8. Confidencias

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Taehyung estava sonolento e acabou dormindo na carruagem encostado em Jimin no caminho para a região comercial. Ao chegarem, Jimin o acordou e ambos caminharam pelas ruas até o ateliê. O rapaz fez a primeira prova do traje de gala e acabou sendo espetado por alguns alfinetes. Depois, foram passear.

— Quer algo? — perguntou Jimin. — Tem de tudo aqui, e se não achar o que quer, posso pedir para os mercadores trazerem de outro reino.

Taehyung pensou e sinalizou: [Não... Eu só queria andar a cavalo às vezes e voltar a dormir no seu quarto. Ontem não consegui dormir sozinho.]

— Claro, eu também me acostumei a dormir com você — disse Jimin, sorrindo. — Você realmente deve ser um nobre, andar a cavalo é outro indício.

Taehyung revirou os olhos e bufou.

— Humm, você lembra se já foi a um baile? Sabe dançar? — perguntou Jimin tentando desperta alguma memoria especifica do rapaz

Taehyung sinalizou: [Não... que eu lembre. E não sei dançar, nem como agir em um baile.]

— No baile, você pode dançar com as damas e conversar com outros cavalheiros, a maioria da nobreza sabe a lingua de sinais, além de comer até ficar cheio e ouvir fofocas.

Taehyung ficou um pouco animado e sinalizou: [Posso dançar com você?]

Jimin negou.

Taehyung sinalizou: [Parece chato. Não vou dançar direito e não terei assunto com os outros cavalheiros.]

— Mas alguém pode te reconhecer! Você pode encontrar sua família e voltar para casa — disse Jimin.

Taehyung fez um bico e sinalizou: [Quer que eu vá embora?]

— Não! — A voz de Jimin se ergueu um pouco mais do que o esperado. — Só quero descobrir mais sobre você. E se você for da nobreza, posso te levar para a corte, arranjar um bom casamento no futuro e te manter por perto...

Taehyung olhou para Jimin, mas não conseguiu responder. Gostara de saber que o rapaz o queria perto, mas esse fututo não era possivel e os termos da proposta o deixavam desconfortável. Os dois ficaram em silêncio, evitando se encarar diretamente. Seus olhos se focavam na paisagem que passava pela janela.

O silêncio se aprofundou, e a carruagem seguiu seu caminho. Ambos estavam presos em seus próprios mundos internos, sem saber como retomar a conversa ou o que dizer a seguir. O ar tenso entre eles parecia querer se expandir, mas ninguém ousava estendê-lo.

No castelo, a sensação de desconforto continuava a pairar no ar. Após o almoço, Jimin decidiu procurar Miguel para levar Taehyung. O plano era que Taehyung pudesse cavalgar e conhecer a região, enquanto Jimin aproveitava o momento para processar os sentimentos confusos que o tomavam.

Mais tarde, Miguel guiou Taehyung até o haras. Durante o trajeto, o rapaz tentou se comunicar com Taehyung da maneira que podia, mas a falta de conhecimento da língua de sinais tornou a interação difícil e frustrante para ambos. Ele sentia-se impotente ao perceber novamente que não conseguia entender o rapaz a sua frente e isso o irritava mais do que nunca.

Chegando ao haras, Taehyung escolheu um cavalo e Miguel, com precisão e cuidado, começou a selar o animal, ajustando a sela e os acessórios meticulosamente. Quando terminou, Taehyung, hesitante, montou o cavalo. Diferente da última vez, este era um cavalo domesticado, com acessórios finos e bem ajustados. No entanto, Taehyung não pôde evitar o desconforto, mas decidiu seguir em frente e explorar a região a cavalo.

Enquanto isso, Miguel voltou ao castelo e, após algum tempo, entrou na ala onde ficava o quarto de Jimin. O príncipe, sentado à mesa, não sabia exatamente o que fazer com seus pensamentos confusos, desenhava como uma forma de clarear a mente.

Miguel entrou silenciosamente no quarto e imediatamente notou os desenhos espalhados pela mesa. Ao perceber quem estava em todos os desenhos, Miguel , comentou:

— Fico imaginando como ele iria reagir ao ver isso! — provocou o rapaz.

Jimin se assustou e rapidamente tentou esconder os desenhos, mas Miguel foi mais rápido e pegou alguns.

— Fala logo o que você quer para manter isso em segredo — Jimin disse, já sabendo o que poderia vir a seguir.

Miguel mudou sua expressão para algo mais sério, antes de falar, com um tom mais calmo:

— Quero aprender a língua de sinais. Ser professor disso é um serviço bem remunerado, e... — ele hesitou, antes de continuar. — Eu realmente queria poder conversar com o Taehyung de uma forma mais clara. Ele só tem você para conversar no castelo e me frustra não poder me comunicar com ele.

Jimin, animado com a proposta, logo concordou e começou a indicar alguns livros que estavam na biblioteca, onde ele mesmo havia aprendido muito sobre a língua de sinais.

— Você pode começar com esses! Eles têm algumas lições básicas que podem te ajudar.

No entanto, a expressão de Miguel se fechou, e ele respondeu, irritado:

— Eu não sei ler, Vossa Alteza.

Jimin, ficou um pouco envergonhado, ele sabia que deveria ter se lembrado das limitações de Miguel e que sua sugestão não havia sido sensível.Com isso prometeu a ele que contrataria um professor e que suas aulas começariam logo. Miguel, ao perceber a seriedade de Jimin, devolveu os desenhos e saiu do quarto satisfeito.

Quando Jimin voltou sua atenção para os desenhos, algo que ele não havia percebido antes ficou evidente: os esboços do tritão, sua obsessão de anos, não estavam mais presentes. Agora, todos os seus desenhos mais recentes eram de Taehyung. Esse detalhe o fez encarar seus próprios sentimentos com uma clareza desconcertante. Jimin, por fim, compreendeu o que realmente estava se passando em seu coração. 

Taehyung passou horas cavalgando pelos campos ao redor do castelo, sentindo a liberdade que uma carruagem jamais permitiria. O vento em seu rosto e o ritmo do cavalo sob si traziam uma sensação de paz que acalmava seu coração inquieto. Enquanto cavalgava, sua mente vagava para os dias que ainda tinha ali, ao lado de Jimin. Sabia que, em breve, teria que voltar para o mar e que não poderia ficar no castelo.

Com esse pensamento em mente, Taehyung decidiu que aproveitaria ao máximo esses últimos dias. Aquele mundo, apesar de tão diferente, parecia incrivelmente acolhedor. Sabia que as lembranças desses dias tornariam sua vida no mar mais colorida, menos solitaria.

A noite chegou tranquila. O jantar foi calmo e o clima entre eles estava mais leve, desprovido da tensão que havia pairado antes. Após a refeição, os dois rapazes, voltaram para o quarto que haviam dividido anteriormente. Embora Taehyung tivesse seu próprio espaço agora, ambos, preferiam a companhia um do outro. 

Destiny - VminOnde histórias criam vida. Descubra agora