(...)
DAISY
Zarky e Saramyr posicionaram Matt em uma maca, e ao deixar o laboratório, um grito involuntário escapuliu dos meus lábios, fazendo-me sentar no chão. "Ele se foi". A única pessoa que verdadeiramente me valorizava agora está morta, e a culpa pesa sobre mim. Não sei se terei forças para seguir em frente.
— Chegou ao fim — Saramyr afirma, enquanto me viro para encará-lo - gostaria de se despedir dele antes de partirmos?
— Já fiz isso — declaro ao me levantar — Como está seu irmão?
— Zarky falou que ele precisará de um tempo para se recuperar, mas está seguro — diz ele, aproximando-se e me envolvendo em um abraço — agradeço por optar por salvar meu irmão.
— A decisão foi do Matt — comunico ao me afastar — Estou exausta e preciso de um banho.
— Irmão — diz uma voz masculina, olho e vejo Liel sentado em uma cadeira de rodas.
— É bom te ver novamente, irmãozinho — diz Saramyr, enquanto Zarky se aproxima de mim.
— Matt pediu que entregasse suas memórias quando tudo terminasse — ele fala, me entregando um pendrive. Não consigo conter as lágrimas — Eu desejava ter feito algo para salvá-lo, mas estava além das minhas capacidades como médica, me desculpe. Daisy.
— Não há necessidade de se desculpar — eu digo, enquanto ele acena com a mão em meu ombro.
— O que eu perdi? — questiona Liel, enquanto meu olhar encontra o dele e percebo que ele está me observando. Desvio os olhos rapidamente — Quem é a encantadora gestante?
— Chamo-me Daisy, sou amiga do seu irmão — digo, forçando um sorriso.
— Olá! — cumprimenta-me com um olhar atento. — É um prazer conhecê-la! — respondo com um sorriso.
— Vamos partir — sugere Saramyr, segurando minha mão e iniciando o percurso.
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Daisy
Liel seguiu o caminho, fazendo perguntas a Saramyr sobre nós. Ele supõe que eu seja a esposa de seu irmão, e Saramyr não contradiz essa ideia. Eu não tenho vontade de corrigir essa suposição.
Após algum tempo, chegamos ao refúgio recém-descoberto e minhas companheiras se aproximam de mim assim que saio do veículo, ansiosas por saber o que aconteceu com Matt. Emocionalmente abalada mais uma vez, desabo diante delas, deixando-as preocupadas, até que a escuridão me envolve e só escuto os gritos delas. Ao acordar, percebo que estou deitada na cama. Levanto-me e noto Saramyr na cadeira ao lado, profundamente adormecido.
— Você me assustou — sussurra, sem resposta — suas companheiras estavam extremamente preocupadas.
— Quando eu voltar, farei questão de me desculpar com elas — afirmo, levantando-me da cama e quase caindo.
— Zarky disse que seria bom se você tirasse um tempo para relaxar.
— Estou me sentindo bem.
— Não está — diz ele, me forçando a sentar na cama — Eu entendo que está complicado para você, mas precisa ser forte.
— Expressar-se verbalmente é uma tarefa simples.
— Minha mãe e minhas irmãs faleceram devido ao vírus. Vi a morte da minha esposa e da minha filha, impotente diante da situação. Compreendo o que você está passando.
— Peço desculpas, eu não sabia disso — comento, evitando encarara-lo — por favor, não revelem aos demais que o coração de Liel estava com Matt.
— Por qual motivo?
— Não desejo que ele seja afetado por essa situação. Matt e Liel possuem personalidades totalmente distintas.
— Vou me dirigir aos outros. Precisa de mais alguma coisa?
— Meu filho carrega a genética de seu irmão — digo, e Saramyr abre os olhos surpreso — não entendo como Bruce conseguiu fazer isso, mas a herança é dele — revelo, enquanto lágrimas escorrem pelo meu rosto — não tive coragem de contar a verdade para Matt, ele partiu acreditando que meu filho era dele.
— Daisy — diz ele, me envolvendo em um abraço — é importante que você se mantenha firme, seu bebê vai depender de você.
— Não tenho certeza se serei capaz de alcançar esse objetivo.
— Você não está sozinha — diz ele, me soltando — você precisa se alimentar, venha — ele fala e começa a caminhar. Eu o sigo em silêncio enquanto saímos do quarto e, em questão de segundos, adentramos a sala.
— Como está sua esposa, irmão?
— Ela apenas se encontrava exausta — diz Saramyr. — Fique aqui que vou buscar algo para você comer. — fala enquanto se senta no sofá e começa a caminhar.
— Nunca imaginei que meu irmão se recuperaria. Após perder a esposa e a filha, ele mudou, e vê-lo seguindo em frente me traz felicidade — Liel comenta enquanto sorri — Fiz algo de errado? Você está chorando.
— Não fez nada — declaro antes de desviar o olhar.
— Peço desculpas. Vou me retirar para o meu quarto. — disse, saindo em direção ao cômodo.
— Que diabos aconteceu, Daisy? — indaga Malu, enquanto me encara — o que significa que você é a esposa de Saramyr?
— Não é necessário que a verdade seja revelada a Liel — respondo, enquanto ela se senta ao meu lado.
— Pretende ocultar a realidade dele?
— Essa situação não tem relação com ele, apenas o deixará perplexo; por isso, é mais adequado que ele acredite que eu seja a esposa de Saramyr.
— Não consigo concordar com isso — declarou, levantando-se da cadeira — Liel tem o direito de conhecer a verdade, mas vou respeitar sua escolha — pontuou antes de deixar o local, caminhando para longe.
(...)
Daisy
Passei todo o dia isolada no quarto e já não tenho mais lágrimas. A noite chegou e Saramyr veio informar que ele e os demais vão sair, e eu não digo nada. Pouco tempo depois, saio do quarto e vou para o exterior, sentindo um arrepio ao perceber o vento frio em meu rosto. Em seguida, assusto-me ao sentir alguém colocando algo em minhas costas.
— O frio está intenso — comentou Liel, segurando uma manta.
— Você deveria estar descansando na cama, Liel.
— Já não sou mais uma criança, cunhada — diz enquanto se aproxima de mim — será que você e meu irmão estão tendo desentendimentos?
— Isso não te diz respeito, jovem — digo com raiva, começando a caminhar quando meu braço é agarrado — me solte, droga — digo furiosa, resistindo ao puxar do meu braço.
— Qual é o problema? Se não me suporta, pode dizer abertamente — diz Liel, antes de entrar em casa.
— Droga!
— Daisy, o que está acontecendo com você? — questiona Renata ao se aproximar — por que tratou ele daquela maneira? Liel não tem responsabilidade pelo que ocorreu com Matt.
— Me deixe em paz, caramba — digo, começando a caminhar sem rumo.
— Espera, Daisy.
— Deixe-a, Renata — Geovana diz, segurando o braço dela — Zarky mencionou que levará tempo para Daisy se recuperar.
— Contudo, ferir o Liel, ele não tem culpa alguma, foi uma escolha dela ao resgatá-lo.
— Eu entendo, mas em breve ela perceberá que suas atitudes estão causando dor a pessoas que não têm envolvimento com a situação.
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matt. Amor de androide
Science-FictionNa companhia das minhas amigas, enquanto tomávamos algo, questionaram-me sobre como seria o meu Android. Para encerrar o assunto, mencionei que pensava ser apenas uma conversa entre amigas e que minhas palavras jamais se tornariam realidade. No dia...