CAPÍTULO 17|COCA COLA, POR FAVOR

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Abro os olhos lentamente, e minha visão, inicialmente turva, começa a se ajustar à luz suave que entra pela janela aberta. A claridade do meio-dia invade o quarto, iluminando a cama robusta e cheia de cobertores onde estou deitada. A cabeceira de madeira trabalhada dá um ar de antiguidade e solidez ao móvel, destacando o quão grande a cama realmente é. Sinto uma forte dor na nuca, uma sensação incômoda que não consigo descrever completamente, pois não posso tocar o local com minhas patas. Tento mover o pescoço, mas a dor infelizmente, persiste.

Enquanto me desperto completamente, fragmentos de memória começam a surgir: Dante, a grama fresca sob minhas patas, a flor roxa e, de maneira mais intensa, Kain. A lembrança dele me faz estremecer, e sinto meu coração bater acelerado. Percebo que ainda estou na minha forma lupina; minhas patas dianteiras tocam o edredom macio e minhas orelhas se erguem, captando os sons ao meu redor. Enquanto respiro fundo, um cheiro distinto e forte emerge dos cobertores, uma mistura cativante de sândalo e carvalho. A fragrância é intensa e envolvente, preenchendo minhas narinas com suas notas terrosas e amadeiradas. O aroma de sândalo é suave e ligeiramente doce, enquanto o carvalho traz uma profundidade robusta, rica e complexa. Sinto-me atraída por esse cheiro de uma maneira que é difícil de explicar. É como se o aroma carregasse consigo uma força magnética, despertando algo dentro de mim. A sensação é ao mesmo tempo reconfortante e intrigante, como se houvesse uma história escondida nesse perfume, uma conexão que vai além do que posso compreender.

Cada inspiração me envolve mais, acendendo uma faísca de curiosidade e desejo. É uma sensação quase íntima, como se esse cheiro tivesse um significado pessoal para mim, algo que meu corpo reconhece mesmo que minha mente não consiga entender. Quero me render completamente a esse cheiro, quero que ele me envolva e me consuma por inteira. Enquanto o desejo se intensifica, me pego mergulhando mais fundo sob os cobertores, guiada por essa necessidade quase primal de me envolver no aroma. No entanto, uma onda de consciência me atinge. Uma leve vergonha começa a se insinuar enquanto percebo a urgência com que estou me enfiando sob as cobertas, completamente tomada pelo desejo. Minhas patas, grandes e peludas, tocam o tecido dos cobertores, e a sensação de estar buscando instintivamente algo para saciar uma ânsia inexplicável me faz corar por dentro.

Com um esforço consciente, retiro a cabeça debaixo do edredom, sentindo o ar fresco tocar meu rosto enquanto tento organizar meus pensamentos. Olho ao redor, observando o quarto com mais atenção, tentando encontrar alguma pista que me ajude a entender como cheguei aqui. A sensação de desorientação persiste, e me sinto perdida em meio à estranheza dessa situação. Ao lado da cama, uma mesa de madeira chama minha atenção. Sobre ela, vejo várias xícaras de café vazias, algumas com marcas de café seco na borda, indicando que foram usadas há algum tempo. Ao lado das xícaras, alguns livros estão empilhados de maneira desordenada, como se alguém tivesse deixado tudo às pressas. Perto da mesa, uma lareira apagada domina a parede, com um cesto de lenha ao lado, pronto para ser usado. As paredes de madeira polida dão ao quarto um aspecto acolhedor, mas não consigo afastar a sensação de que algo está fora do lugar. 

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