Parabens, pai.

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Camila.

Hoje era o aniversário do meu pai, ele estaria completando 50 anos e eu sabia que hoje era uma data muito especial. Não só por ser seu aniversário, mas também pelo fato de que em uma das minhas datas favoritas, onde quando eu era criança, sempre escrevia cartinhas de aniversário para meu pai, hoje eu e meu pai não estávamos mais nos falando.

Sentei-me na cama, com o telefone na mão, ouvindo Dinah do outro lado da linha insistindo para que eu fosse ao aniversário do meu pai. Lauren estava sentada ao meu lado, as mãos fortes fazendo uma massagem leve e cuidadosa no meu pé. Olhei para ela e senti o conforto que sua presença me trazia.

-Você deveria ir, Mila. -Dinah dizia com um tom persuasivo. -É o aniversário do seu pai. Vai lá, só pra dar um oi e desejar feliz aniversário. Não custa nada.

Soltei um riso seco, sem conseguir esconder a ironia.

-Ah, claro, nada como voltar para a casa onde fui praticamente expulsa. -respondi, com uma pontada de sarcasmo que nem tentei disfarçar.

Do outro lado, Dinah suspirou.

-Você não foi expulsa, Camila... Seu pai falou aquilo de cabeça quente. Ele é complicado, eu sei, mas vocês já passaram por tanta coisa juntos. É só um feliz aniversário, um encontro rápido.

Lauren apertou levemente meu pé, sinalizando que estava prestando atenção na conversa. Ela permaneceu em silêncio, mas o olhar atento que me lançava deixava claro que sabia o quanto esse assunto mexia comigo.

-Dinah, eu sei que você sempre tenta amenizar, mas não dá pra esquecer o que ele falou. -murmurei, tentando manter minha voz firme, mas a mágoa se infiltrava nas palavras. -Ele deixou bem claro o que pensa sobre as minhas escolhas.

-Eu sei, bunduda, mas ele é seu pai. As coisas entre vocês sempre foram intensas... A relação de vocês tem altos e baixos, mas vocês se amam.

Revirei os olhos, mesmo sabendo que Dinah não podia ver.

-Às vezes o amor não é o suficiente. -respondi, baixinho, olhando para Lauren, que continuava com a massagem sem interromper.

Dinah soltou um suspiro frustrado do outro lado da linha.

-Pelo menos pensa nisso, Camila. Ele é complicado, mas ele se importa. Eu só acho que vocês precisam de uma chance para resolver isso.

Respirei fundo, tentando conter o amontoado de sentimentos. Parte de mim sabia que Dinah tinha razão, havia uma conexão com meu pai que, mesmo frágil, ainda existia. Mas, ao mesmo tempo, toda aquela bagagem emocional era um peso que eu já não tinha forças para carregar.

-Tá bom, Dinah. Vou pensar. -disse, mais para encerrar o assunto do que realmente considerando a ideia.

-Isso aí. -ela respondeu, com um tom mais aliviado. -Você sabe que pode contar comigo, não importa o que decida.

Após desligar, deixei o celular de lado e encostei-me à cabeceira da cama, soltando um longo suspiro.

Lauren deslizou sua mão do meu pé para o meu tornozelo, seus olhos encontrando os meus.

-Vai mesmo pensar em ir? -perguntou, a voz suave, mas carregada de interesse.

Fiquei em silêncio, considerando a pergunta por um instante, antes de finalmente balançar a cabeça.

-Não sei, Lauren... Não sei se vale a pena. Esse encontro pode abrir feridas que eu já não consigo mais remendar.

Lauren apertou minha mão, oferecendo o conforto silencioso que eu precisava.

ENTRE A LEI E O CORAÇÃO. -CAMREN G!POnde histórias criam vida. Descubra agora