🇩🇪 | Dezenove

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Friedrich quase não percebeu, mas fazia quatro meses desde que ele e Valentim assinaram os papéis do casamento

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Friedrich quase não percebeu, mas fazia quatro meses desde que ele e Valentim assinaram os papéis do casamento.

Fazia quase um mês que ele e Valentim tinham ido ao cinema, passado o filme todo se beijando loucamente como adolescentes.

E tudo bem, sabe porquê? Ambos queriam tanto aquilo que chegava a doer.

Os encontros semanais viraram quase diários, e quando se viam pessoalmente, passavam horas a fio em chamava de voz, Valentim chegava em casa todos os dias ansioso para poder conversar com Fred, como se não tivesse passado o dia inteiro trocando mensagens com ele, mas estar confortável na sua casa, sentindo o cheirinho de lar e depois de um banho demorado, não tinha nada melhor do que cozinhar enquanto conversava com um gringo de sotaque fofo no outro lado da linha.

Eles acabaram criando uma rotina meio sem querer. Todo dia, assim que Fred acordava, ele mandava uma mensagem para Valentim, algo simples, como "Bom dia, dormiu bem?" E, sem falhar, Valentim respondia com uma foto segurando uma de suas mil canecas de café do dia, ou do que estivesse fazendo no momento, mas sempre junto ao seu cafézinho. Aquela troca matinal já se tornara um conforto.

No meio da tarde, enquanto Fred saía do trabalho ou estava saindo das aulas de alemão onde ele era professor, Valentim costumava enviar um áudio contando as fofocas do trabalho ou reclamando de alguma besteira. Fred adorava ouvir o jeito despreocupado de Valentim falar, fosse falando sobre assuntos mais sérios ou sobre alguma situação engraçada que acontecera no elevador.

Outras noites, eles faziam chamadas de vídeo. Valentim sempre se deparava com a mesma cena: Fred no sofá, com Doritos deitado ao lado, e Valentim, na cozinha, preparando o jantar. Eles falavam de tudo, desde filmes que queriam assistir até as aleatoriedades do dia a dia. Numa dessas conversas, Valentim disse rindo:

- Fechei uma publicidade para uma blogueira de moda hoje, as roupas dela são horríveis.

Fred riu do outro lado da linha, com aquele sorriso que fazia o coração de Valentim dar uma leve acelerada.

- Você deveria se inspirar nela. - Fred brincou, passando a mão pelo cabelo.

- Ela tem uma bolsa de pombo! Literalmente o formato de um pombo. - Valentim retrucou, mexendo na panela. - Pombos são nojentos.

- Você tem um ponto, vou pesquisar o perfil dela. - Fred respondeu, rindo.

Era assim, conversas simples, momentos que pareciam rotineiros, mas que traziam uma sensação de pertencimento e conexão. Quase sem perceber, ambos começaram a entender que, apesar de tudo ter começado de forma prática e planejada, a cada dia que passava, a relação se tornava algo mais profundo e cheio de pequenas intimidades.

Assim como o tempo passou, os trigêmeos também cresceram, e três dias antes tinham feito seu primeiro ano de vida. E é óbvio que teria festa, brasileiro não perde a oportunidade de encher a barriga em festa de criança, sair de lá com um pratinho e perguntando quando vai ser a próxima festa.

Gringo in Brazil | Romance gayOnde histórias criam vida. Descubra agora