CAPÍTULO 11

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Profundamente  em choque com a notícia da morte de Patrícia, Tomás ficou largado no banco de trás, completamente sem forças pra reagir... sem se importar para onde aquele homem iria levá-lo.

Tudo o que ele havia visto no celular de Saulo  parecia ser autêntico e confirmava que realmente a sua amiga havia morrido...há dois meses.

O fato de não apenas Saulo, como também Jordão e os frequentadores do bar terem afirmado que haviam visto Patrícia dançando recentemente  no bar ainda dava um nó na cabeça do rapaz. Por que haviam inventado aquilo? Por que haviam mentido pra ele? Aquilo  não fazia sentido algum. 

Tomás já tinha ouvido  falar em surto coletivo, mas, naquele caso, ele estava preferindo acreditar que seria ele o louco... Era mais fácil acreditar que ele estava surtando, do que imaginar que tinha sido Jordão a mentir pra ele...ou mesmo todos aqueles caminhoneiros...

Supondo que realmente tivesse uma garota parecida com Patrícia dançando no Bar do Jordão...quem seria ela? Por que então Saulo não ia atrás dela? Por que aquele sadismo de ter ido atrás dele só para infernizar a sua vida? Por que Saulo  inventaria uma teoria da conspiração contra o  candidato a deputado e levaria isso ao conhecimento de um balconista de um barzinho qualquer?

Nada fazia sentido e o sequestrado achou que a cabeça dele iria explodir com tantas informações dentro dela...com tantas perguntas sem respostas!

Os berros do motorista ao celular chamaram a atenção do passageiro:

_Mas como assim ela atacou mais um adestrador? Esse já é o quarto que eu contratei!

A voz do outro lado não estava menos irritada e era de uma mulher:

_Que tal contratar um exorcista da próxima vez? Este monstro só pode estar possuído, Saulo!

Saulo esmurrou o painel do carro três vezes, parecendo se esquecer que não estava sozinho, deixando Tomás mais assustado ainda.

_Onde ela está agora? _ Saulo berrou.

_Onde mais poderia? _ a voz da jovem do outro lado não baixou o tom. _O desgraçado simplesmente despejou ela aqui e disse que vai denunciar a filha da puta! Eu te avisei que era pra matar este bicho...que não tinha jeito com ela...ela é um perigo pra todos nós, Saulo...e imagine se ela solta...ataca alguém na rua...ela pode matar uma pessoa, Saulo!

Saulo deu um urro dentro do carro, mais uma vez parecendo se esquecer de que não estava sozinho:

_Mas que inferno! 

Tomás se  encolheu todo, temendo que o sequestrador viesse descontar a sua raiva sobre ele.

A garota do outro lado continuou, sem se intimidar:

_Ricardo, o nosso vizinho, disse que não consegue dormir com ela aqui, porque você sabe que ela uiva a noite toda parecendo chamar a cadela vadia  que era dona dela...

_Já te falei pra não chamá-la assim! _ Saulo protestou mais irritado ainda.

_ Cadela...vadia...piranha... _ a garota continuou provocando. _ Quero mais é que ela esteja no inferno e lamento por ainda não ter  vindo buscar esta coisa que deixou pra trás...E é por isso que as duas se davam tão bem...porque eram duas cadelas  mesmo!

Saulo continuou a protestar, mas a garota parecia ignorar o que ele dizia e perguntou:

 _E aí? Você volta pra casa hoje e dá um jeito nela, ou eu mesma faço isso? Porque aqui é que ela não fica mesmo, porque se os vizinhos  não chamarem a polícia...eu mesma chamo e você sabe que eu estou falando sério!

SEM SAÍDA-Armando Scoth Lee-romance gayOnde histórias criam vida. Descubra agora