Capítulo 26

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Depois da saída de Penélope, Bárbara ficou ainda mais inquieta. A visita inesperada e as palavras da sobrinha não só a deixaram furiosa, mas também trouxeram uma sensação de urgência. Franco estava jogando um jogo perigoso, e agora, Penélope se via como uma nova peça nesse tabuleiro. Bárbara não podia permitir que essa situação saísse do controle, mas precisava pensar com cautela.

Assim que se recuperou da conversa, chamou Lurdinha, sua fiel secretária, para trazer alguns documentos e garantir que o resto do dia seguiria normalmente.

— Lu, o que mais temos para hoje? — perguntou Bárbara, ainda tentando afastar os pensamentos perturbadores sobre Franco e Penélope.

— Há uma reunião com o conselho à tarde, e o senhor Franco confirmou presença — disse Lurdinha, hesitando levemente ao mencionar o nome dele. Ela conhecia Bárbara bem o suficiente para perceber o clima pesado.

Bárbara assentiu, controlando as emoções. — Certo. Me prepare tudo que preciso.

No entanto, por mais que tentasse se concentrar, a conversa com Penélope ainda ecoava em sua mente. "Ele também gostou de mim..." As palavras não paravam de ressoar, e o pensamento de Franco dando atenção àquela menina a enfurecia de uma maneira que ela não esperava.

À tarde, quando a reunião finalmente começou, Bárbara entrou na sala de conferências com a habitual postura de liderança, mas algo dentro dela estava em ebulição. Franco já estava lá, sentado à mesa, conversando com os outros membros do conselho. Ao vê-la entrar, ele ergueu os olhos e deu aquele meio sorriso que a desarmava e provocava ao mesmo tempo.

A reunião começou formalmente, com números e estratégias sendo discutidos, mas Bárbara mal conseguia se concentrar. Sentia o olhar de Franco sobre ela em vários momentos, como se ele estivesse esperando algo. O clima estava denso, cheio de tensão não dita, e ela sabia que, mais cedo ou mais tarde, precisariam falar a sós novamente.

Quando a reunião chegou ao fim, os outros membros começaram a se dispersar, mas Bárbara permaneceu em seu lugar. Assim que ficaram sozinhos, Franco se levantou e caminhou até a janela, olhando para a cidade com um ar pensativo.

— Você tem algo para me dizer? — ele perguntou calmamente, ainda de costas para ela.

Bárbara cruzou os braços, tentando manter a compostura. — Penélope esteve aqui hoje.

Franco virou-se, erguendo uma sobrancelha, um leve sorriso surgindo em seus lábios. — Ah, é mesmo? E o que a nossa querida Penélope queria?

— Ela falou de você — Bárbara respondeu friamente. — Parece que gostou bastante do que viu na festa.

Franco deu uma risada baixa, aproximando-se dela. — E isso te incomoda?

Bárbara sentiu o calor subir em seu rosto, mas não se deixou abalar. — Não vejo por que deveria. Você é um homem livre, Franco.

— Sou, sim — ele concordou, parando a poucos passos dela. — Mas a questão aqui não é a liberdade, é o que você sente. Penélope pode ter interesse, mas não é ela quem ocupa meus pensamentos.

— Ela acha que você gostou dela — Bárbara disse, ignorando a última provocação.

Franco inclinou a cabeça, seu sorriso ficando mais intenso. — Talvez tenha sido intencional.

A raiva de Bárbara explodiu de forma inesperada. — Então você está jogando com ela também? Por quê? Por que você tá fazendo isso com ela? Ela é só uma menina... chata, insuportável, mas é só uma menina. — ela se aproximou, encarando-o diretamente.

Franco a encarou, seu olhar penetrante. — Talvez você precise sentir ciúmes para finalmente admitir o que está entre nós. Eu não quero Penélope, Bárbara. Só quero que você pare de fugir.

As palavras dele ficaram suspensas no ar, e por um instante o silêncio os envolveu completamente. Bárbara sentia como se cada decisão que tomasse naquele momento pudesse mudar tudo. Ela sabia que Franco estava testando seus limites, forçando-a a encarar o que havia entre eles. Mas a realidade era cruel. Ela ainda era casada com Alonso, e Penélope estava se tornando mais uma complicação.

— Isso não pode continuar assim, Franco — ela disse, com a voz tensa. — A situação já está complicada demais, e você sabe disso.

Franco a observou por um longo tempo, sem piscar. — Eu não ligo para as complicações, Bárbara. Ligo para você.

Ele deu um passo à frente, quase encostando nela, e Bárbara sentiu o ar pesado entre eles. Tudo estava prestes a desmoronar ou a explodir.

Franco baixou o tom de voz, tornando-o mais íntimo, quase um sussurro. — Você tem uma escolha. Pode continuar fingindo que está tudo sob controle... ou pode aceitar o que está bem na sua frente. Mas eu já te avisei: não vou a lugar nenhum.

Dessa vez, Bárbara não respondeu imediatamente. Ela estava dividida, sentindo-se puxada em direções opostas. Penélope, Franco, Alonso... seu mundo estava desmoronando, e ela sabia que, mais cedo ou mais tarde, precisaria tomar uma decisão.

E Franco, impassível, parecia disposto a esperar o tempo que fosse.

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