Profissionalismo?

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Lauren.

Eu estava tentando me concentrar nos relatórios. Um dia típico na delegacia, nada fora do comum. Até Normani aparecer.

-Bom dia, delegada linda! -Ela entrou na minha sala com aquele sorrisinho suspeito. Sempre soube que quando Normani aparecia assim, não era boa coisa.

-Bom dia, Mani. Precisa de algo? -perguntei sem levantar os olhos do computador.

Ela se jogou na cadeira à minha frente, cruzando os braços com um ar de quem já tinha um plano em mente.

-Então...ouvi dizer que o depoimento da Camila ontem foi interessante.

Eu olhei para ela, sem entender de cara onde aquilo ia parar.

-Interessante? Foi um depoimento como qualquer outro. Anotei os detalhes, fiz meu trabalho. O que tem de interessante nisso? -voltei a atenção ao meu computador ignorando a mesma.

Normani me olhou com aquele sorriso de quem já sabia a resposta, mas queria me ver admitir.

-Ah, sei... só trabalho. Nada de olhares demorados, nenhuma troca de sorrisos meio tímidos?

-Mani, o que você tá falando? -tentei soar despreocupada, mas, por dentro, já sabia aonde isso ia chegar.

-Ah, Lauren, por favor. Eu vi como você olhava pra ela. Não tenta esconder, branquela. Tinha algo ali. -Ela riu e balançou a cabeça. -Nunca te vi tão concentrada assim em um depoimento.

Eu bufei e cruzei os braços, tentando manter a postura.

-Você está vendo coisas. Foi puramente profissional. Eu sou delegada, ela é vítima de um assalto e tem só vinte e dois anos. Fim da história.

-Uhum, delegada. -ela disse com um ar de quem não estava acreditando em nada. -Só que a maneira como você perguntava as coisas parecia diferente. Até a Camila, que estava nervosa, relaxou um pouco. E aquela última olhadinha pra bunda dela quando ela saiu da sala? E nem vem com esse papo de idade, você nem está velha.

Eu revirei os olhos, tentando desviar.

-Normani, você tem uma imaginação fértil. Foi só um depoimento, nada mais. Aliás, você devia estar mais focada no trabalho do que em fofoca, não se esqueça que eu posso te demitir viu?

Ela gargalhou, claramente se divertindo.

-Claro, claro... mas não sou só eu que percebeu, tá? Vários lá fora estão comentando. Camila é muito bonita, não tem como não notar e você não teria coragem de demitir sua melhor policial.

Eu senti meu rosto esquentar com o comentário sobre Camila ser muito bonita. mas mantive minha pose firme.

-Ela é sim, mas isso não significa nada. Eu sou profissional, Mani, e de novo você está inventando coisa onde não tem.

Normani se levantou, ainda rindo.

-Certo, delegada. Vou fingir que acredito. Mas só quero dizer que se rolar alguma coisa, me chama pro casamento, ok? Eu ajudo a organizar.

Eu não consegui segurar o riso. -Vai trabalhar, Normani, para de inventar história.

Ela piscou para mim e saiu da sala, deixando-me sozinha com meus pensamentos e, talvez, a pontinha de dúvida sobre se realmente era só profissionalismo. Claro que achei Camila uma jovem atraente, eu não a conhecia, mas alguns policiais do departamento disse que ela é uma jovem amigável e que muitos do bairro gosta dela pelo seu carisma. E claro, quando você está a tanto tempo sem sexo isso te faz se sentir mais atraída pelas pessoas com facilidade. 

ENTRE A LEI E O CORAÇÃO. -CAMREN G!POnde histórias criam vida. Descubra agora