CAPÍTULO 19

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Tomás acordou com Estela lambendo o seu rosto.

_Êita, que eu já acordo todo babado, sua cachorra! _ ele disse tentando se afastar dela, enquanto passava as costas da mão na boca para retirar o excesso de baba. _O que você tem de linda você tem de folgada, menina!

O rapaz levou um susto quando viu a mão suja de tinta vermelha.

Aquela imagem o fez sentar-se rapidamente olhando para ambas as mãos confuso.

_Mas que merda é esta agora, meu Deus?

Num primeiro momento, chegou a pensar horrorizado que fosse sangue e só depois viu aliviado que não era.

_Essa não...Já vi que a louca aprontou de novo pra cima de mim. _ ele falou jogando o edredom de lado e saindo da cama preocupado.

O dia estava claro  e ele estranhou ver as luzes da casa acesas. Mecanicamente foi apagando uma a uma, tentando se lembrar se tinha visto Saulo voltar da tal reunião na véspera.

Como  nos outros apagões que havia tido, ele não se lembrava de nada! 

Assustado, Tomás viu que a porta de entrada  da casa estava aberta.

Havia sangue em alguns pontos da sala, como na maçaneta e também no sofá e no tapete.

Ele pensou o pior:

_ Mas o que é isso, meu Deus? Estela, será que fomos assaltados e acertaram o Saulo?

Ele foi andando até a porta e viu o carro de Saulo  na garagem estacionado de forma estranha.

Estela já corria na frente e latia em volta do veículo, como se percebesse que algo ali não estava bem.

Tomás correu e examinou dentro do carro, temendo encontrar o corpo de Saulo lá. Foi um alívio não encontrar nada.

Tomás examinou o carro batido...Havia  algumas manchas de sangue no banco do motorista.

_O que aconteceu aqui, afinal? Onde está o Saulo?

 Estela latiu anunciando algo e ele a seguiu  de volta até a casa... ela estava muito  agitada como se quisesse lhe mostrar mais alguma coisa.

Tomás parou na porta do quarto de Saulo e tampou a boca, temendo gritar e assustar o dono da casa.

Saulo estava estirado na cama que nem havia desarrumado, ainda vestido com as roupas da véspera sujas de sangue.

_Misericórdia! _ Tomás deu um passo atrás, encostou-se na parede e arregalou os olhos.

Mais uma vez, ele chegou a pensar que Saulo pudesse estar morto.

Estela latia em volta do corpo do dono da casa como se também temesse o pior.

Tomás respirou fundo tentando buscar coragem para verificar o pulso de Saulo, já temendo que ele estivesse morto e as consequências daquilo recaíssem sobre as suas costas. 

Como ele explicaria a sua presença na cena do crime?

Ninguém sabia que Tomás estava ali naquela casa e, por isso, poderiam suspeitar que ele houvesse  invadido o local e tivesse matado o dono da casa pra roubar, provavelmente. 

O rapaz estendeu a mão trêmula até o pescoço de Saulo na tentativa de verificar se ele estava vivo ou não.

Assim que Tomás  tocou o corpo, Saulo falou:

_Calma que eu ainda não estou morto, Tomás.

O rapaz deu um grito abafado de alívio:

_Graças a Deus!

SEM SAÍDA-Armando Scoth Lee-romance gayOnde histórias criam vida. Descubra agora