Capítulo 10

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Jung Hoseok

Eu saí da casa dos meninos sentindo o vento frio da noite me acertar em cheio. Parecia que a brisa queria me acordar, me tirar daquele redemoinho de pensamentos que estava rondando minha cabeça. Dei um sorriso leve, tentando disfarçar o peso que carregava. Tudo tinha sido tão divertido lá dentro, risadas, piadas, aquele calor de sempre... Mas, por algum motivo, eu não conseguia acompanhar o ritmo.

"Eu sou o sol, a luz, a alegria em pessoa", me repeti mentalmente enquanto caminhava até o carro, como se isso fosse suficiente pra me convencer. Só que, por dentro, eu sentia como se algo estivesse quebrado, como se faltasse uma peça no quebra-cabeça que eu sempre soube montar tão bem.

Entrei no carro e liguei o motor. O ronco familiar do motor preencheu o silêncio da noite, mas não conseguiu abafar os pensamentos que ecoavam na minha mente. Eu deveria estar feliz. Todo mundo parecia tão bem, tão completo. Os meninos estavam felizes, todos com seus parceiros ao lado, vivendo as vidas que sonharam. E eu? Eu ainda estava aqui, tentando encontrar algum sentido no meio de tudo isso.

Enquanto dirigia pelas ruas vazias, meus olhos foram atraídos por uma placa de uma convivência que estava prestes a fechar. Sem nem pensar duas vezes, virei o volante e estacionei. Eu não precisava de muita coisa, só queria... alguma coisa. Algo que me fizesse sentir melhor, nem que fosse por um instante.

Entrei na loja e peguei uma garrafa de soju e um pacote de lamem. Meu olhar vagou pelas prateleiras, mas nada mais parecia importar. O soju e o lamem já eram companhia suficiente para uma noite como essa. Paguei rapidamente e voltei para o carro, sentindo o peso do silêncio cair sobre mim novamente.

Chegando em casa, o eco dos meus passos no chão vazio parecia me esmagar. Era sempre assim. Eu saía com os meninos, ria, me divertia... mas, no fim, voltava pra cá. Pra essa solidão que eu tinha construído sem perceber. Tirei os sapatos e me arrastei até a cozinha. Preparei o lamem sem muita pressa, quase como se estivesse em piloto automático. Abri a garrafa de soju e me sentei na mesa.

Cada garfada parecia mais pesada que a anterior. Não era só a comida que estava difícil de engolir, era esse nó no meu peito. Esse vazio que eu não sabia de onde vinha. Eu olhava pra mesa, para o soju, pro lamem... e, de repente, não conseguia mais continuar. A tristeza que eu vinha ignorando durante a noite inteira finalmente me alcançou.

Meus olhos começaram a arder, e antes que eu pudesse me controlar, as lágrimas começaram a cair. Silenciosas, uma atrás da outra. Era como se eu estivesse quebrando por dentro, pedaço por pedaço. Eu tentei continuar comendo, tentei segurar, mas... simplesmente não consegui. Larguei os hashis na mesa e passei as mãos pelo rosto, tentando afastar as lágrimas, mas elas só aumentavam.

Me levantei da mesa, deixando a comida pela metade, e fui pro quarto. Cada passo parecia me levar mais fundo naquele buraco de tristeza. Deitei na cama sem nem tirar as roupas direito, e foi como se o peso do mundo tivesse caído sobre mim de uma vez. Eu queria entender por que estava me sentindo assim, mas não conseguia. Não era só cansaço... era algo mais. Algo que eu não sabia explicar.

A respiração começou a ficar mais leve, quase como se o ar estivesse se recusando a entrar nos meus pulmões. Fechei os olhos, tentando me concentrar, fazer os exercícios de respiração que eu sabia que me ajudavam. Mas, dessa vez, não estava funcionando. Eu só queria chorar, deixar tudo sair, como se as lágrimas pudessem levar embora toda essa dor.

E assim eu fiz. Chorei até adormecer, sem saber exatamente por que, sem entender o que estava acontecendo comigo. Mas, naquele momento, não importava. Eu só precisava de um descanso, de um alívio. E, por mais que o sono tenha vindo, ele não trouxe respostas. Apenas um pouco de paz.

A Luz na Escuridão (J-HOPE)Onde histórias criam vida. Descubra agora