CAPÍTULO 3

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Tomás não conseguiu dormir direito naquela noite.

Ele não sabia o que o havia deixado mais intrigado...o retorno daquela garota ao bar, ou a cena que ocorreu no estacionamento, quando ela deu um tapa no rosto daquele homem e ele surpreendentemente não reagiu! 

Quem seria aquela tal Patrícia? Claro, Tomás deduziu...certamente o nome dela não era Patrícia.

Quem seria o tal  Saulo? Que relação ele teria com aquela mulher e por que era tão importante que ela viesse para aquele barzinho pra dançar? Estaria ela querendo castigar ou desafiar  o suposto  companheiro?

_Procura aí na internet. _ sugeriu o patrão.

_Não é tão simples assim, Jordão! _ o funcionário esclareceu. _Primeiro porque eu duvido que o nome dela seja Patrícia e segundo porque você sabe quantas Patrícias existem  só nesta cidade? Seria como procurar uma agulha num palheiro!

_Deve ser uma louca! _ disse Jordão quando Tomás contou o que havia acontecido no estacionamento. _Uma menina como aquela enfrentando um homem como aquele! 

_Ela não me pareceu uma louca!

_E você lá entende de mulher, Tomás? _ o patrão falou nervoso. _ O que eu quero saber é que tipo de relação aqueles dois têm, porque se forem marido e mulher, ou amantes, sei lá...quero que você diga que eu não estou interessado! Não quero bagunça aqui na casa e com aquela cara de chefão do morro, ele pode voltar armado e fazer uma carnificina aqui!

Tomás sentiu um arrepio e percebeu que o patrão poderia estar certo.

Patrícia parecia ser uma moça com uma boa situação financeira, isso dava pra ver, e talvez fosse caprichosa o suficiente para fazer aquilo apenas para desafiar o marido...ou namorado...ou amante...ou seria ele um irmão mais velho?

_Você sabe que vai ser difícil arranjar uma substituta pra Juliana...

_Nada...Igual a Juliana eu consigo umas dez por aí. Além do mais, depois da terceira dose, estes caminhoneiros não saberiam a diferença entre uma e outra.

_Não é bem assim, Jordão...Eles preferem ir ver a tal Silvaninha, do que ficar aqui olhando um pra cara do outro...Uma mesa de sinuca...

O patrão não deixou o empregado continuar:

_E eu vou tirar dinheiro pra uma mesa de sinuca onde? Tá louco? Sem falar que eu já fiquei sabendo de muito homem matando e também morrendo em mesa de jogo! 

Os dois se surpreenderam quando a porta abriu e Patrícia entrou com o capacete da moto na mão. O movimento ainda estava fraco naquele momento. 

_Falando no diabo... _ comentou Jordão.

Tomás, apesar de surpreso com o retorno dela, ficou aliviado por perceber que não tinha acontecido o pior. 

Patrícia sentou-se ao lado dos dois. 

_Quais os dias de maior movimento aqui? _ ela quis saber. 

_Sextas e sábados. _ Tomás respondeu ainda confuso.

Jordão se adiantou, parecendo se esquecer do que tinha falado antes:

_ Domingo é um dia morto, aí não precisamos oferecer distração para os fregueses.

Patrícia franziu as sobrancelhas, parecendo achar estranho descreverem a sua apresentação como distração, mas não disse nada.

_Acha que o seu marido não vai se importar de você vir dançar aqui duas noites por semana? _ Tomás não se conteve.

SEM SAÍDA-Armando Scoth Lee-romance gayOnde histórias criam vida. Descubra agora