Capítulo 24

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Bárbara ficou parada ali naquele canto por mais alguns minutos, observando a festa através das grandes janelas de vidro. Viu Franco se juntar aos outros convidados com sua usual postura confiante, enquanto Penélope circulava pelo salão como se fosse o centro das atenções. O olhar dela seguia Franco a cada passo, e Bárbara não conseguia mais negar o ciúme crescente.

Ela sabia que Franco estava certo: por mais que tentasse negar, ele significava mais para ela do que estava disposta a admitir. Havia uma conexão entre eles que ia além do desejo, algo mais profundo e perigoso. Algo que ela não podia mais ignorar. Mas a pergunta que ele fez ainda ecoava: o que ela queria?

Por mais que odiasse admitir, Franco tinha jogado suas cartas de forma magistral. Ele havia conseguido fazer com que ela se sentisse vulnerável, exposta. Ele provocava, sim, mas não apenas para brincar com seus sentimentos. Ele queria que ela assumisse o que estava acontecendo entre eles.

Ela respirou fundo, tentando colocar seus pensamentos em ordem.

- Não, eu não vou cair nesse jogo. - pensou. - Eu controlo isso. Eu decido até onde vai.

Determinada, Bárbara voltou ao salão. A festa já estava em seu fim, os convidados começando a se dispersar. Alonso ainda estava distraído em uma conversa com alguns sócios da empresa, completamente alheio à tempestade interna de sua esposa. Bárbara observou Franco, agora de costas para ela, conversando com Penélope. O sorriso encantador no rosto dele parecia despretensioso, mas Bárbara sabia melhor. Cada palavra, cada olhar, era calculado. Franco estava jogando, mas o jogo era muito mais profundo do que Penélope poderia imaginar.

Ainda naquela noite…

Os últimos convidados finalmente se despediram, e a mansão voltou ao seu silêncio usual. Alonso, cansado, foi direto para o quarto, deixando Bárbara sozinha na sala de estar. Ela ficou em pé por alguns minutos, contemplando tudo o que havia acontecido naquela noite. Não podia mais ignorar o turbilhão de sentimentos que Franco despertava nela, e muito menos os ciúmes que ele provocava propositalmente com Penélope.

Enquanto refletia, uma batida suave na porta interrompeu seus pensamentos. Era Franco. Ele estava ali, casual, como se nada tivesse acontecido. Como se eles fossem velhos conhecidos que haviam simplesmente passado a noite conversando.

— Podemos conversar? — ele perguntou, sua voz calma, mas carregada de intenção.

Bárbara hesitou por um momento, mas assentiu, levando-o até um dos quartos de visita, onde poderiam falar em privado.

Assim que fecharam a porta, Franco se aproximou, o sorriso desafiador de sempre nos lábios. — Então, pensou no que eu disse?

— Você faz isso de propósito, não é? — Bárbara cruzou os braços, mantendo uma postura defensiva. — Brinca com meus sentimentos, com meus ciúmes... e por quê? Para me ver descontrolada? Para me testar?

Franco a observou por um momento, a intensidade de seus olhos quase desconcertante. — Não, Bárbara. Eu não estou brincando. Eu quero que você veja o que eu vejo quando você está com Alonso, isso me corroe por dentro. Quero que pare de fingir que somos só isso... um caso. Você sabe, eu sei, nós dois sabemos que somos muito mais do que isso.

Ela sentiu o chão se abrir sob seus pés. Não era fácil admitir, mas Franco havia a desarmado completamente. Pela primeira vez, ele estava sendo totalmente honesto. Ela desviou o olhar, sentindo seu coração acelerar.

— O que você espera que eu faça? — A voz dela saiu mais baixa do que pretendia. — Eu sou casada, Franco. Isso não pode ser mais do que... do que já é.

Franco deu um passo à frente, sua presença a cercando. Ele não precisava dizer nada; o que estava no ar entre eles era palpável.

— Você não precisa decidir nada agora — ele disse suavemente. — Mas eu vou continuar aqui. E você sabe disso. O que temos... não vai desaparecer só porque você quer que seja simples.

Bárbara sabia que ele estava certo. Por mais que quisesse manter o controle, Franco havia conseguido quebrar todas as suas barreiras. O desejo, a atração, o ciúme... eram sentimentos que ela não podia mais ignorar. Mas, acima de tudo, havia algo mais profundo. Algo que a deixava vulnerável.

— Eu não vou ser manipulada por você — disse ela, tentando recuperar sua postura firme.

Franco se aproximou ainda mais, seu rosto agora a poucos centímetros do dela. — Eu nunca te manipulei, Bárbara. Você é a única que ainda está se enganando.

Ela podia sentir o calor do corpo dele, a proximidade deles intoxicante. Ele estava jogando tudo na mesa, e ela sabia que precisava decidir. Mas, por ora, não sabia se estava pronta para isso.

— Eu preciso de tempo, Franco. — A voz dela saiu mais suave, quase um pedido.

Franco sorriu, mas dessa vez era um sorriso mais suave, sem o sarcasmo de antes. Ele levantou a mão, tocando levemente o rosto dela. — Eu espero o tempo que for, Bárbara. Mas saiba de uma coisa: eu não vou a lugar nenhum.

Ele se afastou, deixando-a sozinha mais uma vez. E, desta vez, Bárbara sabia que estava diante de uma encruzilhada. Franco havia colocado tudo às claras, e agora cabia a ela decidir até onde queria ir.

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