CAPÍTULO 69 |RITUAL DAS MÁSCARAS I

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O salão da Reserva exalava uma imponência rústica e ancestral. O teto abobadado, esculpido com histórias de antigos lupinos, era uma verdadeira obra-prima de madeira bruta, marcada por símbolos e gravuras que pareciam ter sido talhados pelas mãos do próprio tempo. As paredes exibiam tapeçarias em cores profundas — dourado, vinho e preto —, representando as alcateias vizinhas, cada uma com o símbolo de sua linhagem, reforçando a presença de uma irmandade de respeito silencioso.

Luzes suaves pendiam de correntes quase invisíveis, flutuando como estrelas dispersas, enquanto luminárias de vidro soprado abrigavam vagalumes, cujas luzes bruxuleavam de forma serena. O chão de pedra polida refletia a suavidade do ambiente, com folhas douradas espalhadas por toda parte, como oferendas ao solo sagrado. No coração do salão, um círculo de pedras antigas, envolto por flores silvestres e ramos trançados, marcava o local onde o ritual seria celebrado. As pedras, arrancadas das profundezas da Reserva, brilhavam sob a luz, carregadas de uma energia ancestral que parecia pulsar sob nossos pés.

Me senti tão pequena diante daquela multidão de lupinos desconhecidos, todos vestidos em trajes de gala e ocultos por máscaras elaboradas. O olhar de cada um parecia nos perfurar, mas a presença firme de Lordian ao meu lado, como uma rocha inabalável, me enchia de coragem. Ele caminhava com a naturalidade de um líder que pertence àquele lugar. Seus passos decididos e seguros me guiavam, enquanto os olhares permaneciam fixos em nós, acompanhando cada movimento.

No centro do círculo, Lordian para, virando-se em minha direção. Por um breve instante, o tempo pareceu parar. Seus olhos, intensos e dourados, brilhavam por trás da máscara, como se pudessem atravessar qualquer barreira. Quando ele estendeu a mão para mim, aceitei sem hesitar, sentindo o calor e a força que emanavam de sua palma. O salão ao nosso redor, envolto em uma aura de expectativa e mistério, respirava junto com a natureza que o cercava. A tensão no ar era quase palpável, mas eu a ignorava, focada apenas na figura imponente ao meu lado, cuja presença fazia meu coração acelerar.

— Não me diga que iremos dançar — brinco, tentando quebrar a tensão que nos envolve. Minha voz soa leve, mas por dentro, sinto um peso crescente, como se algo grandioso estivesse prestes a acontecer.

Quando olho para Lordian, esperando uma reação despreocupada, encontro seus olhos fixos em mim, queimando com uma intensidade que me faz perder o fôlego. O sorriso desaparece dos meus lábios, e antes que eu possa reagir, sua mão segura a minha com força, o toque quente e possessivo. Há algo mais ali, algo que não consigo ignorar — uma reivindicação silenciosa, profunda. Seus olhos dourados parecem incendiar o ar entre nós, e o que vejo neles não é apenas proteção. É algo muito mais primitivo, algo que desperta cada parte de mim. É ciúme, bruto e voraz, pulsando à beira do controle.

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