CAPÍTULO 74 | FILHA

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Hazel se recusava a ceder, a resposta presa na garganta enquanto o medo e a repulsa se misturavam em seu interior

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Hazel se recusava a ceder, a resposta presa na garganta enquanto o medo e a repulsa se misturavam em seu interior. Mas a pressão dos dedos de Ralphean em seu rosto era implacável. Ele então a estapeia, o som seco do golpe ecoando pela caverna. A dor irradia pela lateral de seu rosto, e Hazel sente as lágrimas se acumularem, mas manteve a boca fechada, lutando contra a vontade de gritar. Ralphean, impaciente e furioso, a bate novamente, mais forte desta vez, fazendo sua cabeça se virar violentamente para o lado. O impacto deixa uma sensação quente e ardente na bochecha dela, e Hazel morde o lábio para conter um gemido de dor.

— Fale! — exige, agora com o rosto a centímetros do dela, os olhos arregalados de raiva. — Fale agora, ou vou arrancar essa verdade de você à força!

— Eu... fui mandada para o Orfanato com esse colar. Foi tudo o que me restou.

As palavras de Hazel pareciam rasgar algo dentro de Ralphean. Ele recua bruscamente, como se tivesse levado um golpe no peito. Os olhos dele, antes cheios de raiva e crueldade, agora estavam arregalados em um misto de incredulidade e dor. A mente dele, sempre afiada e implacável, girava em um redemoinho de pensamentos enquanto as peças do quebra-cabeça começavam a se encaixar.

Ele olhava fixamente para Hazel, mas parecia estar vendo outra pessoa, como se o passado tivesse voltado para assombrá-lo de forma brutal e inesperada.

— Você... — ele grunhiu, a voz vacilante e entrecortada, como se as palavras estivessem sendo arrancadas de sua garganta. O controle frio e calculista que sempre exibira começava a desmoronar, e pela primeira vez, ele parecia vulnerável, até mesmo frágil. — Você é filha de Joycelin...

As palavras saíram como um sussurro desesperado, quase inaudível, enquanto ele lutava para aceitar a realidade que se desdobrava diante de seus olhos. A máscara de crueldade e indiferença que ele sempre usara estava rachando, e o que restava era um homem consumido por uma mistura de dor, arrependimento e terror. Ele tentou respirar fundo, mas o ar parecia escapar de seus pulmões, deixando-o quase sem fôlego.

Ralphean balançou a cabeça lentamente, como se estivesse tentando afastar o que acabara de descobrir, mas a verdade era inescapável. Ele olhou para Hazel como se ela fosse um fantasma, uma lembrança viva de algo que ele havia perdido há muito tempo. O nome de Joycelin, que um dia fora pronunciado com amor e devoção, agora era uma lâmina afiada que cortava fundo, reabrindo feridas que ele pensava ter enterrado.

— Não pode ser... — ele murmura, a voz fraca, quase em um suspiro, enquanto seus olhos continuavam fixos nela, procurando algo que pudesse negar o que ele agora sabia ser verdade. Mas não havia como escapar. A revelação o atinge como uma avalanche, esmagando qualquer controle que ele acreditava ter. A mulher que ele amou, que ele perdeu, havia deixado para trás um legado — uma filha que ele nunca soube que existia. Ralphean recua ainda mais, o rosto contorcido em uma mistura de choque, dor e algo próximo ao arrependimento.

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