Patrulha na rua?

301 25 1
                                    

Camila.

O silêncio no carro durou alguns minutos, mas não era desconfortável. Pelo contrário, havia uma tensão suave no ar, como se ambas soubéssemos que, eventualmente, precisaríamos falar sobre os últimos dias. Eu estava ansiosa, mas me sentia estranhamente segura com Lauren ao meu lado. A cidade passava pela janela do carro, as luzes refletindo nos vidros, e eu estava hipnotizada por ela, pela maneira como ela dirigia com tanta calma, controlando o carro com precisão, mas de forma relaxada.

Finalmente Lauren quebrou o silêncio.

-Eu quero me desculpar. -ela disse, seus olhos ainda focados na estrada à frente. -Por não ter entrado em contato esses últimos dias.

Eu me virei um pouco no banco, surpresa pela iniciativa dela de tocar no assunto tão diretamente.

-Você estava ocupada, eu entendo. -respondi, tentando soar casual, mesmo que por dentro estivesse remoendo a situação desde que o beijo aconteceu.

-Sim, é verdade. -ela continuou, soltando um suspiro. -Tivemos alguns casos complicados na delegacia. Foi uma semana caótica. Mas, pra ser honesta isso não é desculpa. Eu deveria ter te mandado uma mensagem.

Olhei para ela, absorvendo suas palavras. Ela parecia sincera, e isso aliviava um pouco a insegurança que eu vinha carregando.

-Fiquei me perguntando se você se arrependeu.

Ela soltou uma risada curta, virando-se rapidamente para mim, os olhos brilhando com uma mistura de surpresa e um toque de culpa.

-Arrependida? Camila, a última coisa que eu faria seria me arrepender. Eu só... me compliquei. Achei que deveria dar um passo atrás. Não queria te pressionar ou te deixar desconfortável.

Minha ansiedade diminuiu um pouco ao ouvir aquilo, e soltei um sorriso pequeno, meio tímido.

-Você não me deixou desconfortável.

Ela me olhou novamente, por um breve segundo, e sorriu, aquele sorriso contido que me deixava ainda mais nervosa, mas de um jeito bom.

Pouco depois, o carro desacelerou e estacionou em frente a um restaurante que eu só tinha ouvido falar antes, um italiano renomado que sempre tinha fila de espera. O lugar era lindo, com uma fachada elegante e clássica, janelas amplas e luzes quentes que davam um toque acolhedor ao ambiente. As mesas do lado de dentro estavam ocupadas, e eu podia ver casais e grupos de amigos rindo e conversando ao som de uma música suave que tocava ao fundo.

Lauren desligou o carro e saiu antes que eu pudesse dizer qualquer coisa. Alguns segundos depois, ela estava do meu lado, abrindo a porta para mim com um gesto que parecia saído de um filme.

-Sempre tão cavalheira. -murmurei, meio brincando, enquanto saía do carro.

Ela sorriu de canto, aquele olhar de quem sabia exatamente o que estava fazendo.

-Eu tento.

Caminhamos lado a lado até a entrada do restaurante, e eu percebi que minhas mãos estavam levemente trêmulas, mas eu tentava me acalmar.

"Não deixa a ansiedade estragar tudo" pensei.

Lauren, por outro lado, parecia tranquila, com suas mãos nos bolsos e um passo firme, quase como se estivesse em controle de tudo à sua volta. Também percebi que ela carregava uma arma por dentro da camiseta, em sua cintura. Acredito que até em seus dias de folga os policiais devam andar sempre protegidos.

Assim que entramos no restaurante, fomos recebidas por um garçom de uniforme impecável, que nos olhou com profissionalismo e uma leve reverência.

-Boa noite. -ele disse, com um sorriso educado. -Mesa para duas?

ENTRE A LEI E O CORAÇÃO. -CAMREN G!POnde histórias criam vida. Descubra agora