Mudanças e escolhas

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Camila.

Sentei-me no sofá da sala, as lágrimas escorriam pelo meu rosto. A conversa que acabara de ter com meu pai havia sido um turbilhão de emoções. Ele estava furioso, e eu sentia um peso enorme em meu peito.

-Você acha que eu sou algum idiota?

Ele disparou, sua voz cheia de incredulidade.

-Você realmente achou que não ia perceber a cena que você fez com a Lauren no churrasco? Aqueles olhares, você pegando na mão dela por de baixo da mesa. Por Deus, Camila!

-Pai, por favor, não tem motivo para essa reação! -eu disse, as palavras saindo entre soluços. -Você estava tão feliz com a Lauren, e agora isso?

Ele olhou para mim, os olhos cheios de frustração e desapontamento.

-Não é isso que eu queria para você, Camila. Quero que você continue focada na faculdade, que quando se formar conheça um rapaz legal, alguém que possa te oferecer um futuro.

-Lauren é uma pessoa legal, pai! -Eu estava implorando, tentando fazer ele ver o que estava bem na minha frente. -Ela me faz feliz.

-Mas ela é uma mulher!

Ele respondeu em gritos, quase como se a revelação fosse a mais chocante de todas. O preconceito nas palavras dele me cortou como uma faca.

-Isso não passa de puro preconceito, pai! O que importa é quem ela é como pessoa, não o gênero! -Eu não podia acreditar que ele estava pensando assim, que sua visão era tão estreita. Eu sabia que meu pai não reagiria bem, mas não imaginava dessa forma.

Ele passou as mãos pelos cabelos, exasperado.

-Eu não quero mais saber de você junto de Lauren e muito menos ela frequentando essa casa. Você entendeu, Camila?

Meus olhos se arregalaram, e a indignação cresceu dentro de mim.

-Eu vou dormir na casa da Lauren. -Eu disse, me levantando do sofá.

"Camila, sente-se! -Ele gritou e o som da sua voz me fez parar no lugar. Nunca tinha visto meu pai daquela forma, e o medo começou a se misturar com a raiva. Olhei para minha mãe, à espera de alguma orientação, mas ela parecia paralisada, incapaz de intervir.

-Se você sair por aquela porta. -Meu pai disse com firmeza. -Não precisa mais voltar!

Eu olhei para ele, incrédula, e a dor aumentou.

-Pai, como você pode dizer isso? -Era uma pergunta que estava prestes a se tornar uma afirmação. -Se é assim, então eu vou embora por vontade própria!

Minha mãe finalmente rompeu o silêncio, sua voz suave e cautelosa.

-Alejandro, não precisa ser assim. Vamos conversar, por favor. Não precisamos fazer disso um drama.

-Não se intrometa, Sinu! -Ele cortou, sua frustração crescendo. -Isso não é da sua conta. Camila precisa entender que jamais irei tolerar isto.

Meu coração estava acelerado.

-Pai, você está sendo irracional!

Eu gritava, mas a sensação de impotência aumentava a cada palavra.

-Você só está pensando no que você quer e não no que eu quero!

Ele me encarou, e por um momento, a intensidade do olhar dele me fez hesitar. Mas eu não podia voltar atrás.

-Não vou me desculpar por gostar de Lauren. E se você não consegue aceitar isso, eu não posso fazer muita coisa.

A tensão na sala era palpável. Era como se o ar tivesse ficado mais denso. Eu me virei para minha mãe, buscando apoio. Mas ela apenas me olhou com uma expressão de dor, o que me deixou ainda mais desolada.

ENTRE A LEI E O CORAÇÃO. -CAMREN G!POnde histórias criam vida. Descubra agora