Camila.
Enquanto eu terminava de colocar meus livros na mochila, minha mente voltou à noite passada. A briga com Lauren, o ciúme que me dominou.
-Eu fui tão idiota. -murmurei para mim mesma, me encarando no espelho.
-Não tinha motivo para todo aquele drama. -Suspirei, tentando me convencer de que precisava parar de agir como uma criança mimada.
Meu celular vibrou sobre a cama, interrompendo meus pensamentos. Quando vi o nome da minha mãe piscando na tela, meu corpo ficou tenso. Pensei em ignorar, em deixar a chamada cair na caixa postal, mas algo dentro de mim me fez atender.
-Oi, mãe.
-Camila, como você está, minha filha? -A voz dela veio suave, quase cautelosa, como se estivesse pisando em terreno minado.
Eu respirei fundo, já sabendo aonde essa conversa iria chegar.
-Estou bem. E a senhora?
-Estamos todos bem, mas a casa não é a mesma sem você aqui... -ela fez uma pausa, provavelmente escolhendo as palavras com cuidado. -Você devia voltar, Camila. Seu pai sente sua falta.
Eu apertei o telefone com mais força, minha mandíbula se tensionando automaticamente.
-Se ele realmente sentisse, ele teria ligado. -Respondi, um pouco mais ríspida do que pretendia.
Ouvi o suspiro do outro lado da linha, um som carregado de frustração.
-Ele é teimoso, você sabe disso. Mas no fundo, ele se importa. Só precisa de tempo...
Eu quase ri de nervoso. "Tempo," pensei, "sempre tempo."
-Mãe, o problema não é o tempo. O problema é que ele não consegue me aceitar como eu sou. Ele deveria ser o primeiro a me apoiar, não o contrário.
Ela ficou em silêncio por alguns segundos. Eu sabia que ela concordava comigo, mas sempre tentava proteger as duas partes, como se conseguisse colar os cacos de uma relação que se quebrou há muito tempo.
-Eu sei, Camila... -Sua voz saiu em um sussurro, cansada, triste. -Só... eu queria que você considerasse voltar. Nem que fosse para uma conversa, uma tentativa de reconciliação.
Meus olhos arderam de frustração, mas eu me controlei. Eu não podia ceder, não dessa vez.
-Mãe, eu estou melhor aqui, longe disso tudo. Pelo menos aqui, eu não preciso provar quem eu sou o tempo todo.
-Eu entendo, filha... -Ela parecia desamparada, e isso me quebrou um pouco. -Só... pense nisso, por favor.
-Eu vou pensar. -respondi, mesmo sabendo que, no fundo, essa conversa não mudaria nada.
Ela me deu um "tchau" fraco, e eu desliguei, sentindo o peso daquilo tudo sobre meus ombros. Meu coração estava dividido. Por um lado, eu sentia falta da minha mãe, da casa onde cresci. Mas por outro, voltar seria admitir que talvez eu estivesse errada em seguir o meu caminho.
E, neste momento, eu não podia me dar ao luxo de fraquejar.
Após desligar o telefone, eu fiquei ali, parada por um instante, sentindo o peso da conversa com a minha mãe. O ar no apartamento estava parado, abafado pela tensão. Balancei a cabeça, tentando afastar aqueles pensamentos. Respirei fundo e fui até a cozinha, tentando me concentrar em qualquer coisa além do passado.
Abri a geladeira, peguei a garrafa d'água e dei um longo gole, sentindo o líquido gelado descendo pela garganta. Fechei a geladeira com um leve empurrão e fui até a porta do apartamento, pegando minha bolsa. Tranquei a porta atrás de mim, tentando organizar meus pensamentos enquanto descia as escadas em direção à rua.
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ENTRE A LEI E O CORAÇÃO. -CAMREN G!P
FanficCamila se preparava para o próximo capítulo de sua vida, na cidade nova, sonhando em se tornar veterinária com seus 22 anos de vida. Enquanto Lauren, com 29 a delegada da cidade, continuava seu trabalho, mais comprometida do que nunca. Como duas pes...