Capítulo 12

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DAISY

Como pude ser tão ingênua? Deveria ter ouvido minhas amigas quando afirmaram que Matt era um espião, mas me deixei levar pela paixão e não considerei as possíveis consequências. Agora, estou carregando uma vida que pode não ser nem mesmo humana. O que farei? Embora elas insistam para que eu mantenha a calma e acredite que tudo ficará bem, sei que isso é uma ilusão. Se alguém descobrir que estou esperando uma criança concebida com um androide, serei capturada e levada para algum laboratório. Isso não pode acontecer.

— Para o bem da criança, não é aconselhável que você permaneça tão agitada — disse Renata, olhando para mim com preocupação. — Tente se acalmar, minha amiga.

— Estou em desespero, estou esperando um filho de um androide. Você consegue imaginar a tempestade de emoções que estou enfrentando? — pergunto, cheia de indignação — Ele deveria ser apenas um autômato, como qualquer outro robô.

— Não temos como avaliar a viabilidade dessa situação, mas permanecer em desespero não trará bons resultados. É verdade que não conhecemos seus sentimentos, mas viemos oferecer apoio — afirma Malu, convicta.

— Apenas ele sabe como isso aconteceu. A menos que ele seja um ser humano modificado — declara Renata.

— Então, um ciborgue é alguém que possui partes do corpo feitas de metal? — pergunta Geovana a Renata, que acena em concordância — Tudo bem, então ele provavelmente é um ciborgue.

— Ele não é — digo, e as três se viram para mim — Matt me revelou seu corpo e não possui órgãos, apenas um coração humano. Ele é um androide com cérebro e coração humano, que loucura!

— É claro que a tecnologia está em contínua evolução, mas essa situação é inacreditável; parece que estão brincando de serem deuses — declara Renata, enquanto ouvimos um ruído à distância. — O que será isso? — questiona, e eu me levanto rapidamente, saindo do quarto, onde avistamos três androides.

— Estão aqui para levá-la, Daisy — diz Luffy, segurando um dos androides — Saia da aqui!

— Vamos — diz Malu, segurando minha mão e começamos a andar. De repente, ouço um grito, viro-me para ver o que está acontecendo e vejo um androide segurando Renata.

— Por favor, solte-a — digo, soltando a mão de Malu e aproximando-me deles, puxando Renata para perto de mim — Podem me dizer quem são vocês?

— Daisy Santiago, venha conosco — diz um dos robôs.

— Vão se danar — respondo, e a porta do quarto é arrombada, fazendo minhas amigas gritarem enquanto um homem alto entra — droga, mais um!

— Acompanhe-me, mulher — diz o homem, estendendo a mão — se você deseja sobreviver, venha comigo — afirma ele, enquanto outros três homens entram na casa.

— Luffy — chamei, mas ele permanece parado.

— A sua proteção é a prioridade máxima.

— Não pretendo ir sozinha — digo, quando sou abruptamente erguida do chão e carregada sobre o ombro como se fosse um peso — me solte — insisto, golpeando suas costas enquanto ele avança — LUFFY — grito ao vê-lo enfrentando um androide — quem são vocês?

— Meu nome é Nulo — responde, e após alguns instantes, sai do recinto.

— Qual é a intenção de vocês com a Daisy? — pergunta Renata.

— Nossa missão é proteger você — respondeu, colocando-me em um veículo — entrem — disse, e as três entraram no carro. Poucos segundos depois, ele arrancou.

— Por que vocês estão cuidando de mim?

— Saramyr não compartilhou conosco.

— Quem é Saramyr?

— O líder da nossa equipe. Você provavelmente já o viu como Samuel — responde, surpreso ao perceber que se trata da pessoa que vi algumas horas atrás.

— Você abandonou o meu autômato.

— Ele é uma criação artificial que não deveria ter sido feita — disse ele, sem se importar, e eu fiquei paralisada. — Tudo que não é fruto da criação divina deve ser eliminado — completou, fixando-me o olhar, seus olhos brilhando em um tom amarelo.

— Que diabos é você?

— Apenas Saramyr pode responder a isso, humana.

Matt

Esse indivíduo é meu irmão, portanto, todas as palavras dirigidas a mim são falsas. Não sou um combatente falecido, e segundo suas palavras, nem sequer era humano antes; portanto, sou oriundo de um planeta diferente.

Bruce sabia que Daisy poderia engravidar e mesmo assim não compartilhou essa informação. Ele nos vê como cobaias de experimentos e isso é inaceitável.

— Quando você se opôs à minha participação nessa missão, estava apenas simulando?

— Recusei inicialmente o desafio, mas refleti sobre isso e percebi que era uma excelente oportunidade para comprovar minha teoria. Como estará se sentindo aquela mulher que detesta robôs? — pergunta, soltando uma risada — Ela deve estar enlouquecendo por estar grávida do que mais abomina.

— Você é uma criatura abominável! — exclama Matt, irado.

— Sou um pesquisador prestes a alcançar reconhecimento mundial, podendo até ser laureado com o prêmio Nobel por meio desta inovadora experiência. Meu robô conseguiu engravidar uma mulher.

— Isso nunca acontecerá. Você não vai tocar nela.

— Já é tarde demais. Não era correto deixá-la sozinha; agora meus robôs provavelmente a trarão de volta para mim.

— Maldito! — grita Matt, enquanto Saramyr o segura firmemente — me solte!

— Ela está segura. Designou meus homens para garantir sua proteção antes de me procurar.

— Não importa onde você a tenha escondido, eu vou descobrir. — Bruce diz, encarando Matt. — Você pode estar irritado, mas lembre-se, fui eu que te criei, então posso te dominar.

— A propósito. Desativei o dispositivo que estava inserido em meu corpo, você não tem mais controle sobre mim — diz Matt, enquanto se aproxima e golpeia com força — isso é por causar dor na minha mulher — diz, furioso ao vê-lo inconsciente.

— Não causamos danos a pessoas — diz Saramyr. — Precisamos sair antes que mais guardas cheguem — comenta, movendo-se rapidamente, e Matt o acompanha. — Sei que busca respostas, assim que chegarmos ao esconderijo, explicarei tudo detalhadamente para você.

— Gostaria também de saber qual é a sua relação com a Daisy.

(...)

Daisy

Nulo nos levou para fora da cidade, algumas horas depois estacionou o carro em frente a uma casa no campo. Assim que saímos do veículo, Malu segurou minha mão ao avistar vários homens saindo da residência. Todos são robustos e altos, vestindo uniformes militares e nos observando em completo silêncio. Além disso, exibiam tatuagens nos braços e pescoços, e pareciam ter o corpo todo tatuado, assim como Matt. Seriam humanos ou androides? Contudo, segundo o que Nulo disse, eles não são androides, então, devido aos olhos brilhantes, poderiam ser alienígenas.

— Se eu não estivesse com medo, poderia pensar que este lugar é um pedaço do céu — disse Malu, enquanto eu a observava — todos são tão belos — ela completou, voltando o rosto para a frente.

— Outra razão pela qual não devemos confiar neles — disse Geovana, posicionando-se ao meu lado.

— Você acha que são seres de outro planeta? — indaga Renata — mas não têm olhos gigantes nem são verdes e cabeçudos — comenta, e começo a rir — estou falando sério.

— Soldados dos Estados Unidos, eu presumo — digo.

— Contudo, ele domina o idioma português com maestria, logo não devem ser americanos — reflete Renata, enquanto pondero sobre isso — é possível serem seres extraterrestres — acrescenta ao notar o brilho nos olhos de Nulo.

matt. Amor de androideOnde histórias criam vida. Descubra agora