CAPÍTULO 24

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Uma noite, Saulo teve um sonho em que  ele estava dormindo em seu quarto, quando sentiu que alguém passava a mão pelo seu corpo. 

No sonho, ele ficou assustado e  abriu os olhos rapidamente, já agarrando a mão que o alisava daquele jeito e se deparou com Letícia completamente  nua sorrindo pra ele.

Antes que ele dissesse qualquer coisa, ela simplesmente subiu na cama e colou  o  corpo no dele. Somente naquele momento, Saulo percebeu que também estava completamente nu. 

Saulo foi ficando completamente excitado, enquanto ela   não dizia nada, apenas sorria pra ele e se esfregava languidamente no corpo dele. 

Ele lembrou-se que Letícia  estava morta e a empurrou sentindo repulsa daquele contato físico tão íntimo. 

A pele da moça foi se soltando como se fosse a pele de uma cobra e no lugar de Letícia, aos poucos foi surgindo Tomás.

Assim que o processo terminou, Tomás sorriu  e se aproximou devagar sem perder o contato visual. 

Saulo não conseguia pensar direito, enquanto o outro explorava o seu corpo com os lábios úmidos  numa lentidão que chegava a provocar certa aflição, talvez pelo medo de alguma coisa impedir que os dois chegassem às vias de fato. 

Tomás aproximou-se do ouvido de Saulo e disse com a voz sensual:

_Peça-me o que quiser...sou todo seu...

Saulo  acordou ofegante e excitado! Ficou aliviado, quando percebeu que tudo não passara de um sonho.

"Devo estar ficando louco", pensou com os olhos arregalados na escuridão e sentindo o corpo ainda trêmulo pela experiência que iria se permitir viver. 

Ele preferiu responsabilizar Letícia por provocar aqueles sentimentos tão absurdos na cabeça dele. Sabia que ela se sentiria vingada, se ele passasse a desejar outro homem!

Quando, na manhã seguinte, Saulo  recebeu a notícia de que deveria  voltar ao trabalho, ele   pensou que deveria se sentir aliviado por se afastar um pouco de Tomás, mas não foi isso o que aconteceu. 

Saulo  admitiu pra si mesmo  que  não queria deixar Tomás sozinho...também  não queria encarar o deputado Lemos...e nem estava disposto a  encarar os colegas que certamente já estavam especulando quem seria aquele homem que estava morando com ele. 

_Se fosse em outra situação, eu poderia  mentir dizendo que você é o  meu primo que veio  passar uns dias comigo e trouxe o cachorro junto...mas sei que não iriam acreditar. _ Saulo falou desanimado.

_Por que você acha que essa desculpa não vai colar, Saulo? _ Tomás perguntou preocupado. 

O rapaz também não queria que o dono da casa voltasse a trabalhar. Se acostumara com  a presença de Saulo,  com aquela rotina de cuidar dele, de cuidar da casa dele, de cuidar das coisas dele. 

Tomás sabia que tinha sido um tolo por acreditar que aquele período de paz, aquela  trégua nunca  iria acabar. Ele gostava de fingir  que os dois eram amigos que moravam juntos, ou talvez patrão e empregado...mas talvez estivesse na hora de se lembrar que era uma relação de sequestrador e sequestrado, isso sim.  

_Houve uma época em  que eu era o braço direito do deputado Lemos. _ Saulo esclareceu. _Ele confiava em mim pra tudo, mas aí Letícia resolveu tentar me usar para obter informações do tio. Claro que o deputado não viu o nosso relacionamento com bons olhos, mas eu tentei convencê-lo de que não havia nada de errado...que eu conseguiria fazer Letícia separar as coisas...que não deixaria que ela me usasse pra prejudicá-lo...Aliás, eu já te falei isso, Tomás. 

SEM SAÍDA-Armando Scoth Lee-romance gayOnde histórias criam vida. Descubra agora