Capítulo 33

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A semana passou rapidamente. Jin-Ah estava focada em seus estudos para a prova do mestrado, aproveitando a folga, já que J-Hope não tinha shows e, portanto, não precisava de seus serviços como maquiadora. Mesmo com a rotina tranquila, o relacionamento entre eles parecia estar um pouco mais distante. As mensagens diárias ainda aconteciam, mas o tom estava mais formal, quase como uma verificação mútua de como estavam.

Jin-Ah: Como você está? Produzindo algo novo hoje?
Hobi: Tentando, mas está complicado. E você? Estudando muito?
Jin-Ah: Sim, bastante. Essa prova está me matando antes de começar... já almoçou?
Hobi: Ainda não, mas vou comer logo. E você?
Jin-Ah: Comi agora. Preciso dar uma pausa nesses livros, minha cabeça vai explodir.

Mesmo com essas trocas, algo parecia não dito. Hoseok se sentia preso na própria ansiedade, lutando para manter o foco no trabalho, enquanto Jin-Ah se questionava sobre o futuro deles e sobre o que ele estaria realmente sentindo.

No meio da semana, Hoseok tomou coragem e mandou uma mensagem.

Hobi: Vamos sair no domingo? Que tal um jantar?

Ela demorou um pouco para responder, refletindo sobre o que isso significaria. Eles não haviam falado muito sobre o que aconteceu no último show e, na verdade, Jin-Ah também não sabia como abordar o assunto. Mas sentia falta dele, e talvez esse encontro ajudasse a aliviar a tensão.

Jin-Ah: Claro, eu adoraria.

O domingo chegou, e eles se encontraram em um restaurante discreto, longe dos olhares curiosos. Hoseok já estava lá quando Jin-Ah chegou, sentado em uma mesa próxima à janela, e sorriu ao vê-la.

— Está linda — ele disse quando ela se aproximou, e ela sorriu de volta.

— Obrigada. E você  elegante, como sempre.

Sentaram-se e começaram a conversar, a princípio sobre coisas cotidianas. Jin-Ah falava sobre os estudos para o mestrado e como estava aliviada por ter uma semana livre. Hoseok, por sua vez, contava sobre os projetos que ele estava tentando desenvolver, mas sem muita inspiração.

— Às vezes, parece que nada flui, sabe? — ele suspirou, mexendo na comida. — Eu fico horas no estúdio e não sai nada. Parece que estou travado.

— Você vai conseguir. É só uma fase — Jin-Ah tentou confortá-lo. — Todo mundo passa por isso.

— Eu sei, mas... — Hoseok hesitou, como se quisesse dizer algo mais, mas mudou de assunto. — E você? Está ansiosa pra prova?

— Muito — ela admitiu. — Parece que quanto mais estudo, menos sei.

Eles riram, e a conversa continuou leve, como se ambos quisessem evitar o elefante na sala: o que havia acontecido no último show e o distanciamento silencioso que os envolvia.

Enquanto comiam, Jin-Ah observava Hoseok com um olhar atento. Ele parecia mais relaxado do que nos últimos dias, mas ela sabia que ele ainda carregava algo pesado. Desde aquele show, quando ele passou mal, ela se perguntava o que realmente estava acontecendo com ele. Mas não tinha coragem de perguntar diretamente. Talvez fosse melhor deixá-lo lidar com aquilo à sua maneira.

Depois do jantar, eles caminharam um pouco pela rua calma, ainda conversando sobre coisas do cotidiano, tentando se reconectar. Hoseok segurou sua mão, e por um momento, Jin-Ah se permitiu apenas aproveitar aquele toque, sem pensar nos medos ou nas dúvidas que rondavam sua mente.

— Obrigado por vir hoje — ele disse suavemente, quando chegaram ao carro dela.

— Eu que agradeço. Foi bom passar um tempo com você fora de toda aquela loucura — ela respondeu, olhando para ele com um pequeno sorriso.

Mas, por dentro, a mesma pergunta permanecia: "E por que ele não me conta? "—O silêncio dele sobre o que realmente estava acontecendo ainda a incomodava. Talvez fosse medo de parecer frágil, ou talvez ele não quisesse que ela se preocupasse. Mas o que a preocupava mais era o que esse silêncio estava criando entre eles.

