CAPÍTULO 20

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Depois de algumas horas de repouso  e do analgésico que havia tomado começar a fazer  efeito, finalmente Saulo levantou-se e foi tomar um banho.

_Se precisar de ajuda... _ ofereceu Tomás.

Saulo interrompeu rápido:

_Eu lhe garanto que não vou precisar da sua  ajuda! Nem sonhe em entrar neste banheiro, Tomás! Falo sério!

Tomás não deixou a oportunidade escapar e se defendeu sem disfarçar que havia ficado ofendido:

_É sério que você é do time que acha que gay não pode ver um hétero nu que vai logo ficando de quatro?

Saulo não queria ter aquela conversa com ele...e torceu para que Tomás entendesse logo isso.

_É você quem está falando...Só disse que não preciso da sua ajuda. Posso me virar sozinho.

_ Sério? Deveria ter falado isso quando eu estava limpando os seus ferimentos...

Saulo suspirou  impaciente, parado na porta do banheiro e doido pra entrar e se ver sozinho.

_ Obrigado por limpar os meus ferimentos, te devo essa e agora me deixe em paz que posso tomar banho sozinho. 

Ele entrou no banheiro e  fez menção de fechar a porta.

_Pelo menos não tranque a porta...

O dono da casa enfiou a cabeça pra fora e questionou em tom ameaçador:

_Preciso trancar a porta? Porque eu estou na minha casa e agora vou ter que trancar a porta, é isso? Acho que tenho o direito a ter um mínimo de privacidade dentro da minha casa...

Tomás apelou:

_Então tranque e se ficar tonto e arrebentar a cabeça na beirada da pia, ainda vou ter que chamar o vizinho pra me ajudar a botar esta porta no chão! Quem sabe você prefere que eu vá lá chamá-lo pra te ajudar a tomar banho? Ele é macho o suficiente para não te colocar em risco?

_Não vou ficar aqui perdendo o meu tempo com você...Cara chato!

Saulo entrou e bateu a porta na cara de Tomás.

_Vou ficar aqui até você acabar o seu banho, mal agradecido. 

_Vai à merda, Tomás e me deixe em paz!

Tomás, porém, não conseguia se controlar:

_Conheço o tipo...Você é daqueles que nunca farão um exame de toque retal...Preferem ter um câncer de próstata do que correr o risco de gostarem do dedinho...

Saulo gritou antes que o outro terminasse a frase:

_Dá pra calar a boca?

Tomás não disse mais nada, porém preferiu não se afastar.  Esperaria ali mesmo e aproveitaria pra dar asas à imaginação sabendo que havia um homem daqueles ali tão perto e completamente nu.

A imagem que Saulo  viu no espelho o assustou. 

Ele reconheceu que não estava focado no trânsito a sua frente, quando aconteceu o acidente. 

O nariz estava inchado, assim como a boca e os olhos avermelhados que também demonstravam que a batida tinha sido feia. 

Tomás havia aconselhado  que ele não trancasse a porta e, na dúvida do que ele poderia pensar, Saulo obedeceu. Porém,  saber que o rapaz  estava ali, a apenas alguns passos inclusive tendo acesso ao banheiro deixou Saulo incomodado.

SEM SAÍDA-Armando Scoth Lee-romance gayOnde histórias criam vida. Descubra agora