Capítulo 23

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Bárbara ficou parada por alguns minutos, vendo Franco se afastar, suas últimas palavras ainda ecoando em sua mente: "Até onde você está disposta a ir para manter esse jogo funcionando?" Ela sabia que ele tinha razão. Havia muito mais entre eles do que uma simples aventura. Mas, ao mesmo tempo, ela não podia perder o controle. Franco tinha uma maneira de mexer com suas emoções de uma forma que ninguém mais conseguia.

Respirando fundo, ela ajustou o vestido e voltou para a festa. Precisava manter as aparências, precisava ser a esposa perfeita de Alonso. Quando entrou no salão novamente, Alonso estava cercado por alguns sócios da empresa, com um copo de uísque na mão, completamente alheio ao que acontecia entre Bárbara e Franco. Ela sorriu, disfarçando o turbilhão de sentimentos que borbulhava em seu interior, enquanto caminhava até ele, unindo-se ao grupo.

— Está tudo bem, querida? — Alonso perguntou, com um sorriso suave.

— Sim, claro. Só precisava de um pouco de ar — respondeu Bárbara, forçando uma leveza que estava longe de sentir.

Mas sua atenção logo foi desviada. Do outro lado do salão, Penélope estava novamente conversando com Franco, rindo de algo que ele havia dito, tocando seu braço casualmente. Bárbara sentiu a onda de ciúmes retornar com força total. Por mais que Franco tivesse garantido que não se importava com Penélope, era difícil vê-los juntos, como se ela fosse invisível, como se o que eles tivessem não fosse importante.

Tentando manter a calma, ela se afastou discretamente de Alonso e dos outros convidados, dirigindo-se para um canto mais silencioso do salão. Precisava pensar. Precisava se recompor. Mas seus pensamentos estavam um caos. E o que piorava a situação era o fato de que Franco gostava de vê-la assim, de brincar com seus sentimentos. Ele fazia isso de propósito, e ela sabia. Ele queria provocá-la, queria que ela sentisse ciúmes, que ela reagisse.

Bárbara não sabia o que a irritava mais: o fato de Franco estar jogando com ela ou o fato de que ela estava cedendo ao jogo.

Mais tarde naquela noite...

A festa começava a se esvaziar. Muitos convidados já haviam partido, e o clima no salão estava mais calmo. Alonso, depois de um longo discurso sobre o sucesso da empresa, estava visivelmente cansado, conversando com alguns colegas mais próximos. Bárbara, por outro lado, não conseguia tirar os olhos de Franco, que ainda estava perto de Penélope. Embora ele mantivesse o mesmo comportamento casual de antes, algo em seus olhares e sorrisos indicava que ele estava consciente do efeito que tinha sobre Bárbara.

Determinada a resolver essa situação de uma vez por todas, ela esperou o momento certo. Quando Penélope se afastou para buscar mais uma taça de champanhe, Bárbara aproveitou e se aproximou de Franco, disfarçando sua irritação.

— Precisamos conversar — sussurrou, com um tom firme, sem dar margem para que ele recusasse.

Franco, com aquele sorriso enigmático, a seguiu para uma área mais reservada da festa, longe dos olhares curiosos. Assim que ficaram sozinhos, Bárbara se virou para ele, seus olhos faiscando de raiva.

— Chega disso, Franco — ela disse, a voz baixa, mas carregada de frustração. — Eu sei que você está fazendo isso de propósito. Provocando-me com Penélope, brincando com meus sentimentos... o que você ganha com isso?

Franco arqueou uma sobrancelha, fingindo inocência, mas o brilho nos seus olhos mostrava que ele estava plenamente consciente do que estava fazendo.

— Eu? Brincando? — Ele deu um passo mais perto, diminuindo a distância entre eles. — Bárbara, você está vendo coisas onde não há. Penélope é só uma jovem deslumbrada, e eu... bem, eu só estou sendo educado.

— Educado? — Bárbara quase riu de tanta ironia. — Você está me provocando, e sabe disso. Não pense que não percebi.

Franco sorriu, aquele sorriso que sempre conseguia desarmá-la. — Talvez eu goste de ver você com ciúmes. — Sua voz era suave, mas carregada de uma sinceridade que pegou Bárbara de surpresa. — Talvez eu queira que você sinta o que eu sinto. Porque, por mais que você finja, nós dois sabemos que isso aqui — ele apontou entre eles — não é só uma diversão passageira.

As palavras dele a atingiram com força. Bárbara sentiu seu coração acelerar, mas não podia dar o braço a torcer. Não queria demonstrar o quanto ele estava certo. Ela ergueu o queixo, tentando manter a frieza que sempre a caracterizava.

— Eu não sou um jogo para você, Franco — disse ela, a voz baixa, mas firme. — E se você acha que pode me manipular dessa forma, está muito enganado.

Franco a olhou por um longo momento, o sorriso desaparecendo de seu rosto. Por um instante, Bárbara pensou que ele iria recuar, mas então ele deu um passo ainda mais próximo, até que seus corpos quase se tocassem.

— Eu nunca te vi como um jogo, Bárbara — ele disse, a voz agora mais séria. — Mas você precisa entender uma coisa: eu não sou Alonso. Eu não vou aceitar ficar à margem da sua vida, como um espectador. Se estou aqui, é porque você me quer aqui tanto quanto eu quero estar. E você pode negar o quanto quiser, mas eu sei que você sente isso também.

Bárbara abriu a boca para responder, mas as palavras não saíram. Ela estava dividida entre o orgulho e o desejo, entre a necessidade de manter o controle e a verdade que Franco estava jogando na sua cara. Por mais que odiasse admitir, ele estava certo. Havia algo entre eles que ela não podia mais ignorar.

Franco, vendo o conflito nos olhos dela, se afastou um pouco, dando-lhe espaço para respirar. — Pense nisso, Bárbara. Porque eu já sei o que quero. A questão é: você sabe o que quer?

Ele se virou e voltou para o salão, deixando Bárbara sozinha com seus pensamentos tumultuados. Ela sentiu a raiva e o desejo se misturarem dentro de si, uma mistura perigosa que ameaçava derrubar as barreiras que ela tanto se esforçava para manter. Franco havia plantado uma semente de dúvida, e agora, ela precisava decidir até onde estava disposta a ir.

Sozinha naquele canto, Bárbara sabia que essa noite mudaria tudo. Ela só não sabia como ou quando.

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