Capítulo 26

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A manhã na empresa começou como qualquer outra, com a equipe se movendo de um lado para o outro, finalizando os detalhes das gravações.

Jin-Ah estava no camarim, preparando-se para mais um dia de trabalho, mas sua mente estava em outro lugar — ou, melhor, em uma pessoa. Desde a saída abrupta de J-Hope no dia anterior, ela não conseguia parar de pensar nele, nas palavras não ditas, na tensão que pairava entre eles.

Quando J-Hope chegou, ele cumprimentou todos com educação, mas de forma distante. Não havia os sorrisos calorosos de costume, nem a energia vibrante que sempre acompanhava sua presença. Ele estava mais quieto, reservado. Cada interação era curta e profissional, e, embora Jin-Ah estivesse no mesmo camarim que ele, ele parecia evitar qualquer oportunidade de ficarem a sós. A presença de outras pessoas só tornava tudo mais complicado, criando uma barreira invisível entre eles.

Ela queria desesperadamente falar com ele, explicar, mas as circunstâncias não permitiam. Toda vez que ela tentava se aproximar, outra pessoa entrava no camarim, pedindo algo ou ajustando detalhes para a gravação. Ele, por outro lado, não fazia questão de facilitar. A distância emocional entre eles era palpável, como uma parede que ele havia erguido.

As gravações seguiram sem grandes problemas, mas para Jin-Ah, parecia que o dia nunca ia acabar. Cada vez que olhava para J-Hope, sentia o desconforto aumentar. E ele? Ele não dava qualquer sinal de que estava disposto a quebrar o gelo.

Quando as gravações finalmente terminaram, J-Hope foi o primeiro a sair do estúdio. Ele já estava quase alcançando a porta quando Jin-Ah, impulsionada por um sentimento que ela mal conseguia controlar, chamou por ele.

— Hobe! — A voz dela ecoou pelo corredor, fazendo com que ele parasse, ainda que relutante.

Ele se virou devagar, seus olhos sem a mesma intensidade de sempre. Não havia raiva neles, mas também não havia acolhimento. Ele a olhava, esperando que ela dissesse algo, mas sem muito interesse.

— A gente precisa conversar — Jin-Ah disse, sentindo o coração acelerar. Ela sabia que esse era um momento decisivo.

J-Hope suspirou, balançando a cabeça com uma leve amargura.

— Eu acho que não tem muito o que falar — ele disse, a voz baixa e controlada. — Não é recíproco ao que eu sinto, então não adianta tentar forçar isso.

Ele se virou para sair novamente, mas antes que pudesse dar mais um passo, Jin-Ah o puxou pelo braço, com uma urgência que ela nem sabia que tinha.

— Espera... — ela disse, a voz trêmula, mas determinada. — Eu... eu não sei como lidar com isso.

J-Hope parou e virou-se para ela, o olhar ainda distante, mas com um pequeno lampejo de curiosidade, como se esperasse uma explicação.

— Minha vida mudou completamente nos últimos meses — ela continuou, a voz embargada pela emoção. — Há quatro meses, você era só um ídolo distante pra mim. Nem dinheiro pra ir no seu show eu tinha. Minhas amigas pagaram aquele dia. E de repente... eu te encontro num café. Depois, começo a trabalhar pra você. Depois... você me coloca pra morar no seu prédio!— falava sem parar, e mal conseguia respirar... e viu que a última frase fez com que Hoseok ficasse um pouco assustado com a descoberta dela.

Ela respirou fundo, tentando manter o controle, mas as palavras saíam com uma intensidade que ela não conseguia mais segurar.

— É! Eu sei que é seu prédio... — ela disse, sem hesitar. — Não foi difícil descobrir. E eu também sei que o carro que estou usando não é da empresa. Além disso você fica me provocando em público, pode não ser de propósito, mas o seu olhar, seu toque, a forma como você chama meu nome, e quando passa por mim, e faz questão de encostar em mim... me deixa... excitada, assim, em qualquer lugar. E aí... — Ela parou, a voz ficando mais suave e triste. — Ontem... Eu estou confusa, Hobe... muito confusa.

A Luz na Escuridão (J-HOPE)Onde histórias criam vida. Descubra agora