A Luz na Escuridão (J-HOPE)

Capítulo 31

Ao amanhecer tudo parecia estar calmo, mas Hoseok estava inquieto. Ele não conseguia parar de olhar para Jin-Ah, que arrumava algumas coisas no quarto enquanto explicava, com um tom casual demais, que precisaria passar uns dias no apartamento dela para estudar para a prova do mestrado.

— Eu vou pra casa hoje, Hobi — disse Jin-Ah, com um sorriso leve, porém tenso. — Tenho que focar nos estudos e... acho que vai ser bom ter um tempo para mim.

Hoseok sentiu um aperto no peito. Ele sabia que Jin-Ah estava falando sobre o mestrado, mas sentia que havia algo mais. Talvez ela estivesse se afastando, talvez o que aconteceu no show estivesse pesando mais do que ela demonstrava. A ideia de perdê-la ou, pior, de ter assustado ela, o deixava inquieto.

— Você... tem certeza? — ele perguntou, tentando esconder a ansiedade na voz. — Eu posso te ajudar com os estudos, ficar mais quieto aqui...

Jin-Ah sorriu, mas o sorriso não chegou aos olhos.

— Não é isso, Hobi... É só que... eu realmente preciso de um tempo para organizar as coisas na minha cabeça também. Não temos shows essa semana, então podemos aproveitar esse tempo para... pensar.

Ela não disse explicitamente, mas ele sabia. "Pensar". A palavra ressoava em sua mente como um eco incômodo. Pensar sobre eles, sobre a relação que, embora forte, estava sendo lentamente desgastada pelas pressões externas. Ele sabia que ela tinha medo do público descobrir sobre eles. As especulações estavam aumentando, e isso afetava Jin-Ah, mesmo que ela tentasse disfarçar.

Flashbacks daquela noite no show vieram à tona, e Hoseok não conseguiu evitar que sua mente voltasse ao momento em que tudo pareceu desmoronar.

Ele saiu do palco sentindo o corpo falhar. As luzes, o barulho, a pressão... tudo parecia se acumular em cima dele. Seu coração disparava, e o suor escorria pela testa enquanto ele tentava respirar, mas o ar parecia não entrar. Hoseok sabia que algo estava errado, mas precisava manter a postura, precisava continuar. Ele não podia deixar que ninguém visse o estado em que estava.

Porém, antes que pudesse se recompor, ela apareceu.

Jin-Ah foi a primeira a encontrá-lo. Ele queria afastá-la, não queria que ela o visse naquele estado, tão vulnerável. Como ele poderia protegê-la, se nem ao menos conseguia proteger a si mesmo? Sua cabeça estava um completo caos. O barulho ensurdecedor de seus próprios pensamentos o impedia de processar qualquer coisa. A pressão acumulada o sufocava, e, por mais que ele tentasse se levantar, o corpo não obedecia.

Mas Jin-Ah se aproximou calmamente, sem hesitação. Sem dizer nada, ela colocou uma mão suave em seu ombro, e ele sentiu o peso de sua presença, um peso que o acalmava. Mesmo assim, a vergonha o consumia. Ele não queria parecer fraco, não queria que ela visse como ele estava quebrado por dentro.

Ela não disse nada. Apenas ficou ali, cuidando dele de forma discreta, como sempre fazia. Quando ele finalmente se acalmou, apenas conseguiu murmurar um "obrigado", sem nem olhar para ela. A vergonha era esmagadora. Ele, que sempre foi o pilar de força, agora se sentia como se estivesse desmoronando.

No camarim, Jin-Ah começou a tirar sua maquiagem. Ele mal conseguia olhá-la nos olhos, mas sentia o peso do olhar dela sobre ele. Ela queria perguntar o que estava acontecendo, ele sabia disso. Mas ela não perguntou, e ele agradecia silenciosamente por isso. Porque, naquele momento, ele também não saberia responder.

Quando chegaram em casa, o silêncio entre eles era confortável e sufocante ao mesmo tempo. Eles não falaram muito, mas suas mãos se tocaram brevemente antes de dormir, transmitindo tudo o que as palavras não seriam capazes de expressar.

.........

Hoseok voltou ao presente, a angústia crescendo conforme via Jin-Ah pegando suas coisas. Ele estava com medo. Medo de que aquele silêncio entre eles, aquele espaço que estavam criando, pudesse se transformar em um abismo intransponível.

— E quando... quando você volta? — perguntou ele, a voz saindo mais baixa do que pretendia.

Jin-Ah o olhou, hesitante.

— Não sei exatamente, mas acho que vou ficar lá essa semana. Quero me concentrar e, com o silêncio... vai ser melhor.

O silêncio. Hoseok sabia que ela estava falando mais do que os estudos. Havia algo no ar entre eles, algo que ela não estava pronta para discutir, e ele, definitivamente, não sabia como começar essa conversa. Talvez fosse sobre o que ela viu no show, o medo crescente que ela sentia em relação à exposição pública. Ou talvez fosse sobre ele, sobre a forma como estava lidando — ou melhor, não lidando — com a pressão de sua carreira.

Ele passou as mãos pelo cabelo, sentindo a ansiedade tomando conta. O que ela viu no show o preocupava mais do que ele queria admitir. E se aquilo tivesse assustado Jin-Ah? E se ela estivesse pensando em se afastar porque ele não era forte o suficiente para suportar as próprias lutas, quem dirá as dela?

— Você... tá mesmo bem com tudo isso? — Hoseok perguntou, finalmente encontrando coragem para soltar as palavras. — Com... nós dois. Com as especulações, o público...

Jin-Ah suspirou. Ela sabia que ele estava preocupado, sabia que ele carregava mais peso do que deixava transparecer.

— Não vou mentir, Hobi. Eu... me importo, sim. Sei que disse que não, mas... isso tudo me assusta. Não é fácil saber que podem descobrir sobre nós a qualquer momento. E eu não sei se estou preparada para lidar com o que viria depois.

Ela fez uma pausa, as palavras pesando no ar.

— Mas eu também sei que... o que temos é real. E é por isso que estou aqui. Eu só... preciso de um tempo para processar tudo isso, pra me organizar. Eu prometo que não estou me afastando, só... tentando lidar com isso de uma forma que não me sobrecarregue. — Ela sorriu, tentando aliviar o clima. — E estudar também, claro. Tenho uma prova importante vindo aí.

Hoseok tentou sorrir de volta, mas a ansiedade ainda o sufocava. Ele sabia que ela estava sendo sincera, mas algo em seu peito dizia que a distância poderia piorar as coisas. Ele não queria pressioná-la, mas não conseguia afastar o medo de que isso fosse mais um passo em direção a uma possível ruptura.

— Tudo bem... — ele murmurou, se aproximando e segurando sua mão. — Só... não quero que você pense que está sozinha nisso. Eu tô aqui, tá? Mesmo que eu não saiba como lidar com tudo, eu tô aqui.

Jin-Ah assentiu, seus olhos suavizando ao olhar para ele.

— Eu sei, Hobi. Eu sei.

Eles se abraçaram, mas a tensão não desapareceu. Quando Jin-Ah saiu, levando suas coisas, Hoseok ficou sozinho no apartamento. O silêncio agora era palpável.