Bem melhor que filme

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Eu estava deitada na cama, olhando para aquela lingerie que, até agora, tinha permanecido intacta. O tecido delicado brilhava sob a luz suave do abajur, e a ideia de realmente vesti-la me fazia revirar o estômago de nervosismo. Ainda assim, eu sabia que Dinah estava certa, mas... por que isso era tão difícil?

O toque do meu celular me tirou dos pensamentos, e quando vi que era Dinah, suspirei antes de atender.

-E aí, já vestiu? -foi a primeira coisa que ela perguntou, sem rodeios.

-Não. -respondi, revirando os olhos. -eu nem sei se vou vestir. É estranho, sabe?

Do outro lado da linha, pude ouvir Dinah bufar, como se estivesse exasperada comigo.

-Camila, você não é nenhuma virgem para ficar se fazendo de tímida. Vai logo, veste esse troço antes que a Lauren chegue.

Balancei a cabeça, mesmo que ela não pudesse me ver.

-Não é isso, Dinah... Eu só... Não sei, tô com vergonha.

-Vergonha do quê? -Ela praticamente gritou no telefone, e tive que afastar o aparelho do ouvido por um momento. -Vergonha do que, Camz? Pelo amor de Deus! Ela vai adorar, confia em mim.

Suspirei, olhando de novo para a lingerie jogada na cama.

-Você não tá ajudando em nada, sabia? Acho que vou desligar.

-Não, não, não! Espera! -Dinah insistiu, com aquele tom dramático que só ela conseguia. -Camila, é sério, confia em mim. Coloca logo esse troço e se joga. Vai ser divertido, vai ver.

Revirei os olhos mais uma vez, mesmo que uma pequena parte de mim estivesse rindo.

-Tá bom, Dinah, eu vou... tentar, ok? Mas vou desligar agora.

-Tá, mas se apressa, antes que a Lauren chegue e você perca a chance! -Ela gritou antes que eu desligasse.

Soltei um suspiro profundo, largando o telefone na cama ao meu lado e voltando a encarar a lingerie como se ela fosse um grande desafio. De certa forma, era. Nunca fui exatamente o tipo de pessoa que se sentia à vontade em ser tão... provocante. Mas a ideia de surpreender Lauren, de vê-la com aquela expressão de surpresa misturada com desejo, me fez reconsiderar.

-Ok, Camila. -murmurei para mim mesma, enquanto pegava a peça e a segurava em frente ao corpo. -Você consegue fazer isso. Não tem nada de mais.

Com um último suspiro, levantei-me e comecei a me trocar. O tecido deslizou pela minha pele, macio e delicado, e quando terminei de me arrumar, me olhei no espelho. Surpreendentemente, não parecia tão ruim. Na verdade, eu estava até impressionada com o efeito da lingerie no meu corpo. Não era apenas a aparência, era a sensação de estar fazendo algo ousado, fora da minha zona de conforto.

Agora, só faltava esperar Lauren. E essa era a parte mais difícil.

Sentindo que ainda precisava de um pequeno empurrão para afastar de vez a vergonha, uma ideia surgiu na minha cabeça.

Vinho.

Nada melhor que uma taça de vinho para relaxar, certo?

Dei uma risada curta e segui em direção à cozinha, já planejando o momento em que poderia, finalmente, ficar mais à vontade. Porém, assim que passei pela sala, algo me fez parar abruptamente. A porta da varanda estava escancarada, e o vento fazia as cortinas balançarem levemente, abrindo uma bela e convidativa vista... para todos os vizinhos.

-Porra. -Gritei baixinho, congelando no lugar. Eu estava ali, só de lingerie, à vista de qualquer um que tivesse o azar (ou a sorte, dependendo do ponto de vista) de olhar para cima naquele momento.

ENTRE A LEI E O CORAÇÃO. -CAMREN G!POnde histórias criam vida. Descubra agora