Saulo esmurrou o volante do carro e soltou um palavrão diante do trânsito caótico da cidade. Um acidente entre uma moto e um ônibus só piorou a situação.
Ele teria preferido mil vezes ter ficado em casa, ao invés de ir participar daquela reunião.
Trânsito parado, bombeiros trabalhando, duas ambulâncias foram convocadas...parecia que o motoqueiro levara a pior e tinha ido a óbito, mas também havia várias pessoas feridas no ônibus, alguém lhe informou.
Deixar Tomás sozinho era um risco muito grande, ele reconhecia.
O que Letícia poderia aprontar se novamente o fizesse sair de casa?
Ela havia se vingado de Priscila...ela também dava continuidade a sua vingança contra o tio...Saulo podia deduzir as pessoas que deviam estar na mira de Letícia e tinha certeza de que o nome dele também deveria fazer parte daquela lista. Ele sabia que ela nunca o perdoaria por não tê-la ajudado a destruir o deputado enquanto ela ainda estava viva.
Num primeiro momento, ela havia dito que precisaria da ajuda dele para dar andamento naquela vingança, mas até aquele momento, havia agido praticamente sozinha usando apenas Tomás.
Aquele tempo parado...ele iria se atrasar para a reunião...e ainda teria tempo de pensar no que não queria...Talvez o pior mesmo seria ter algum tempo livre para refletir sobre tudo o que estava acontecendo em sua vida...
A imagem de Tomás encolhido num canto do banheiro limpando os azulejos com um cotonete havia mexido com ele, Saulo finalmente admitiu.
Teria sido pelo fato do rapaz estar usando apenas uma camisa e estar com o traseiro arrebitado quando ele entrou, ou teria sido pelo fato dele ter ficado aliviado ao encontrá-lo ali são e salvo?
Saulo reconheceu que as duas coisas tinham mexido com ele...e não queria admitir aquilo...especialmente depois das insinuações de Letícia que havia dito que ele estava se sentindo atraído pelo funcionário do Bar do Jordão.
Talvez aquela estivesse sendo a vingança da falecida contra ele...arquitetar tudo para que ele ficasse sozinho com Tomás...dar um jeito dele sentir toda aquela aflição ao ver Tomás como um joguete nas mãos dela... perceber o risco que o rapaz estava correndo de ser descoberto e cair sobre ele a ira do deputado!
O que o seu patrão diria se soubesse que ele havia hospedado em sua casa um gay e que os dois estavam sozinhos? O que o seu patrão pensaria ao vê-lo acobertando o verdadeiro autor daquele caos em sua vida política, acreditando que ele incorporava o espírito de Letícia?
Saulo olhou a sua volta tentando desviar a atenção daqueles pensamentos...De um lado, alguns motoristas buzinando desesperados...do outro, ele invejou um senhor que devia ter uns 65 anos e que estava relaxado apenas vendo vídeos no celular e sorrindo.
Havia sido uma paixão intensa, Saulo reconhecia...pelo menos pra ele. Letícia Patrícia era fogosa na cama...ela era linda...sexy...e ele havia se apaixonado...tanto que lá no fundo poderia jurar que o deputado estava enganado. A sobrinha dele não havia se aproximado do funcionário apenas para tentar obter informações sobre o tio...Saulo saberia se ela não estivesse sendo sincera com ele especialmente na cama.
Saulo havia tido muitas namoradas, mas nenhuma como Letícia. Se antes as mulheres de sua vida pareciam vazias, fúteis e descartáveis pra ele, mais ainda depois que ele ficou com Letícia. Priscila tinha sido a pior, ele admitia. Por que mesmo tinha ficado com ela? Porque ela era linda e talvez o fizesse se esquecer de Letícia de vez, pensou de início. Pura ilusão.
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SEM SAÍDA-Armando Scoth Lee-romance gay
RomanceIMPRÓPRIO PARA MENORES- Aquela poderia ter sido apenas mais uma noite entediante no Bar do Jordão, um barzinho miserável de beira de estrada e que era uma parada obrigatória para vários caminhoneiros....Uma jovem enigmática que se destaca no ambie...