|CAPÍTULO 5|E SE?

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Os sintomas eram visíveis. Kain estava diferente, seus olhos mais brilhantes, quase febris, e seu comportamento ainda mais imprevisível e violento do que o normal. Ele parecia mais forte, mais rápido, mas também descontrolado, como se uma parte dele estivesse sendo consumida por dentro.

— Pense, Hazel! — ele gritou, a paciência se esgotando. — Ou vou começar a te cortar.

Eu tremia incontrolavelmente, tentando desesperadamente encontrar uma saída.

— Kain, me dê tempo. Por favor. Podemos falar com alguém da Universidade Hunt, alguém que possa verificar... — minha voz era uma mistura de súplica e desespero.

Ele riu, um som seco e cruel.

— Não há tempo para isso. Ou você prova agora, ou eu vou arrancar a verdade de você.

A realidade da situação me atingiu com força. Eu estava encurralada, sem saída, e Kain não mostrava sinais de piedade. Sabia que precisava fazer algo, qualquer coisa, para ganhar tempo.

— Kain, se eu fosse uma lupina, já teria me transformado, já teria mostrado sinais claros... — tentei argumentar, mesmo sabendo que minhas palavras podiam não ser suficientes.

Ele balançou a cabeça, o desdém claro em seu rosto.

— Então, prove que está saudável. Prove que não está se transformando.— Ele solta uma risada amarga, sem parar de se aproximar.

Desesperada, olho ao redor e vejo uma velha lata de tinta enferrujada perto de um monte de entulho. Com um movimento rápido, pego a lata e a jogo na direção de Kain. Ele levanta o braço para se proteger, e a lata bate com força, espalhando tinta vermelha por toda parte.

A cena é quase surreal; ele parece uma figura saída de uma pintura caótica, como se fosse o próprio deus da guerra emergindo de um banho de sangue.

Kain ruge de frustração, limpando a tinta dos olhos. Uso esse momento de distração para correr em direção a uma pequena janela no final do beco, uma janela já quebrada em um dos muitos ataques de fúria de Kain. É pequena demais para um adulto passar, mas eu teria que tentar. Com o coração disparado, forço meu corpo a passar pela janela estreita, arranhando minha pele nos cacos de vidro. Quando finalmente consigo sair do outro lado, na sala de jogos, caio no chão do lado de dentro, respirando com dificuldade.

Sinto cada corte ao longo da minha pele, e a dor se mistura com o medo e a desesperança. Penso nos hematomas que terei amanhã, se sobreviver. Cada movimento é uma batalha, mas a vontade de continuar é mais forte. A imagem dele me mantém em pé, mesmo quando tudo dentro de mim grita para desistir.

Sinto como se o tempo estivesse contra mim, cada batida do relógio me empurrando para mais perto do abismo. Tento encontrar um esconderijo, qualquer lugar onde possa me encolher e desaparecer, mas a escuridão e o silêncio do cômodo ao meu redor, parece conspirar contra mim, transformando minha busca em um labirinto sem saída.

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