Capítulo 23

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(...)

DAISY

Por que ninguém compreende a minha dor?

Acreditam que é simples, apenas porque Matt era um Android, mas para mim ele é real e foi o único que realmente me valorizou e amou.

A noite cai e saio do quarto, dirijo-me para o exterior, fecho os olhos e deixo o vento acariciar meu rosto. Tentei aprisionar os sentimentos que me corroem, mas ao abrir os olhos, sinto braços me envolvendo.

— Peço desculpas por ter gritado com você. Nunca imaginei que a gravidez afetaria tanto meus sentimentos — Malu diz, me abraçando com força. — Somos amigas desde a infância e nunca brigamos, estou me sentindo péssima. Sei o quanto você ama o Matt e não consigo entender o que está sentindo, nunca a vi assim — continua, soltando-me — Não sei como posso te ajudar. Eu disse para escolher um deles, que talvez assim você esquecesse o Matt, mas estava errada. Me perdoa.

— Também fui rude com você. Estou sendo insuportável com todos, especialmente com liel.

— Escutei ele perguntando ao Saramyr por que você não gosta dele.

— Estou colocando a culpa nele. Respeitei a decisão do Matt e, mesmo assim, sinto raiva porque liel está vivo e ele não — confesso, enquanto ela me abraça. — Estou agindo como uma idiota — digo, com a voz embargada.

— Não chore. Não sei como lidar quando você chora; se você chorar, eu também vou chorar.

— Você está chorando, Malu — digo, enquanto ela me envolve em um abraço forte e começa a chorar. — Agora sou eu quem não sei como fazer você parar de chorar — falo, segurando seu rosto e começando a rir — Você parece um panda!

— Para — ela responde, rindo — A gravidez é horrível.

— Não me fale, minhas costas estão doendo — digo, soltando-a — Estamos bem agora?

— Você me perdoa?

— Amigas até o fim dos tempos?

— Sim — ela diz, me abraçando com força — Te amo, Daisy.

— Também te amo.

— Suas traidoras nos deixaram de fora — Renata comenta e olhamos para elas — Também quero um abraço — diz, nos envolvendo, e Geovana faz o mesmo — Eu amo tanto vocês.

— Também amamos vocês — respondo, rindo, e após um momento elas se soltam. Olho para o lado e vejo Liel encostado na parede.

— Não queria estragar o clima — ele diz, aproximando-se.

— Estou com fome — Malu diz, segurando o braço de Renata — Quero comer seus bolinhos de chuva.

— Mas já é noite, Malu — Renata responde, e Malu a olha com um sorriso — Ah! Vamos para a cozinha, venha me ajudar, Geovana.

— Com prazer — Geovana diz, e as três se dirigem para dentro.

— Traidoras — penso — Você não se recuperou para ficar passeando por aí — digo, enquanto começo a andar em direção à cerca.

— Agora você virou minha mãe? — ele pergunta, e não respondo; ele continua me seguindo — Eu sou forte.

— Para um magricelo — brinco, fazendo-o parar — O que foi, saquinho de ossos?

— Vou te mostrar quem é magricelo e saquinho de ossos — ele diz, irritado, tira a camisa e pega minha mão, colocando-a em seu peito — Onde tem osso aqui?

— Onde estavam esses músculos? — pensei — Meu Deus. Estou tocando em um adolescente, chama a polícia — digo, puxando minha mão.

— Se você não fosse a mulher do meu irmão, eu mostraria quem é o adolescente — ele sussurra perto do meu ouvido, e as palavras dele me deixam sem reação — Já sou adulto, então me trate como tal, senão terei que te punir.

— Me punir? — rio — Não viaje, garoto — falo, rindo, enquanto ele envolve minha cintura — Ei, me solta!

— Odeio ser contrariado — diz, fazendo meu coração acelerar ao ouvir as mesmas palavras que Matt costumava dizer — Você possui algo — diz, olhando para mim enquanto toca meu rosto — Sinto que te conheço.

— Nunca nos vimos antes — respondo, e ele me solta — Isso é impossível — pensei.

— Porque meu irmão não gosta de falar sobre você. Sempre que pergunto, ele fica bravo.

— E eu que sei?

— Você é a mulher dele — diz, desviando meu olhar — Também sinto que todos estão escondendo algo muito importante de mim e tenho certeza de que você está envolvida nisso.

— A única coisa que está acontecendo é que há um cientista maluco atrás de mim. Não estamos escondendo nada de você.

— Não acredito em você — diz, agachando-se, e quando tento me afastar, ele segura minha nuca e inspiro fundo — Quando eu descobrir, você terá que se explicar, senhora Daisy Santiago — fala em meu ouvido — Está frio, então não demore. Boa noite! — diz, dando um beijo em meu rosto e me deixando sozinha.

— Que loucura foi essa? — penso, olhando para trás e vendo-o entrar — Este lugar está me deixando louca — falo, encarando o céu — Estou imaginando coisas.

— Daisy — Malu me chama, e olho para ela — O que aconteceu para Liel entrar com um sorriso assustador?

— Não sei. Ele agiu como Matt.

— Isso é impossível, Daisy.

— Eu sei. Mas ele disse exatamente o que Matt costumava dizer e ainda tem aquele jeito autoritário.

— Você está confusa. Não tem como Liel sentir o que Matt sentia, amiga — diz, me abraçando.

— Você está certa — respondo, avistando vários carros entrando na fazenda — Vamos entrar — digo, soltando-a e começando a andar. Em poucos segundos, entramos na casa.

— O que está acontecendo, Daisy? — Renata pergunta.

— Vocês vão fazer o seguinte — digo, olhando pela janela e vendo vários homens armados — Vão se esconder no porão.

— Não, eu preciso te proteger — Malu afirma.

— Bruce não pode saber de vocês também. Ele me quer — digo, tocando seu rosto — Então faça o que estou ordenando.

— Vamos lutar — liel diz, aproximando-se.

— Guarde isso para mim — falo, entregando o pendrive que contém as memórias de Matt para Malu. Aproximo-me de liel e seguro seu braço — Posso te pedir uma coisa, liel? — pergunto, tocando seu rosto, e ele segura minha mão.

— Sim, Daisy.

— Quero que você viva — digo, e ele arregala os olhos — Adeus — falo, dando um soco em seu estômago. Ele desmaia, e eu o seguro — Vocês duas, levem-no para o porão — ordeno, e Geovana e Renata seguram liel — Não saiam de lá até os outros voltarem.

— Tudo bem — Geovana diz, e as duas começam a se afastar.

— Vá com elas, Malu. Eu ficarei bem — digo, e ela nada responde, seguindo as duas — Não façam barulho — digo, sentando-me no sofá. Em poucos segundos, a casa é invadida por homens armados. — Você não desistiu — digo ao ver Bruce.

— Sempre consigo o que quero — ele diz, e me levanto, indo até ele — Minha querida Daisy, está na hora de voltar para casa — diz, e alguém coloca um pano em meu nariz. Em poucos segundos, caio na escuridão — Encontraram mais alguém?

— A casa está limpa. Acho que eles fugiram.

— Tudo bem. Samuel irá atrás dela — diz, e um dos soldados pega Daisy no colo — Um homem faz de tudo para ter a mulher que ama — diz, começando a andar.

matt. Amor de androideOnde histórias criam vida. Descubra agora