CAPÍTULO 1

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O dono do bar entortou a boca entediado vendo aquele remexer preguiçoso de Juliana.

Era difícil conseguir alguém que soubesse dançar bem pelo salário que ele pagava, ele reconhecia, mas era visível que  ela se esforçava cada vez menos para agradar os fregueses.

Jordão passou os olhos pelo bar e contou desanimado...cinco caminhoneiros... Quando  foi a última vez que ele teve a casa cheia? Nem se lembrava.

_Mexe esta bunda, Juliana! _ um dos caminhoneiros gritou. _Parece engessada! 

Os homens riram do comentário. 

_Vai se danar, Tocantins! _ ela gritou de volta.

Era assim que eles se identificavam...pelos nomes das cidades de origem...ou às vezes se tratavam por baiano, mineirinho, carioca...A maioria dos fregueses que frequentavam ali eram caminhoneiros que cortavam o país levando as suas mercadorias.

_Talvez ela já esteja velha e pesada demais pra rebolar pra gente! _ outro freguês gritou.

A moça fez um gesto obsceno que arrancou gargalhadas dos fregueses já meio bêbados e que pareciam desanimados de seguirem viagem naquela noite.

Havia um estacionamento em frente ao Bar do Jordão e ele exigia  apenas que consumissem alguma coisa no bar para terem o direito de passarem a noite ali.

Os fregueses, porém, não deixavam de exigir alguma qualidade naquele showzinho barato que pretendia segurá-los ali um pouco mais. 

_Talvez seja melhor puxarmos o carro e passarmos a noite no bar do Valdir. _ um dos caminhoneiros ameaçou.

_Aqui pelo menos o banheiro é limpo, Castro! _ o outro lembrou. _E os copos também!

_ E o barman tem a bunda mais gostosa do que a bunda da Juliana! _mais um  provocou a moça. 

Tomás, o balconista, não dava ouvidos a comentários como aquele, pois sabia que a maioria ali já tinha bebido demais e não valia a pena discutir.

_Se vão ficar falando  veadagem, é melhor procurarem  outro lugar pra ficarem! _ Jordão falou em tom ameaçador e todos voltaram a se comportar. 

O proprietário do bar  impunha respeito, quando queria...tinha quase dois metros, mais de cem quilos e dificilmente sorria para os fregueses. 

Jordão  cochichou com Tomás ao ver  dois clientes indo embora logo depois.

_Pelo amor de Deus, Tomás, dá um jeito nela pra mim, porque assim a gente vai à falência!

Tomás deu de ombros, se sentindo impotente, pois não sabia mais o que fazer. O patrão pagava uma miséria para a moça, assim como também pagava uma ninharia para aquele que não só cuidava da limpeza do lugar, como também tinha que dar conta do tira gosto que acompanhava as bebidas, servir as mesas e tentar ajudar a dançarina na coreografia.

O rapaz acreditava que Jordão teria mais lucro se aceitasse a sua sugestão de instalar umas máquinas de jogos e também uma mesa de sinuca, mas o patrão não havia concordado.

_Esta caixa de som  também não ajuda, Jordão! _ era Juliana que descia do palco improvisado vindo tomar água e retocar a maquiagem já borrada pelo calor.

Tomás secou as mãos no pano de prato e veio retocar a maquiagem da infeliz. 

_Homaiada grossa...sem educação... _Juliana explodiu indignada.

SEM SAÍDA-Armando Scoth Lee-romance gayOnde histórias criam vida. Descubra agora