capítulo 25

804 35 65
                                    

ponto de vista de Marina Becker.

Acordei de uma noite totalmente exaustiva tem cerca de vinte minutos. Foi realmente complicado pegar no sono enquanto pensava em mil acontecimentos diferentes com meu avô e na possivel forma que irei me despedir da família que criei aqui. Não conseguia de jeito nenhum tirar as preocupações da minha cabeça. O que era para ser um momento de relaxar e descansar pelo dia intenso, só me prejudicou mais ainda.

Com isso, acabei perdendo o horário para a aula, me fazendo faltar mais uma vez seguida.
Merda.

Não conseguia pensar em outra coisa a não ser no vovô e o estado que está. Ontem de noite, não recebi mais tantos detalhes de minha mãe, apenas aquela breve explicação, me preocupando bastante.

Cheguei a enviar e apagar inúmeras mensagens para a mesma, todas perguntando se o melhor não seria eu voltar para o Brasil e ficarmos todos juntos, por pelo menos esse período. Pode não ser o certo, mas eu faria de tudo para um último abraço do meu velhinho.

Me espreguiçei em meio de um grande bocejo ainda na cama e me esforcei para pegar o meu celular no móvel ao lado, que já me deparei no mesmo instante com mensagens no meu grupo de amigos perguntando por mim, e exclusivamente, milhares de Cristiano.

Sem pressa, respondi uma por uma tranquilizando o meu garoto e deixando os meus amigos cientes do motivo da minha falta, que não era nada de mais, eu apenas perdi o horário.

Quero dizer, eu prefiro acreditar nisso.

Após mais um bocejo, me levantei, calçei um par de pantufas de Camilla e caminhei lentamente para o meu banheiro, onde me dei de cara com o meu reflexo enorme no espelho. Meu rosto estava inchado, os meus olhos vermelhos e o meu nariz entupido, depois de derramar tantas lágrimas na noite anterior pensando em cada possibilidade da vida do meu avô e possivelmente na minha despedida.

Joguei uma água gelada no rosto na intenção de despertar e escovei os dentes, sequei as minhas mãos e voltei ao meu quarto. Hoje durante a tarde tenho o jogo do Cris para ir, e espero muito que isso me deixe melhor.

Mandei um simples bom dia para minha mãe e ainda aguardava sua resposta sobre a minha pergunta insistente.
Quero tirar essa manhã para organizar algumas coisas no apartamento e assim ficando preparada para qualquer imprevisto. Já não basta a minha cabeça estar uma bagunça, agora a nossa casa? Não dá.

Liguei alto uma música com a esperança de me animar um pouco e iniciei tirando tudo do meu guarda-roupa, deixando sobre a minha cama enrugada e confortável.
Fui dobrando cada peça e apreciando todas as que amo e tenho um grande apego. Algumas imensas memórias guardadas. Também me deparei com muitas que trouxe do Brasil, me recordando de diversos momentos por lá.

Continuando aquela arrumação, encontrei alguns dos poucos conjuntos que usei no acampamento, os curtos dias mais marcantes e confusos da minha vida.
O vestido que usei no meu primeiro beijo com Cristiano. O biquíni da nossa primeira vez juntos na piscina. O pijama de todas as hilárias guerras de travesseiros com as minhas amigas. Apesar de muitas lágrimas derramadas, foram experiências inesquecíveis.

No meio de tudo aquilo, também achei o moletom que o garoto havia me emprestado, exalava o seu perfume marcante e o conforto do seu abraço em contato comigo. Encontrei junto as camisas de time que usei em sua casa e sentia mais inúmeras memórias boas voando pelo meu quarto.

Agora, no spotify tocava "Incondicional", que sem controle nenhum alcança sempre no fundo do meu coração.

Lembro de dedicar essa música para os meus melhores amigos, quando ainda tínhamos algum tipo de contato. Esse é com certeza um arrependimento de ter vindo à Portugal, aconteceu o que eu mais temia. Perdi o contato com as minhas metades. Giulia, Laura e João.

Meu Camisa 7 - Cris Jr. Onde histórias criam vida. Descubra agora