dessa vez, sua mão deslizando pela minha coxa enquanto me olhava nos olhos. “Mas eles vão saber.”

Eu adorava essa confiança nela. A maneira como ela falava, como se o mundo inteiro fosse uma peça em nosso tabuleiro, pronto para ser manipulado. Lia e eu, nós não éramos como as outras pessoas ali. Não éramos presas, não estávamos sendo reabilitadas. Estávamos esperando. Nos fortalecendo. E esse desejo entre nós era apenas mais uma arma.

Os beijos se tornaram mais apressados, quase desesperados, como se o tempo estivesse se esgotando. Talvez estivesse. Mas, por ora, eu só queria sentir essa conexão algo cru, visceral, real, em um mundo onde todos fingiam ser algo que não eram.

Eu sabia que isso não podia durar. Nós não éramos o tipo de pessoas que construíam futuros felizes. Mas enquanto nossas respirações se misturavam naquele quartinho abafado, entre estantes de desinfetantes, não importava. O que importava era o agora.

E quando saíssemos dali, porque, de um jeito ou de outro, nós iríamos sair, íamos fazer o mundo sangrar juntas.

E quando saíssemos dali, porque, de um jeito ou de outro, nós iríamos sair, íamos fazer o mundo sangrar juntas

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