A Luz na Escuridão (J-HOPE)

Capítulo 8

O estúdio estava quieto, exceto pelo som abafado dos tênis de Hoseok batendo contra o chão de madeira enquanto ele repetia, pela centésima vez, o último movimento da coreografia. Seu corpo gritava por descanso, e os pés ardiam com o atrito constante, mas sua mente estava longe de ceder. Ele precisava da perfeição, da execução impecável para o próximo show. O tempo estava passando, e ele sentia o peso da expectativa crescer sobre seus ombros.

Finalmente, quando o último passo saiu com a precisão que ele esperava, Hoseok parou, respirando fundo. Seu corpo estava encharcado de suor, e ele mal percebia as horas que se arrastaram enquanto ele se afundava naquele ciclo interminável de repetição. A coreografia estava pronta, mas o cansaço o invadia como uma onda. Ele caminhou lentamente até o vestiário, tirou as roupas suadas e deixou a água quente do chuveiro relaxar seus músculos tensos. A água escorria sobre sua pele, mas sua mente continuava a rodar, agora voltando para a última vez que viu Jin-Ah.

Ela tinha aparecido de forma inesperada, maquiando os artistas para o videoclipe. Ele não esperava vê-la ali, e muito menos que aquele reencontro silencioso o afetasse tanto. Hoseok se lembrava claramente dos olhos dela, fixos nos dele por breves momentos enquanto suas mãos habilidosas aplicavam a maquiagem com precisão. O toque dela em seu rosto o havia desconcertado, algo difícil de explicar. Ele já havia sido maquiado por inúmeros profissionais, mas com Jin-Ah, havia algo diferente. Talvez fosse a tensão não resolvida entre os dois, ou o fato de que ela parecia sempre um pouco distante, hesitante. Isso o intrigava.

Saindo do banho, ele se vestiu com roupas leves e foi até a sala. Lá, serviu uma taça de vinho, esperando que a bebida o ajudasse a relaxar. Sentou-se no sofá, olhando o vazio da sala ao seu redor. Tentava focar nos próximos shows, na responsabilidade de estar sozinho no palco, de levar o público à mesma euforia que ele sentia em grupo. Mas a solidão era inescapável. Naqueles momentos de pausa, ele não conseguia evitar lembrar-se de como era diferente quando estava com os meninos.

O ensaio sempre era mais leve, apesar das dificuldades. Eram sete, e mesmo quando um deles errava o movimento, havia risadas, brincadeiras. Ele se lembrava de Taehyung e Jungkook se provocando constantemente, de Jimin dançando sem parar mesmo quando os outros já estavam exaustos, de Namjoon, que sempre levava mais tempo para pegar a coreografia, mas compensava com esforço. Jin estava sempre fazendo algum comentário engraçado ou cozinhando algo para eles depois de ensaios longos. E Yoongi... Yoongi sempre focado, mas com aquele olhar que dizia "tá tudo bem, a gente vai conseguir". Hoseok sentia falta dessa cumplicidade, da sensação de que, por mais cansativo que fosse, eles estavam juntos.

Agora, ele estava sozinho. O silêncio parecia maior, mais pesado. Ele se pegava pensando em Jin-Ah novamente. Por que aquela garota continuava ocupando seus pensamentos? O toque dela em seu rosto, a troca de olhares no estúdio... Ele tentava entender por que se importava tanto, especialmente quando ela parecia sempre um pouco distante, como se estivesse criando uma barreira. Talvez fosse isso que o intrigava, essa resistência dela em se aproximar. Ele não sabia se era o medo de ser vista como uma fã tentando algo mais ou se ela simplesmente não estava interessada. Mesmo assim, ele sentia uma curiosidade crescente.

Pegou o celular, por um momento pensando em dar uma olhada no Instagram dela novamente. Ele ainda se lembrava da última foto que viu — Jin-Ah em frente ao restaurante de frango frito do pai. Algo na simplicidade daquela imagem o fez sorrir, mas ele fechou o aplicativo antes de tomar qualquer decisão impulsiva. Não queria invadir sua privacidade, não ainda.

A tensão, no entanto, não o deixava. O peso dos shows próximos começou a ressurgir. A pressão de estar sozinho no palco, de agradar a uma multidão que esperava dele o mesmo nível de performance impecável. Ele sabia que a perfeição que buscava era impossível, mas ainda assim, não conseguia parar. Ele não podia decepcionar os fãs, mas também não podia decepcionar a si mesmo. O tempo estava se esgotando, e ele se perguntava se daria conta de tudo.

De repente, sentiu um tremor em suas mãos. Olhou para elas, confuso. As palmas estavam suadas, e seu peito parecia apertado. Uma sensação de pânico começou a se formar. A respiração se tornou pesada, irregular. Ele não conseguia entender o que estava acontecendo. Era uma sensação que nunca havia experimentado antes, como se algo estivesse errado, mas ele não sabia o que era. Um medo sutil, quase imperceptível, começou a invadi-lo, e uma tristeza profunda o envolveu, sem razão aparente.

Por alguns minutos, ele ficou ali, perdido nesse desconforto. Tentou focar em sua respiração, contando lentamente enquanto inspirava e expirava. Aos poucos, o tremor diminuiu, e o suor frio em sua testa começou a secar. Mas a sensação o deixava atordoado. O que tinha sido aquilo? Exaustão? Ansiedade? Ou algo mais?

Ele se levantou, tentando afastar os pensamentos negativos. Colocou a taça de vinho na mesa e decidiu que o melhor a fazer era dormir. Amanhã seria um dia longo, e ele precisaria estar preparado. Mas enquanto caminhava em direção ao quarto, a imagem de Jin-Ah e a saudade dos meninos ainda persistiam em sua mente, como ecos de algo que ele não sabia como resolver.