Capítulo 10

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DAISY

Embora ele insista que é raro, não consigo concordar. Se não fosse pela mudança na cor dos olhos, jamais acreditaria que ele é um androide; sua conduta é tão atípica, não possui o comportamento obsessivo de um ser humano e, definitivamente, não é arrogante. Talvez esse seja o motivo pelo qual me deixei levar por ele; não percebo Matt como uma máquina, mas sim como uma pessoa. "O que está acontecendo comigo? Sempre fui contrária a esses androides e agora me vejo envolvida com um, permanecendo submissa a ele", sinto vergonha por me envolver com essas entidades metálicas, mas como posso lutar contra o que sinto, sabendo que não consigo resistir? Seu jeito intenso na cama e sua postura autoritária me deixam em êxtase.

Em silêncio, tomei banho enquanto Matt permanecia em um canto do banheiro, observando-me. Fiquei aliviada ao notar que ele não fez nenhuma indagação. Não me arrependo, mas sinto uma frustração por não conseguir resistir à tentação que ele representa. Após me limpar, desliguei o chuveiro, sequei-me e envolvi-me na toalha antes de seguir para meu quarto.

— Não entendo você — murmurou Matt, aproximando-se de mim.

— O que não entendeu? — questionei, pegando uma peça de roupa no armário. Logo em seguida, fui surpreendida ao ser puxada e empurrada na cama. — Você enlouqueceu? — protestei, irritada. Tentando me levantar, ele se posicionou sobre mim.

— Esse ato de ignorar o que aconteceu me incomoda — ele diz, segurando minhas mãos sobre minha cabeça — você se arrepende de amar seu oponente? — ele pergunta, inclinando-se para beijar meu pescoço.

— Matthew — sussurro seu nome suavemente.

— Mesmo que sinta remorso, isso não altera em nada, pois você é minha.

— Por que você está tão focado em mim? — Indago, e ao olhar para ele, percebo seus olhos brilhando em um tom azul profundo. — Você não deveria ter emoções, no entanto, demonstra tanto sentimento que me deixa perplexa. Nunca presenciei um robô agir dessa maneira.

— Eu disse que sou completamente único.

— Essa não foi uma resposta. Qual é o motivo de sua presença aqui? Por que o enviaram para mim? — questiono enquanto ele se afasta. — Você está aqui para me monitorar? Acham que sou uma ameaça simplesmente por não gostar de robôs?

— Você está questionando em excesso.

— Como vou encontrar respostas?

— Será que estou sendo interrogado? — indaga ao se acomodar na cama.

— Estou tendo dificuldade para compreender. Suas ações me deixam perplexa — comento ao me sentar na cama – Caramba! Estou sentindo amor por um objeto inanimado; mesmo que tenhamos intimidade ou essa estranha fixação que despertou em mim, não é igual. Você nunca será capaz de me amar, pois não possui emoções.

— Concordo com você — diz ao se erguer — fui criado para ser o animal de estimação de uma mulher mimada que só se preocupa consigo mesma — explica antes de se afastar, deixando o quarto, fechando a porta abruptamente.

— Droga! — exclamo enquanto me sento na cama.


Após algumas semanas, um certo tempo se passou.

DAISY

Eu só queria entender por que o mandaram para mim; sou apenas uma delegada sem emprego, não sou ninguém. Se o intuito deles foi enviar Matt para bagunçar meus sentimentos, então eles acertaram precisamente. Depois da nossa última conversa, ele apenas fala o mínimo comigo, e não tivemos mais momentos de intimidade. Não deveria estar me importando, mas estou sofrendo por dentro. "Quem diria que Daisy Santiago estaria sofrendo por amor por uma máquina", se houvesse outra pessoa em meu lugar, acharia-a louca. Talvez isso seja um castigo por julgá-lo tanto sem ao menos tentar ouvi-lo.

matt. Amor de androideOnde histórias criam vida. Descubra agora