Enquanto se despediam com um abraço, Jin-Ah se perguntava se um dia eles teriam a coragem de falar sobre o que realmente importava. Mas antes que ela pudesse se afastar, Hoseok a segurou pela mão.

— Jin-Ah, fica comigo hoje — ele pediu suavemente, seus olhos carregando uma mistura de saudade e necessidade. — Eu sinto falta de você... de nós.

Ela olhou para ele por um segundo, surpresa. O convite pegou-a de surpresa, mas no fundo, ela também sentia a mesma saudade. Estava cansada de se manter distante, de tentar lidar com tudo sozinha, de tentar interpretar os silêncios dele. Talvez, essa noite juntos fosse o que precisavam.

— Eu também sinto sua falta — Jin-Ah sussurrou, seus olhos suavizando. — Eu fico.

Sem dizer mais nada, eles entraram no carro de Hoseok e dirigiram em silêncio até o apartamento dele. O ar entre eles estava carregado, mas não de palavras, e sim de uma tensão emocional que ambos tentavam evitar. Quando chegaram, Hoseok não esperou nem um momento. Assim que fecharam a porta, ele a puxou para si, segurando-a firme em seus braços, como se não quisesse deixá-la ir.

— Eu realmente senti sua falta — ele repetiu, a voz abafada contra o pescoço dela.

— Eu também, Hobi — Jin-Ah respondeu, sentindo as mãos dele apertarem sua cintura com força. Ela se inclinou para beijá-lo, seus lábios encontrando os dele com urgência, como se o tempo que haviam passado separados tivesse acumulado todos os sentimentos que não sabiam expressar em palavras.

O beijo começou suave, mas rapidamente ganhou intensidade. Havia algo de desesperado nos toques de Hoseok, como se ele estivesse buscando nela o conforto que o mundo lá fora não oferecia. Jin-Ah correspondia com a mesma intensidade, suas mãos deslizando pelos ombros dele, sentindo cada músculo tenso debaixo da camisa.

— Hobi... — ela sussurrou contra os lábios dele, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, ele a ergueu do chão, carregando-a até o quarto. Ela riu, surpresa com o gesto, mas se agarrou ao pescoço dele, o coração batendo acelerado.

Chegando ao quarto, Hoseok a deitou na cama com cuidado, e por um momento, ele apenas a observou. Seus olhos passavam por cada detalhe do rosto de Jin-Ah, como se ele quisesse gravar aquele momento, aquela sensação. Ele se inclinou sobre ela, seus corpos se encaixando perfeitamente, e voltou a beijá-la, dessa vez com mais calma, mas ainda com a mesma necessidade.

— Eu preciso de você — ele murmurou entre os beijos, a voz baixa e rouca.

— Eu estou aqui, Hobi — Jin-Ah respondeu, acariciando o rosto dele, seus dedos traçando a linha do maxilar. — Sempre estarei.

A noite continuou entre beijos e toques, como se ambos estivessem buscando no corpo um do outro a confirmação de que, apesar de todas as dúvidas e medos, ainda pertenciam um ao outro. O tempo que passaram separados pareceu se dissolver ali, naquela intimidade silenciosa.

Horas mais tarde, quando os dois estavam deitados lado a lado, ainda ofegantes e com os corações batendo rápido, Jin-Ah se virou para Hoseok, deitando a cabeça em seu peito.

— Eu queria que fosse sempre assim. — ela disse suavemente, traçando círculos no peito dele com os dedos.

— Vai ser. — ele respondeu, beijando o topo da cabeça dela. Mas no fundo, ambos sabiam que havia muito mais do que aquela noite entre eles. Havia silêncios não resolvidos, questões que precisavam ser abordadas. Mas, por enquanto, apenas o calor um do outro era o suficiente.

E naquela noite, em vez de se afundar em seus medos e ansiedades, Hoseok se permitiu encontrar paz nos braços de Jin-Ah, pelo menos por algumas horas.

A Luz na Escuridão (J-HOPE)Onde histórias criam vida. Descubra agora