Friedrich Boursheid é um alemão que se apaixonou pelo Brasil antes mesmo de colocar os pés no país para fazer intercâmbio, passaram-se 4 anos, a faculdade acabou e o seu visto de estudante também e ele não queria voltar para o seu país, foi aí que o...
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Valentim estava chateado, irritado e para completar, tinha sido praticamente expulso do seu apartamento.
A verdade era que o motivo da chateação e irritação dele foi por causa do apartamento, ele adorava aquele lugar e não queria ir embora nem tão cedo, no entanto, os proprietários iriam vender por um valor absurdo que ele não pretendia pagar, por aquele valor ele conseguiria um ap muito melhor e mais novo.
Depois de muito drama de Valentim dizendo que ia ter que morar na rua, de baixo da ponte e pela busca cansativa de um apartamento novo, Fred revirou os olhos e simplesmente perguntou:
- Por que você não vai morar comigo? Você já passa a maior do tempo lá mesmo.
E foi assim que na metade do mês de janeiro, Valentim tinha todas as suas coisas encaixotadas, tinha vendido e doado alguns móveis que não precisaria mais.
- Sabe o que eu acho? - Valentim pergunta aleatoriamente depois de alguns minutos de silêncio entre eles.
Ambos estavam arrumando o guarda-roupas para caber todas as roupas.
- O quê?
- Que você se veste igual o Stuart Little.
- Acabou de me chamar de rato?!
- Não! Vê bem, olha a quantidade de calça caqui, all star e suéter que você tem, é o Stuart Little. - Valentim justificou rindo.
Fred arqueou uma sobrancelha, tentando manter a seriedade, mas um sorriso teimoso ameaçava surgir no canto de sua boca.
- Então, quer dizer que eu te salvo de morar na rua e você me chama de rato de desenho animado? - provocou ele, dobrando uma camisa e jogando-a em cima da pilha organizada.
- Um rato estiloso, pelo menos - Valentim retrucou, piscando. - O ratatouille passa o filme todo sem roupa.
- E desde quando ratos usam roupa?
Fred finalmente soltou uma risada curta, e o som fez com que Valentim se sentisse mais leve, como se a tensão de todos os últimos dias de mudança começasse a dissolver.
- Só quero ver você falar isso na próxima vez que precisar roubar minhas meias porque esqueceu as suas de novo - Fred rebateu, com um olhar desafiador, mas cheio de afeto.
Valentim revirou os olhos teatralmente e puxou uma gaveta para reorganizar mais roupas.
- Ah, você reclama, mas gosta, vai. Nem tenta negar.
- Eu não gosto das minhas meias com seu chulé.
- Olha aqui, Friedrich, eu não tenho chulé! E lavo toda vez que uso.
Fred balançou a cabeça, rindo. Apesar do cansaço da mudança e do caos das caixas ainda espalhadas pelo apartamento, havia algo surpreendentemente confortável em compartilhar o espaço com Valentim. Talvez fosse o fato de ele já estar habituado à presença constante do outro ou a forma descontraída com que Valentim lidava com as coisas mesmo quando estava irritado ou fazendo piadas às custas dele.
