ENTRE A LEI E O CORAÇÃO. -CAMREN G!P

De volta

Lauren.

Um mês...

Hoje seria meu primeiro dia de volta à delegacia depois de um mês de repouso, um mês que pareceu muito mais longo do que imaginei. O ombro ainda me incomoda em alguns movimentos mais bruscos, mas fiz o que me mandaram, segui todas as sessões de fisioterapia com disciplina. Camila, sempre tão atenciosa, assumiu o papel de "mãe superprotetora" nesse período, insistindo em cada detalhe do tratamento como se minha vida dependesse disso. Cada manhã era marcada por seus lembretes de repouso e de exercícios específicos, e quando estava na faculdade, ela sempre arrumava um jeito de ligar, checando como eu estava. Eu ria, mas lá no fundo, eu sabia que precisava desse cuidado todo.

Apesar disso, o que pesou mais foi ver o impacto das ligações constantes do pai dela. Cada nova chamada parecia um ataque à força e à paz de Camila. Ele usava o tom frio e ameaçador de sempre, tentando manipulá-la a voltar para casa, usando palavras pesadas, que a deixavam abalada. Ver a tristeza se formando nos olhos dela depois dessas conversas me irritava de um jeito que era difícil de controlar. Em mais de uma ocasião, senti uma vontade de marchar até ele e resolver as coisas do jeito que eu sabia.

Mas esse mês longe das ruas também me deu tempo para refletir sobre o quanto preciso estar forte, não apenas por mim, mas por nós.

Desde que fui baleada, percebi cada detalhe da maneira com que Camila cuidou de mim, a dedicação, o carinho, e como ela fez de tudo para que eu me sentisse bem mesmo com as limitações no ombro. Ela era minha companheira em todos os sentidos, e, naquele mês, ficou claro o quanto eu não queria mais só pensar em nós duas como uma possibilidade indefinida.

Na verdade, já fazia uma semana que tinha decidido que a pediria em namoro. Esse desejo vinha crescendo em mim há um bom tempo, mas agora, mais do que nunca, sentia que era o momento certo para formalizar nosso laço, dar esse passo. Comprei um anel, delicado e discreto, com um pequeno diamante solitário sobre uma fina aliança de prata. Era exatamente o que eu sabia que combinaria com ela. Sempre que via o anel, escondido ali, guardado em segredo, sentia uma ansiedade boa, um misto de nervosismo e entusiasmo.

A única questão era encontrar a ocasião perfeita. Camila, sem saber, carregava um jeito de transformar todos os momentos em algo especial, mas a última coisa que eu queria era que ela visse o anel antes do tempo. Estava sempre comigo, no bolso da jaqueta ou na mochila, de forma que ela não tivesse a menor chance de encontrar. E, claro, no fundo, eu sabia que não precisávamos de uma situação grandiosa para esse pedido. Bastaria a calma de um instante a sós, a verdade de um olhar trocado, o jeito como ela me faz querer ser alguém melhor.

Por enquanto, apenas esperava.

Estacionei o carro na vaga de sempre, desligando o motor e tomando um instante para respirar. Antes de sair, abri o porta-luvas e peguei minha arma, posicionando-a na cintura com um cuidado automático. Senti o peso dela ali, como uma extensão do que eu era, e o calor familiar de estar pronta para enfrentar o que viesse. Depois de um mês fora, voltar à delegacia era uma espécie de desafio; havia ansiedade no fundo da mente, e um pouco daquela adrenalina que só o caos do meu trabalho conseguia provocar. Afinal, o que me esperava lá dentro?

Assim que cruzei as portas, fui recebida por aplausos. Aquilo me pegou de surpresa, e senti meu rosto esquentar, algo que eu não esperava. Vários dos agentes vieram me cumprimentar, alguns com palmas nas costas, outros com sorrisos que diziam mais do que palavras. Estavam felizes em me ver de volta, e isso era quase estranho de admitir, mas... também me fazia bem. Entre os parabéns e perguntas sobre como eu estava, mantive um sorriso agradecido, tentando não parecer afetada demais.

Foi então que vi Normani se aproximando, um sorriso de admiração e segurança estampado no rosto, com o distintivo reluzente em suas mãos. Ela me estendeu o objeto, e, num tom firme e familiar, disse.