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O ar quente de Dorne envolvia Rhaenys como uma manta sufocante. A brisa que soprava do mar não trazia o frescor que ela esperava, apenas aumentava a sensação de desconforto ao tocar sua pele.
O calor, muito mais intenso do que qualquer coisa que já havia experimentado em Dragonstone, fazia com que suas vestes se colassem ao corpo, aumentando o peso que já sentia nos ombros.
Segurando Obara nos braços, sentia a pequena se agitar levemente com o calor, as faces da filha coradas sob o sol escaldante. Rhaenys lançou um olhar breve para Oberyn, que caminhava ao seu lado com uma expressão tranquila.
Ele parecia estar em seu elemento, como se o calor não o afetasse, enquanto ela se sentia cada vez mais sufocada pelas vestes pesadas dos Targaryen.
A seda e os bordados, que antes carregavam um senso de orgulho e tradição, agora pareciam uma armadura inadequada para o clima árido de Dorne.
Conforme caminhavam pelas ruas de Sunspear, os olhares sobre ela eram inevitáveis. Dorneses curiosos observavam a princesa Targaryen e a filha de Oberyn com uma intensidade que a deixava inquieta.
Ela mantinha o queixo erguido, como sempre lhe fora ensinado, mas o peso daqueles olhares fazia sua postura rígida vacilar internamente.
Não podia deixar de sentir-se exposta, vulnerável, apesar da presença de Oberyn e dos guardas que os acompanhavam. Mesmo Edric, que seguia um pouco à frente, não podia afastar aquela sensação crescente de insegurança.
Os muros ocres e as torres de Sunspear, com suas formas distintas, apenas acentuavam o fato de que Rhaenys estava longe de casa, longe das muralhas familiares de Dragonstone. O sol batia em suas costas, e o calor parecia espremer sua mente, tornando cada passo mais difícil do que o anterior.
Ela pensou brevemente em seu pai, o rei louco, e em como ele reagiria ao saber que sua única filha agora caminhava entre os dorneses, envolta em um mundo que ele desprezaria.
Doran Martell aguardava à entrada principal do palácio, com uma postura serena e altiva, os longos mantos dorneses esvoaçando levemente com a brisa quente que soprava pelo pátio.
Ao seu lado, uma mulher de traços suaves, mas claramente não dorneses, estava com um porte gracioso e calmo, que transmitia acolhimento sem palavras.
Os cabelos dela eram escuros, como a noite, mas sua pele era mais clara do que a dos habitantes locais, o que a diferenciava da multidão que Rhaenys havia observado ao longo do caminho.
Ao lado da mulher, uma menina pequena, com a pele bronzeada e traços dorneses marcantes, agarrava-se à saia da mãe. Ela não deveria ter mais do que cinco anos, os olhos grandes observando tudo ao redor com curiosidade infantil. A garota, Rhaenys imaginou, deveria ser Arianne, a filha de Doran.
