Capítulo 19

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O sol começou a se erguer sobre a cidade, seus primeiros raios tocando suavemente a casa de campo. Dentro, Bárbara acordou antes de Franco, ainda sentindo o calor do corpo dele ao seu lado. Por um breve momento, ela permitiu-se apreciar a tranquilidade do momento, o som suave da respiração dele, a sensação de estar protegida nos braços de alguém que a desejava tanto quanto ela o desejava.

Mas a realidade não podia ser ignorada. Ela sabia que precisaria voltar para casa, para Alonso, antes que qualquer suspeita se levantasse. O silêncio da madrugada fora uma bolha de segurança, mas com a luz do dia vinha a necessidade de manter as aparências.

Bárbara se levantou silenciosamente, vestindo-se sem acordar Franco. Antes de sair, ela se aproximou dele, inclinando-se para beijá-lo suavemente na testa.

- Até breve. - sussurrou, mais para si mesma do que para ele.

Ela sabia que aquele adeus não era definitivo, mas também não podia ignorar o risco crescente de serem descobertos.

Ela voltou para casa como se nada tivesse acontecido, aproveitando o fato de que Alonso ainda dormia quando chegou. Bárbara se arrumou rapidamente, o coração ainda acelerado pela noite anterior, mas com a mente já planejando como manter as aparências intactas. Quando Alonso finalmente acordou, ela o recebeu com um sorriso, fingindo que tudo estava normal.

No entanto, o dia não seguiu como esperado. Alonso, sempre tão confiante e despreocupado, parecia distante, algo que Bárbara notou imediatamente. Ele estava mais silencioso do que o normal durante o café da manhã, os olhos dele a observando com uma intensidade incomum.

- Você está bem, Alonso? - perguntou Bárbara, mantendo a voz leve, mas sentindo um nó se formar em seu estômago.

Alonso assentiu, mas não respondeu de imediato. Ele parecia estar ponderando algo, medindo suas palavras.

-Sim, estou. Só estou preocupado com algumas questões da empresa, nada demais. - respondeu ele.

Bárbara sabia que havia algo mais por trás daquela resposta, mas decidiu não pressioná-lo. Ela tinha seus próprios segredos a guardar e, naquele momento, a prioridade era manter Alonso tranquilo e desviar qualquer suspeita.

- E a Penélope? Já chegou de viagem? - perguntou Bárbara.

- Ainda não, acredito que ela saia para vir, hoje. Não sei quando chega.- respondeu Alonso ainda inquieto.

Ao longo do dia, Bárbara se ocupou com as tarefas de sempre, mas não pôde deixar de sentir uma inquietação crescente. Algo parecia errado. Ela tentava afastar a paranoia, dizendo a si mesma que Alonso não poderia saber de nada. Eles haviam sido cuidadosos, mas o desconforto não a abandonava.

Enquanto isso, Franco também enfrentava suas próprias ansiedades. Depois que Bárbara saiu naquela manhã, ele ficou na casa de campo, ainda imerso nas lembranças da noite anterior. Mas ao retornar à empresa, ele começou a perceber sinais sutis de que algo estava diferente. Os funcionários o observavam com mais atenção do que o normal, e ele sentia que os sussurros aumentavam quando ele passava.

Durante a tarde, Pedro, amigo de Bárbara e de Alonso, o abordou com uma expressão séria.

- Franco, preciso falar com você sobre algo. - começou ele, sua voz grave. - Alonso me fez algumas perguntas estranhas esta manhã, sobre você e Bárbara.

O coração de Franco acelerou.

- O que ele disse?

Pedro hesitou antes de responder.

- Ele perguntou se eu notei alguma coisa entre vocês dois, algo... incomum. Disse que sente que algo mudou.

Franco sentiu o peso das palavras de Pedro. Alonso estava começando a suspeitar. Ele precisava agir rapidamente para garantir que suas suspeitas não se transformassem em certezas.

Mais tarde naquele dia, Bárbara e Franco se encontraram novamente, desta vez em um lugar discreto na cidade, em uma cafeteria distante, longe de olhares curiosos. O encontro foi tenso, com ambos cientes do perigo iminente.

- Alonso está desconfiado - disse Franco em um tom urgente, os olhos fixos nos dela.
- Pedro me avisou. Precisamos ser mais cuidadosos, talvez parar por um tempo.

Bárbara sentiu o coração apertar. A ideia de ficar longe de Franco era dolorosa, mas ela sabia que ele estava certo.

- Eu sei. - respondeu ela, tentando manter a voz firme. - Mas não podemos parar agora. Se fizermos isso, ele vai saber que estamos escondendo algo. Precisamos continuar como se nada tivesse mudado.

Eles trocaram um olhar cheio de significado, sabendo que estavam em uma encruzilhada. O que decidiram fazer a seguir poderia definir não apenas o destino deles, mas de todos ao redor.

- Vamos ser ainda mais cuidadosos. - disse Bárbara, finalmente. - Mas não vamos parar. Não podemos.

Com essa decisão tomada, eles sabiam que o risco era maior do que nunca. Cada passo teria que ser calculado, cada encontro, meticulosamente planejado. Eles estavam mais comprometidos do que nunca, mas a sombra da descoberta pairava sobre eles, tornando cada momento juntos uma mistura de prazer e perigo.

Enquanto o sol se punha naquele dia, Bárbara e Franco se despediram com um beijo furtivo e prometeram continuar, apesar dos riscos. No entanto, ambos sabiam que não poderiam continuar jogando esse jogo para sempre sem consequências. E as consequências, sabiam, poderiam ser devastadoras.

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