Capítulo 2

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Abro meus olhos e percebo que estou no chão, estico minhas costas estralando.

Só o que faltava, além de passar a madrugada arrumando o quarto, ainda cai da cama.

Sigo para o banheiro com a toalha nos ombros e tomo um longo banho tranquilo, coloco uma roupa confortável e desço para o café da manhã.

- Eita mendiga boa tarde! – Olho para o Micael surpresa em vê-lo aqui tão cedo.

- Não seria, bom dia? – Digo e ele aponta para o relógio na parede e me assusto ao perceber que são duas da tarde – PUTA MERDA!

- Olha a boca. Sorte sua que nossos pais não estão em casa.

- Eles deixaram você aqui como meu babá? Acho que não preciso mais disso. – Digo pegando uma frigideira para fazer ovos e colocar no pão.

- Claro que não, eu vim passar um dia inteiro com minha mendiga, mas quando cheguei você estava roncando no chão, então deixei que acordasse sozinha, por conta da mudança deve está cansada.

Fico animada em passar o dia com ele hoje.

- O que vamos fazer então, assistir um filme talvez? Se for já tenho alguns na minha lista e posso colocar...

- NEM PENSAR! – Ele me interrompe - Você acha que eu vim aqui para passar o dia socado nessa casa assistindo TV? Vamos sair tomar um sorvete e viver como pessoas normais fazem e não virar um zumbi hipnotizado por uma tela gigante. – Diz decidido a me tirar de dentro de casa.

- Tudo bem! Do jeito que fala até parece que fico o tempo todo trancada, mas respeito sou a rainha dos rolês – Digo sorrindo, pois o que acabei de dizer é uma pura mentira. Ele cai na gargalhada.

Termino de come meus dois pães com ovos e café com leite e subo novamente para o meu quarto para trocar de roupa, pois segundo o meu irmão, estou parecendo uma mendiga. Então coloco um short jeans e uma camisa baby look.

- Apresentável? – Pergunto assim que desço as escadas

- Melhor, vamos menos mendiga – Diz indo em direção à porta e abrindo para que eu passasse. Elogio com humilhação é com ele mesmo.

Seguimos andando até uma praça uns quatro quarteirões de casa, nem acredito que andei tudo isso com ele.

- Aqui é uma praça bem grande, onde você pode vir ler seus livros e ficar no seu mundo de fantasia, mas não dentro de um cômodo fechado, se permita respirar ar puro e observar as paisagem e pessoas – Diz ele olhando serio para mim.

Olho ao redor e é um local agradável, tem grama com falhas onde as pessoas costumam pisar, pessoas fazendo exercício, pessoas brincando na quadra de futebol, do lado de fora da quadra jogando vôlei, outras pessoas com o seus cachorros sentados no chão, eu me vejo lendo nesse meio social sem se socializar.

- Gostei, é bem fresco – Digo por fim.

- Quero que você venha sempre para cá, caso se sinta presa e tenha uns pensamentos ruins – Ele diz mantendo seu tom de voz sério, estranho essa conversa, mas acredito que ele queira apenas me ajudar com o caos que vive na minha cabeça.

- Não se preocupe, eu ligo para você vir me buscar e eu durmo na sua casa, o que acha? – Digo em um tom brincalhão, mas ele não muda a expressão – Estou brincando, vou vir aqui sim. Pode deixar vou me permitir sair de casa.

Estranho que ele não fez nenhum tipo de piada, na qual me expulsaria de sua casa, talvez não esteja com o humor para isso.

Então voltamos para casa por outro caminho, ele diz que é para que eu conheça os lugares que tenha salgado, lanche e até picolé para comprar, fico atenta a cada detalhe, afinal aquele lugar agora seria o meu lar.

PerdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora