Epílogo

59 1 0
                                    



Fracassei em tirar minha própria vida, descobri que o tiro não foi certeiro o quanto planejei, ele só fez estrago suficiente para que eu passasse por uma cirurgia. E cá estou eu, viva. Vivendo um pesadelo em total realidade, estou presa.

Já se passaram cinco anos e ainda estou dentro dessa prisão condenada pela morte do filho da puta do Romeu. Condenada de homicídio doloso-quando há a intenção de matar e deixei isso bem claro para o Juiz na minha condenação.

— Réu, você se arrepende de ter atirado a sangue frio em Romeu dos Santos?

— Não Meritíssimo. Para ser bem sincera, se tivesse a oportunidade, faria de novo.

Foi nesse exato momento que meus pais saíram da sala e deixaram a sua filha sozinha para sofrer as consequências, eles não acreditaram em nenhuma palavra do que disse sobre o ocorrido naquela noite, nem mesmo Pedro. Sobre o Pedro não esperava nada além, pois de qualquer forma ele forçou uma aproximação somente a pedido do Micael.

Na sala também estava os tios do Romeu que tinham também recebido a notícia que o Jeferson não tinha ido embora como imaginavam. Na verdade, ele estava morto e pelo que tudo indicava, foi pela mesma arma em que o Romeu carregava no dia em que matou o meu irmão.

— A decisão do Júri com base em todas as provas e testemunhas ouvidas. Declaramos a réu culpada.

— Alicia, você está sendo condenada a 15 anos de prisão em regime fechado. Essa sessão está encerrada. — Ele bate o martelo decidindo ali o meu futuro dentro de um presídio.

Esses anos foram bem difíceis, meus pais deixaram claro que eu não era mais sua filha, não iria me visitar e quando saísse se eles ainda estivessem vivos, pediram para que eu não os procurasse. E posso dizer que eles cumpriram bem o que prometeram, nunca em todos esses anos foram me visitar.

Rafael e Alan por outro lado tentaram, mas os afastei e pedi para que nunca mais voltassem, eles era a lembrança de uma Alicia fracassada e indefesa, sem contar que eu não acreditava em nada que saía de suas bocas, para mim era mais besteiras e mentiras do que dois amigos tentando apoiar sua amiga condenada a prisão.

Aqui dentro eu arrumei algumas aliadas, confesso que não foi fácil, elas fizeram de mim sua empregada, ou seja, limpava a cela todos os dias, arrumava seus colchoes, lavava suas roupas e o banheiro. Além de tudo isso, era também a escrava sexual quando tivessem vontade e mesmo que isso fosse o fundo do posso, eu precisava, pois ambas estavam combinando de fugir da prisão e o plano estava em ação e só poderia participar desse jeito se eu fizesse tudo que quisesse durante esse tempo e ainda servir de uma possível isca na fuga.

Sem pensar muito, aceitei. Se tudo desse certo e todas nós saíssemos ilesa, elas ajudariam no meu plano em que sonhava todas as noites que é a única coisa que me motivou aqui dentro a continuar vivendo.

O dia chegou e eu não estava com nenhum medo, apenas querendo que chegasse logo a hora de colocar tudo em pratica, então quando já eram à tarde, por volta de umas quatro horas destrancamos as celas e em um portão do lado esquerdo colocamos alguns colchões e tacamos fogo, como as outras mulheres das outras celas não sabiam que tínhamos nossa rota particular de fuga, todas se direcionaram para o outro portão com suas facas atacando as guardas para tentarem sair pelo muro, assim que todas saíram somente eu fiquei no corredor recolhendo os demais colchões e colocando no outro portão para retardar a entrada das guardas, mesmo sabendo que elas já estariam bem ocupadas.

Voltei para nossa cela dando conta que elas já tinham ido, então fui em direção ao banheiro e entrei em um buraco que há bastante tempo havíamos feitos e tínhamos conseguido esconder, assim que entrei tampei com o concreto e continuei me arrastando para encontrar a saída. Era agoniante, tinha bastantes insetos rastejantes, o lugar era de uma terra pastosa, mas nada disso iria estragar meus planos de fugir desse inferno.

PerdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora