CAPÍTULO 2

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A moça olhou para Tomás  sem acreditar no que tinha acabado de escutar:

_Duvida de quê?

Ele deu de ombros, certo de que a brincadeira continuava...Obviamente, ele acreditou, ela jamais se sujeitaria a fazer aquilo!

_Duvido que você ou alguém neste mundo faça melhor do que a Ju neste palco improvisado...com esta iluminação...este som...A Ju faz milagres aqui, isso sim!

_Deixa de ser atrevido, moleque! Como ousa? _ ela o encarou ainda sem acreditar que ele estava duvidando da capacidade dela.

Tomás  riu sem imaginar no que estava se metendo!

_Filha, é impossível fazer algo que preste ali naquele espaço!

Naquele momento, entrou no bar um grupo de uns dez caminhoneiros, desviando a atenção de Tomás da motoqueira misteriosa. A discussão sobre a qualidade do show de Juliana teria que ficar para depois.

Os recém-chegados pareciam viajar em comboio e chegaram falando alto, reclamando da luz fraca, do calor infernal ali dentro, do mesmo show ruim de sempre...

_Tomás, um torresminho bem sequinho pra eles aí! _ o proprietário tentou agradar os fregueses que não paravam de reclamar. _E a bebida com dez por cento de desconto, rapazes!

_Ajuda aí, Jordão! A gente enfrenta dez horas atrás do volante, aí chega aqui e vai ter que encarar esta merda da Juju?

Comentários similares surgiram deixando claro que os caminhoneiros não estavam satisfeitos com o que viam.

Juliana, já cansada de ser humilhada, desceu do palco e veio até Tomás, como se ele fosse o patrão:

_ Pra mim, chega! Tô indo embora!

O balconista entrou em pânico:

_Não, Ju...Espera aí... O Jordão vai comer o meu fígado se você sair assim!

Ela estava irredutível:

_Fala pra ele que a minha menstruação chegou ou invente qualquer merda, Tomás! Só sei que hoje eu não danço mais pra este bando de idiotas!

Tomás viu a amiga se afastar revoltada, enquanto os recém-chegados exigiam atenção.

O palco permaneceu vazio por longos minutos,  para decepção de um ou dois caminhoneiros:

_Cadê o grande show, gente? Passei aqui só pra ver a Juju dançar!

Jordão veio até o balcão em tom ameaçador:

_Não venha me dizer que aquela vadia já foi embora?

_Ela ficou menstruada... _ gemeu Tomás temendo pelo futuro da amiga ali naquele estabelecimento.

Jordão começou a xingar e o caos foi se formando ali, com os caminhoneiros fazendo os seus pedidos, outros perguntando sobre Juliana e ainda aqueles que ameaçavam irem embora se não houvesse nada mais ali além de cerveja gelada e torresminhos fritos na hora.

O dono do bar decidiu que iria ele mesmo levar os pedidos dos fregueses nas mesas, ofereceria mais  algum desconto... talvez isso massageasse um pouco o ego de cada um... mas ameaçou antes:

_Se eu perder freguês por causa daquela piranha, eu vou descontar é no seu salário, Tomás!

_Mas aí é sacanagem, Jordão! _ o rapaz protestou. 

_Pensasse nisso quando veio pedir emprego pra ela aqui! Ela é responsabilidade sua, Tomás...sua!

O rapaz ficou olhando o patrão se afastar cheio de garrafas, enquanto ele fritava os tira gostos.

SEM SAÍDA-Armando Scoth Lee-romance gayOnde histórias criam vida. Descubra agora