Capítulo 25

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Na manhã seguinte, Bárbara chegou à empresa mais cedo do que o habitual. O encontro com Franco ainda ecoava em sua mente, mas ela precisava manter o foco. O ambiente corporativo sempre fora o seu campo de batalha, o lugar onde podia manter o controle. Hoje não seria diferente.

Ela passou pela recepção com passos firmes, os olhos decididos. Lurdinha, sua secretária, a cumprimentou com um sorriso, mas algo em seu olhar indicava que havia mais.

— Bárbara, a Penélope está aqui. Disse que precisa falar com você — informou, tentando manter a neutralidade, mas o nome da sobrinha de Alonso sempre provocava um incômodo latente.

Bárbara franziu o cenho.

- O que ela quer aqui tão cedo? - pensou.

Com certeza não era só uma visita de cortesia.

— Mande-a entrar — respondeu, ajeitando-se na cadeira de couro, o rosto assumindo uma expressão fria.

Poucos segundos depois, Penélope entrou, vestida de maneira impecável, com um sorriso radiante nos lábios. A forma como caminhava até a mesa de Bárbara já indicava que o assunto não seria leve.

— Bom dia, tia! — disse Penélope, com sua voz cantada, como se a familiaridade fosse suficiente para amenizar qualquer tensão. — Espero que não esteja te atrapalhando...

Bárbara ergueu o olhar, mantendo o tom de voz controlado. — Não, claro que não. O que te traz aqui tão cedo, Penélope?

— Bem — Penélope começou, sentando-se sem ser convidada —, queria falar sobre o Franco.

Bárbara sentiu o sangue gelar, mas não deixou transparecer. Em vez disso, cruzou as mãos sobre a mesa, aguardando que a sobrinha se explicasse.

— Ele é incrível, não é? — continuou Penélope, com um brilho nos olhos que irritou Bárbara profundamente. — Conversamos tanto ontem à noite... ele é tão charmoso, inteligente, e confiante... Não sei como ninguém me apresentou ele antes!

Bárbara manteve o rosto impassível, mas seu coração começou a bater mais rápido.

- Então é isso. - pensou.

Penélope estava interessada em Franco. O ciúme que tentara controlar na noite anterior voltou com força total, agora combinado com um profundo desprezo pela sobrinha.

— Sim, Franco é... um homem interessante — respondeu Bárbara, cuidadosamente medindo as palavras. — Mas não esperava que estivesse tão interessada nele.

Penélope soltou uma risadinha, completamente alheia à tensão no ar. — Ah, claro que estou! Ele tem algo, sabe? Aquele magnetismo. Você também deve ter percebido, não é?

Bárbara quase riu da ironia. Se Penélope soubesse o que realmente havia entre ela e Franco... Mas, claro, ela não sabia. E Bárbara se certificaria de que continuasse assim.

— Bom, ele é um dos sócios da empresa, então é natural que tenha um certo... destaque — disse, tentando soar desinteressada. — Mas você deveria ter cuidado, Penélope. Franco pode ser charmoso, mas é complicado.

Penélope piscou os olhos, surpresa com o tom. — Complicado? — repetiu, como se o conceito não se aplicasse a ela. — Bem, eu sei que ele tem um passado, mas... todo mundo tem, certo?

Bárbara estreitou os olhos. Penélope era jovem e arrogante, sempre achando que podia ter o que quisesse. Ela realmente acreditava que poderia simplesmente aparecer e conquistar Franco? Por mais que quisesse afastá-la, Bárbara sabia que precisava jogar com cuidado.

— Só estou te avisando para não se empolgar demais — disse, sua voz agora mais fria. — Franco não é do tipo que se deixa levar facilmente.

Penélope a encarou por um momento, como se tentasse entender o que Bárbara estava realmente dizendo. Então, deu de ombros, o sorriso voltando ao rosto.

— De qualquer forma, eu gostei muito dele. E... quem sabe? Talvez ele também tenha gostado de mim.

Bárbara sentiu o nó no estômago apertar. Não sabia o que a irritava mais: a confiança de Penélope ou o fato de que, por mais que tentasse, não conseguia afastar o ciúme que crescia dentro dela.

— Veremos — respondeu Bárbara, encerrando o assunto com um tom de indiferença. — Agora, se me der licença, tenho muito trabalho a fazer.

Penélope se levantou, ainda sorrindo. — Claro, tia. Eu só queria compartilhar essa novidade com você. Quem sabe... uma nova amizade à vista.

Ela saiu da sala com a mesma leveza que havia entrado, deixando Bárbara sozinha com seus pensamentos. Assim que a porta se fechou, Bárbara se levantou, caminhando até a janela com as mãos trêmulas.

- Amizade. - ela pensou, amargamente.

Não sabia como, mas precisaria encontrar uma maneira de lidar com essa nova ameaça. Penélope havia escolhido o homem errado para se interessar. E Bárbara estava disposta a fazer o que fosse necessário para garantir que isso não fosse longe demais.

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