14. Padre

27 8 10
                                    

Joon Mangjeol suspirou ao receber a convocação para mais uma vez participar de um reconhecimento de paternidade, prática que já se tornara comum dentro do clã. Era a segunda vez que algo assim acontecia nos últimos cinco anos, e ele não conseguia deixar de sentir uma certa frustração.

— Meu Deus, eu sou padre! Ninguém leva meu sacerdócio a sério? — resmungou baixinho, enquanto deixava a paróquia em direção à casa principal da família.

Ao entrar na sala, Joon esperava encontrar a mesma cena de sempre: uma criança pequena, fruto de um escândalo mal explicado, à espera de algum homem que a legitimasse. Contudo, o que encontrou o surpreendeu. Em vez de um bebê, era um jovem que o aguardava.

O impacto foi imediato. O rapaz, sentado ao lado da matriarca e de Jimin, parecia desconfortável, mas o que mais chamou a atenção de Joon foi a semelhança assustadora. Taehyung, parcialmente um reflexo mais jovem dele próprio, o fitava com uma mistura de curiosidade e ansiedade.

A matriarca observava em silêncio, enquanto Joon avançava com passos lentos, ainda processando o que seus olhos lhe diziam. Ele finalmente quebrou o silêncio:

— Quantos anos você tem? — perguntou Joon, com a voz levemente rouca de incredulidade.

Antes que Taehyung pudesse responder ou sinalizar, a matriarca interveio com sua autoridade natural.

— Dezoito — ela disse, sem hesitar. Seu olhar se fixou em Joon com uma intensidade que o fez sentir o peso da situação. — E pela sua expressão, posso ver que você também sente o que todos nós já começamos a entender.

Joon começou a fazer as contas mentalmente, o sorriso lentamente se formando em seu rosto à medida que as datas batiam perfeitamente. O que ele estava pensando, por mais improvável que parecesse, poderia ser verdade. Joon Mangjeol se aproxima de Taehyung, sua expressão misturando surpresa e alegria.

— Você pode ser meu sobrinho, a idade bate com a gestação da minha irmã, antes dela sumir. — Joon diz, olhando para o jovem.

A matriarca, sempre contida em suas emoções, finalmente deixou que seus olhos brilhassem com um misto de nostalgia e esperança. Ela olhou para Taehyung com um carinho que ele nunca esperava de alguém como ela, algo tão intenso que o fez se mexer desconfortavelmente na cadeira pela culpa.

— Irmã? — ela sussurrou, quase como se falasse consigo mesma. — A mãe dele... Se você é mesmo o filho da minha Yuna, então tudo faz sentido. O tempo, o desaparecimento... meu Deus, como não pensei nisso antes?

Taehyung sentiu o peso das palavras caírem sobre ele como uma onda esmagadora. "Yuna... mãe." O nome de sua mãe, Yuna, ecoava em sua mente, um dos poucos fragmentos que seu pai lhe contara. A semelhança com Joon. A história da mulher desaparecida. Ele começou a duvidar de tudo que sabia sobre si mesmo e sobre sua vida até aquele momento.

"Eu sou... um deles?" O pensamento pulsava em sua cabeça. Suas pernas começaram a enfraquecer, como se o chão debaixo de seus pés estivesse cedendo. Ele levou uma mão ao peito, tentando acalmar a respiração que, de repente, se tornara pesada e descompassada.

— Você deve ser o filho da minha Yuna — completou a matriarca, as lágrimas ameaçando cair enquanto ela estudava cada traço do rosto de Taehyung, procurando por mais semelhanças de sua neta no rapaz.

"Não... isso não pode ser verdade..." Ele pensava no pai, na vida que havia levado até ali, tudo parecia desmoronar ao seu redor. O nome da sua mãe, o olhar emocionado da matriarca, as datas e as semelhanças... tudo parecia se alinhar de forma avassaladora. Ele queria resistir à ideia, manter o controle sobre a realidade que conhecia, mas não consegue.

Taehyung sentiu uma onda de náusea, a cabeça girando. Ele piscou, tentando focar na matriarca à sua frente, mas a imagem dela estava ficando turva. A voz de Joon, as palavras de Jimin, tudo começou a se tornar um ruído distante. Sua visão ficou enevoada, e ele cambaleou para o lado, instintivamente segurando o braço de Jimin para se equilibrar, mas o olhar de Jimin, cheio de preocupação e ternura, só piorava sua sensação de confusão e medo. — [Estou... bem] — tentou sinalizar, mas seus dedos tremiam. O chão pareceu puxá-lo para baixo, e, antes que pudesse se segurar, a escuridão tomou conta.

Bônus: Esse é como seria o Tio do Taehyung na historia, só mais velho que na imagem. A foto é na verdade uma das raras que se tem do pai dele.

 A foto é na verdade uma das raras que se tem do pai dele

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


Destiny - VminOnde histórias criam vida. Descubra agora