Capítulo 2

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(...)

DAISY

Na noite passada, mergulhei nas águas turvas de algumas bebidas e, como policial, isso é um tanto quanto inapropriado. Mas, vamos ser sinceros, a delegacia estava tão parada que o que mais eu poderia fazer? Acabei me perdendo em um jogo de League of Legends. Detalhe: não consigo lembrar como saí de lá. Só sei que, em um momento de pura ousadia, troquei uns beijos com a Geovana. Caramba! Beijei uma garota! E que beijo! Meu Deus! O que estava se passando pela minha cabeça? Vou precisar ligar para ela e confessar que estava sob efeito do álcool e que aquilo foi um deslize que, de preferência, não se repetirá. Depois disso, as lembranças se dissiparam como fumaça. Hoje, estou lidando com uma ressaca de deixar qualquer um em estado vegetativo e, por sorte, não tenho que enfrentar a equipe da delegacia, já que é meu dia de folga. Dormir o dia inteiro soa como um plano perfeito.

Acordo com o som insistente de alguém me chamando, resmungo e me arrasto para fora da cama. Ao sair do quarto, encontro Luffy, que me informa que alguém está batendo na porta. Xingo baixinho e me dirijo até a entrada, curioso para descobrir quem teve a audácia de me acordar. Ao abrir a porta, sou recebido por dois indivíduos em macacões cinzas, com o nome "Umbrella" estampado na frente. Seus olhares me percorrem de cima a baixo, e eu, vestida apenas com uma camisa oversized e uma calcinha, ignoro a avaliação e digo, com um tom provocador: "Olha, mas não toca, querido".

— Sim, em que posso ajudar? — pergunto, tentando soar mais profissional do que me sinto.

— Por favor, assine neste local — diz um deles, estendendo um tablet em minha direção. Olho para ele, intrigada, enquanto ele insiste: — Assine imediatamente, temos outras entregas agendadas.

Assinando sem entender o que está acontecendo, pergunto:

— Entrega? Mas eu não comprei nada!

— Seu nome e endereço estão corretos? — ele questiona, e eu apenas aceno afirmativamente. — Então não houve erro — conclui, enquanto outro homem arrasta uma enorme caixa prateada para dentro da minha casa. A caixa é imponente e, francamente, não faço ideia do que fazer com ela. Os dois homens se despedem e partem, me deixando sozinha com essa enigma metálica.

DAISY

Agora, o que diabos é essa caixa prateada na minha sala? Olhando para ela, sinto uma mistura de curiosidade e apreensão. Deveria ligar para a transportadora e avisar que a encomenda foi entregue no lugar errado, mas a curiosidade é mais forte. Aproximo-me e toco a superfície fria, notando desenhos estranhos gravados nela. No momento em que recuo, a tampa se abre, revelando um Androide vestido apenas com uma cueca. Fico paralisada, observando-o com os olhos arregalados.

O ciborgue tem mais de 1,80m de altura, uma estrutura robusta e cabelos que caem até os ombros, adornado com tatuagens intrigantes que serpenteiam por seu corpo. Ele é exatamente o tipo de homem que descrevi para minhas amigas na noite anterior. Como isso é possível?

Com cuidado, me aproximo dele, concentrando-me em seus pés, e então toco seu rosto. A textura da "pele" é quase indistinguível da humana. Estou tão absorvida em examiná-lo que, de repente, ele abre os olhos, revelando um brilho azul hipnotizante. Um susto me faz recuar, mas sou segurada por Luffy, que está ali, observando a cena.

— Luffy, como eu lido com isso? — pergunto em um sussurro, enquanto o Androide me observa com uma expressão neutra.

— Antes de mais nada, precisamos ajustá-lo, Daisy — responde Luffy, indo em direção ao Androide e me entregando uma pequena caixa. Ao abri-la, encontro um tablet e um manual espesso, que parece mais um dicionário.

— Ler os livros da Renata já é um desafio, imagina um manual de 400 páginas — comento, deixando o manual de lado. Ligo o tablet e, em instantes, uma mensagem aparece na tela: "Olá! Como posso ajudá-lo com seu novo vx500?" Ele me pede para escolher entre configurações personalizada, básica ou recomendada. Olho para o Androide, que continua me encarando, e opto pela configuração personalizada. Toquei na tela para ativar todos os comandos.

— Agradecemos pela aquisição do vx500 e desejamos que tenha uma excelente experiência com seu novo dispositivo Androide — uma voz mecânica informa do tablet, enquanto o deixo no sofá.

— Agora, precisamos escolher um nome para você, meu amigo robusto — digo, enquanto o Androide sai da caixa. Ele é realmente impressionante. — Vamos ver... já sei! A partir de agora, você se chamará Matt. O que acha?

— Matt, assim me chamo — ele responde em um tom grave, e percebo que a cor de seus olhos muda para um tom de castanho.

— Curioso — reflito. — Preciso descobrir o que fazer com você. Luffy já cuida de todas as tarefas domésticas e até cozinha, mas vamos encontrar uma função para você. Mas, antes de tudo, precisa de roupas. Um cara alto como você não pode andar apenas de cueca na minha casa! — comento, enquanto caminho em direção ao meu quarto. Abro a gaveta e pego uma camisa regata preta e uma calça jeans escura que pertenciam ao meu ex. — Acho que isso vai servir — digo, colocando as roupas sobre a cama. Matt pega as peças, observando-as com atenção. — Vista-se, grandalhão — peço, e ele as veste, parecendo bem nelas.

Meu celular toca, interrompendo o momento. Vou até meu quarto e pego o aparelho que estava sobre o criado-mudo. Ao olhar a tela, vejo que é uma chamada da delegacia.

— Delegada Daisy falando! — atendo, pronta para o que der e vier.

— Delegada, sua presença é solicitada na Rua 3. Um suspeito está mantendo uma mulher grávida como refém e só concordará em liberá-la se um policial uniformizado negociar com ele — informa uma voz eletrônica.

— Estou indo — digo, deixando o telefone na mesa de cabeceira enquanto me dirijo ao armário. Escolho uma calça jeans e uma camiseta preta com a insígnia da polícia nas costas, jogando-as na cama. Ao me vestir, percebo Matt na entrada e concluo que não é o momento certo para me preocupar com ele.

— Estou lidando com uma emergência. Você pode ler um livro ou assistir televisão — digo, enquanto pego minhas chaves e capacete.

— Tenho recebido informações que indicam que é arriscado você ir, Daisy — Matt diz, segurando meu braço com firmeza.

— Não sei se você sabe, mas sou uma oficial de polícia — respondo, puxando meu braço. — Minha responsabilidade é garantir a segurança das pessoas — afirmo, seguindo meu caminho.

— Vou te acompanhar — diz ele, interrompendo meu passo — Tenho o dever de garantir sua segurança contra qualquer ameaça.

— Fique tranquilo, amigo. Deixe essa bela bunda descansando no sofá e mantenha-se em silêncio enquanto eu saio para trabalhar — respondo, antes de sair pela porta. — Estarei de volta em breve — aviso, deixando-o para trás.

matt. Amor de androideOnde histórias criam vida. Descubra agora