Jantar

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Lauren.

Depois da conversa com Normani, entramos na delegacia. Ainda me sentia pesada. Ficar sem fazer nada me consumia, e por mais que eu quisesse tomar uma atitude, parecia que o medo estava me segurando. Normani tinha razão... Eu estava inventando desculpas.

Enquanto passávamos pelo corredor, meus pés tomaram a direção de um caminho já familiar, mas não o da minha sala.

-Te vejo no final do turno? -Normani perguntou ao me ver desviar o caminho. Eu só acenei com a cabeça e continuei.

Cheguei à sala do Louis, o cara responsável por tudo de digital na delegacia. Ele era rápido, eficiente e o mais importante, discreto. Bati na porta, e ele olhou por cima do monitor, empurrando os óculos no rosto.

-Lauren. O que você manda? -ele perguntou, com aquele jeito sempre prático.

Me aproximei da mesa dele e respirei fundo.

-Eu preciso que você consiga o número de telefone de uma pessoa.

Louis levantou uma sobrancelha, curioso.

-De quem?

-Camila Cabello. Ela foi assaltada há alguns dias. Estava no nosso sistema como vítima.

Ele fez uma cara de quem sabia que isso era mais pessoal do que parecia, mas não questionou.

-Tudo bem. Me dá um segundo.

Enquanto ele mexia no teclado e nas telas com a habilidade de sempre, eu comecei a me questionar.

"Por que eu não fui direto até a casa dela?"

A ideia passou pela minha cabeça, mas logo descartei. Depois de tantos dias sem entrar em contato, aparecer assim, do nada, na porta dela... parecia demais. Eu queria que ela soubesse que estava pensando nela, mas também não queria assustá-la.

-Consegui. -Louis disse, me tirando dos meus pensamentos. Ele estendeu um pedaço de papel com o número de Camila anotado. -Boa sorte. -acrescentou, com um sorrisinho de canto.

Agradeci com um aceno e saí, segurando o papel com firmeza. Meu coração parecia bater mais forte a cada passo até minha sala. Entrei, fechei a porta e me joguei na cadeira. Olhei para o papel na minha mão. Lá estava o número, e, de repente, ele parecia representar muito mais do que uma simples sequência de dígitos.

Peguei o celular e abri a tela de mensagens.

"O que eu vou dizer? Como eu explico esses dias de silêncio?"

A incerteza voltava com força, mas eu sabia que não podia adiar mais.

"Oi, Camila. É a Lauren. Estava pensando em você esses dias..." Apaguei. Soava bobo demais. Respirei fundo e comecei de novo.

"Oi, Camila. Aqui é a Lauren. Podemos conversar?"

Fiquei encarando a tela por mais alguns segundos, hesitante. Apaguei novamente.

"Oi, Camila. É a Lauren, o que acha de jantarmos amanhã à noite? Te busco às 20:00."

Enviado.

Assim que apertei o botão de enviar a ansiedade me atingiu em cheio. O celular ainda estava na minha mão, e antes que pudesse pensar demais, bloqueei a tela, como se isso fosse me impedir de lidar com a realidade.

"O que você está fazendo, Lauren?" pensei. "Isso foi uma péssima ideia "

Me levantei da cadeira e comecei a andar pela sala, nervosa. Meus pensamentos estavam em uma confusão. Eu tinha acabado de convidar Camila para jantar. Ela poderia dizer "não", e com razão, depois de todos esses dias de silêncio. Eu tinha agido de maneira impulsiva na festa, depois sumi, e agora a convidei para sair como se nada tivesse acontecido. Que tipo de pessoa faz isso?

ENTRE A LEI E O CORAÇÃO. -CAMREN G!POnde histórias criam vida. Descubra agora