MALU
Daisy foi capturada novamente. Fiz uma promessa ao Matt de que a protegeria, mas me sinto fraca e impotente, incapaz de cumprir minha palavra. Não deveria ter me escondido como ela pediu, mas também não faria diferença, pois eu acabaria sendo levada.
— O que faremos, Malu? — pergunta Renata.
— Não sei.
— Os outros estão demorando — Geovana comenta — você está bem, liel?
— Não estou. Era meu dever proteger a Daisy — digo, com raiva — prometi ao meu irmão que cuidaria dela, mas não consegui.
— Você continua se recuperando.
— Ela me mandou me esconder, eu deveria ter permanecido e lutado, mas ela quis que eu vivesse — falo, socando a parede — e, mais estranhamente, estou sentindo uma dor terrível no meu peito.
— Meu Deus. Você precisa contar ao seu irmão.
— Não é esse tipo de dor — fico olhando para ele — sempre que ela falava ou olhava para mim, percebia que estava triste, e vê-la assim fazia meu peito doer.
— Isso é impossível — Renata diz, cobrindo a boca com a mão.
— O que é impossível? — pergunta liel, e Renata me observa — o que vocês sabem que eu não sei?
— Não podemos falar — Geovana diz, baixando a cabeça.
— Eu preciso saber.
— Desculpe, mas não podemos.
— VOCÊS VÃO ME CONTAR O QUE ESTÃO ESCONDENDO, AGORA.
— Ser autoritário deve ser um defeito — digo, sentando no chão — você tem certeza de que quer saber?
— Não pode contar a ele, Daisy ficará furiosa.
— Ele tem que saber a verdade, Renata — afirmo, enquanto ela abaixa a cabeça — isso que você está sentindo deveria ser impossível. Os sentimentos permanecem na mente, não no coração.
— Não estou entendendo.
— Um dos seus corações estava em outro corpo. Um androide com cérebro humano chamado Matt, e Daisy o amava. Você está sentindo o que ele sentia por ela — explico, e ele fica paralisado — ela sabia que ao devolver o coração a você, o perderia para sempre, mas Matt não tinha mais salvação, e te salvar foi a melhor escolha que ela fez. Pelo menos seu irmão o teria de volta. Daisy pediu para guardar esse segredo de você.
— Por quê?
— Porque você não é ele — respondo, enquanto ele coloca a mão no peito — só não sabíamos que você sentiria o mesmo que Matt sentia. Essa dor que sente é porque está longe dela. Matt e Daisy eram tudo um para o outro, e esse sentimento ficou cravado no seu coração.
— Ele tinha só meu coração?
— Sim.
— Então ela e meu irmão não estão juntos?
— Daisy nunca teve nada com Saramyr.
— Mas e o bebê? Se ele era um androide, como ela está grávida? — pergunta, e não sei o que responder — responda à minha pergunta, como ela pode estar grávida de um androide?
— O bebê contém seu DNA — respondo, enquanto ele soca a parede — eu quebrei a promessa que fiz a ela, não deveria ter contado isso a você.
— Eu preciso salvá-la — diz, levantando-se e caindo de joelhos.
— Você está fraco — Geovana diz, ajudando-o a se levantar.
— Por que esconderam isso de mim?
— Porque não tem nada a ver com você — diz uma voz masculina, e vejo Saramyr entrando na casa — vocês estão bem?
— Estamos perfeitamente bem com a Daisy nas mãos daquele lunático de novo — digo, irritada — você deveria estar aqui protegendo a Daisy como prometeu ao Matt, mas quebrou sua promessa — falo, deixando as lágrimas escorrerem — ela está prestes a dar à luz, e aquele monstro vai machucá-la — digo, enquanto braços me envolvem.
— Vamos salvá-la — Nulo diz, e o abraço — você precisa ficar calma, isso pode prejudicar nossa filha.
— Ela está bem. Daisy nos protegeu até o fim — digo, soltando-me dele e retirando o pendrive que ela me deu antes de ser levada do bolso — se você quiser saber de tudo, aqui estão as respostas que precisa — digo, entregando-o a liel, que o aceita — estou cansada, vou para meu quarto, com licença — digo, começando a andar.
— Nós também — Renata diz, e as duas me seguem.
— Liel — Saramyr o chama.
— Você não tinha o direito de esconder isso de mim, irmão — Liel diz, olhando para ele — me deixou pensar que ela era sua mulher — fala, recuando — eu preciso de um tempo — diz, afastando-se.
(...)
LIEL
Eu achava que Daisy me odiava pela maneira como me tratava, e isso doía profundamente. Agora sei o motivo de suas ações: um dos meus corações estava no androide que ela ama.
Vou para meu quarto, sento na cama e olho para o pendrive que Malu me entregou. "Preciso saber de tudo."
Levanto-me, pego o notebook e conecto o pendrive. Após alguns segundos, uma pasta se abre, e vejo um arquivo de vídeo. Aperto o play e assisto às memórias do androide, passando horas imerso naqueles momentos, até que uma gravação chama minha atenção.
"Saramyr perguntou se Liel estivesse vivo, se eu o amaria."
"O que você respondeu?"
"Talvez."
"Não gostei desse talvez."
"Se fosse meu destino amá-lo, então eu o amaria. Ele disse que Liel não me amaria porque não sou o tipo dele."
"Saramyr dirá qualquer coisa para ter você. Mas não adianta, porque sendo Liel ou não, você é só minha."
"Sim, Matt."
(...)
LIEL
Não sei se foi uma boa ideia assistir às memórias dele; agora estou mais confuso. Por que meu coração continua amando essa mulher? Isso não deve ser possível; é uma loucura.
Agora que conheço a verdade, não posso retroceder, preciso salvá-la.
Deixo o notebook sobre a cama e saio do quarto, indo em direção ao laboratório. Ao chegar, abro a porta sem bater.
— Preciso que faça um upgrade no meu chip cerebral — digo, entregando o pendrive a ele.
— O que tem aqui?
— Memórias.
— Tem autorização do seu irmão?
— Não preciso.
— Não sei se é uma boa ideia; seu irmão vai ficar bravo comigo igual naquela vez em que fiz melhorias no seu chip.
— Ele não vai ficar. Depois que envelheceu, ficou medroso, Calvin? — provoquei, e ele se levanta.
— Não se esqueça que será culpa sua, garoto.
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matt. Amor de androide
Science FictionNa companhia das minhas amigas, enquanto tomávamos algo, questionaram-me sobre como seria o meu Android. Para encerrar o assunto, mencionei que pensava ser apenas uma conversa entre amigas e que minhas palavras jamais se tornariam realidade. No dia...