Capítulo 22

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A mansão de Bárbara e Alonso estava iluminada por todos os lados naquela noite. A festa anual da empresa organizada por Bárbara era um dos eventos mais aguardados no círculo empresarial, e este ano não seria diferente. O salão estava impecavelmente decorado, com mesas de cristal, flores exóticas, e convidados trajando seus melhores vestidos e ternos. Bárbara desempenhava seu papel habitual: a anfitriã perfeita, ao lado de Alonso, seu marido.

Ela sorria, cumprimentando os convidados, mas por dentro, uma tempestade silenciosa se formava. Franco estava presente. Seu amante. O homem que, apesar de todos os segredos e jogos, havia conseguido tocar algo profundo nela. Mas, naquela noite, tudo que ela podia fazer era disfarçar, manter as aparências. E para piorar, Penélope estava lá. O furacão de energia e imaturidade que, por um capricho cruel do destino, parecia ter desenvolvido uma súbita e óbvia atração por Franco.

Bárbara estava acostumada a lidar com os ciúmes. Mas esta noite parecia especialmente difícil. Enquanto ela conversava com investidores e parceiros da empresa, seus olhos seguiam Penélope, que se aproximava de Franco com um sorriso sedutor e uma atitude confiante demais para alguém tão jovem e despreparada.

Franco, do outro lado do salão, percebeu o movimento de Penélope e, com um sorriso de canto, deixou que ela se aproximasse. Ele não a levava a sério. Para ele, Penélope era só uma distração boba. Mas, no fundo, gostava de ver como suas provocações afetavam Bárbara, mesmo que nunca admitisse isso em voz alta — nem para ela, nem para ninguém. Ele sabia que aquele joguinho de flertar com Penélope a deixava irritada, e havia algo no ciúme silencioso de Bárbara que o fascinava. Ela jamais saberia, mas era exatamente isso que o prendia a ela.

Penélope chegou perto, sorrindo abertamente para Franco, tocando levemente seu braço de maneira quase casual, mas claramente intencional.

— Você deve ser o famoso Franco Santoro, certo? — disse ela com um tom sedutor, sua voz carregada de intenções.

Franco sorriu de volta, ciente de que Bárbara estava observando de algum canto do salão. — Sim, e você é...?

— Penélope — respondeu ela, aproximando-se ainda mais. — Já ouvi falar muito sobre você. Parece que é o grande nome do momento. — Ela piscou, fazendo um charme óbvio.

Franco não resistiu a um sorriso. Ele não estava interessado em Penélope. Seu interesse real estava fixado em outra pessoa no salão, alguém que o conhecia de uma maneira mais íntima do que qualquer outra pessoa ali. Mas ele continuou o jogo. Não porque queria Penélope, mas porque queria ver até onde poderia ir antes de Bárbara perder o controle. Ele mantinha as aparências e brincava com a jovem, sabendo que isso afetava diretamente a mulher que realmente mexia com ele.

Bárbara, do outro lado da sala, segurava sua taça de champanhe com força. Por fora, mantinha seu sorriso polido, perfeito para a anfitriã de uma grande festa. Mas por dentro, cada gesto de Penélope em direção a Franco era como uma agulha. Ela sabia o que estava acontecendo. Conhecia bem o jogo de Franco e, ainda assim, não podia deixar de sentir o ciúme queimando em seu peito.

- Oi Bárbara, como está indo a festa? - diz Gyselle chegando com Pedro a festa, tirando os olhos de Bárbara da direção que estava presa com o olhar. Com um sorriso polido, e com a postura retomada ela respondeu:

- Ah, vocês chegaram, podem ficar a vontade. Guardei um lugar específico para vocês.

Bárbara levou eles até a mesa que havia reservado para eles

- Você está bem Bárbara? Achei você meio área quando chegamos. - pergunta Pedro.

- Ah, estou ótima, talvez um pouco cansada, só isso mesmo - diz Bárbara com um sorriso sutil...

Com o barulho que ecoou pelo espaço, voltou sua atenção para onde sugiu o barulho.

Penélope soltou uma risada alta, inclinando-se mais perto de Franco, completamente alheia ao fato de que estava sendo usada. Franco, por sua vez, mantinha-se relaxado, respondendo aos flertes dela com comentários suaves, mas sua mente estava em outra direção — em Bárbara. Ele adorava ver como ela reagia, mesmo que disfarçasse tão bem na frente dos outros. Havia algo no ciúme dela que o fazia sentir-se mais próximo, mais ligado a ela.

Bárbara se afastou de Gyselle e Pedro sob a desculpa de precisar de ar fresco. Atravessou o jardim com passos rápidos e firmes, em direção à área mais afastada e silenciosa da mansão. Ela precisava de um momento sozinha, longe da cena insuportável de Franco e Penélope. Mas sabia que ele viria atrás dela. Ele sempre vinha.

E, como esperado, Franco não demorou a aparecer. Ele a encontrou de pé, sozinha, olhando para o céu estrelado, tentando acalmar a fúria crescente dentro dela.

— Você está se divertindo? — perguntou ele casualmente, parando ao lado dela com um sorriso irônico.

Bárbara virou-se para ele, os olhos brilhando de raiva e ciúme. — Aproveitando a atenção da queridinha de Alonso, pelo visto.

Franco deu uma risada baixa. — Ah, então você estava prestando atenção?

— Não me provoque, Franco — respondeu ela, com a voz controlada, mas carregada de frustração. — O que você pensa que está fazendo?

Ele deu de ombros, seu sorriso ainda brincalhão, mas mantendo-se cuidadoso para não revelar suas verdadeiras intenções. — Nada demais. Só me divertindo um pouco. Penélope não tem ideia do que está acontecendo, mas você... você sabe exatamente o que estou fazendo, não sabe?

Bárbara o encarou por um longo momento, sentindo o sangue pulsar em suas têmporas. Ela sabia que ele estava jogando com ela. Ele gostava de vê-la assim, irritada, fora de controle. Mas o que a irritava mais era o fato de que ele sabia exatamente como mexer com seus sentimentos — e mesmo assim nunca deixava isso claro.

— Você quer me deixar com ciúmes, é isso? — perguntou ela, sem rodeios.

Franco riu de novo, mas dessa vez sua expressão era mais reservada. Ele se inclinou levemente para ela, mas sem se aproximar demais, mantendo sempre a máscara. — Talvez. Quem sabe? Mas você está me dando muita importância, Bárbara. Estamos apenas jogando nossos papéis.

Bárbara suspirou, frustrada por não conseguir ler completamente seus pensamentos. Por mais que ela odiasse admitir, Franco sabia como brincar com suas emoções, e o pior de tudo era que ela nunca tinha certeza se ele estava fazendo de propósito ou se era apenas parte de quem ele era. Ela sentia aquele misto de raiva e desejo crescer dentro dela, mas mantinha-se firme.

— Apenas tome cuidado com o seu joguinho, Franco — disse ela, com um sorriso frio. — Penélope pode ser mais complicada do que você imagina.

Franco inclinou-se para mais perto, sem nunca quebrar sua fachada. — E você também pode ser, Bárbara. Mas eu gosto disso.

Ela o encarou, tentando decifrar o que estava por trás daquela frase, mas ele era impenetrável como sempre. Franco Santoro jogava bem, e ela sabia que, no fundo, ele gostava de mantê-la exatamente onde estava: em um estado de constante incerteza, sempre se perguntando até onde ele iria para provocá-la, sem nunca revelar seus verdadeiros sentimentos.

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