Destiny - Vmin

16. Primo

Taehyung acordou sentindo o corpo pesado, seus pensamentos ainda emaranhados pelos pesadelos vívidos que o assombraram enquanto estava desacordado. Ele se mexeu devagar na cama macia, e a primeira coisa que notou foi a senhora de antes, que dormia tranquilamente sentada em uma cadeira ao lado da cama. Sem querer perturbá-la, levantou-se com cuidado e saiu do quarto, explorando a casa grande e cheia de corredores desconhecidos.

Enquanto caminhava, perdido em seus próprios pensamentos, uma porta se abriu repentinamente e de lá saiu um rapaz baixinho, com cabelos ruivos, que o encarou surpreso.

- Você acordou! A vovó vai ficar muito feliz... e aquele rapaz também, ele tá um trapo - disse o garoto, falando com uma familiaridade inesperada.

Taehyung, ainda confuso, sinalizou: [O príncipe?]

- É, ele estava bem nas primeiras horas, mas depois começou a ficar estranho, principalmente à tarde...

De repente, a ficha caiu para Taehyung. Hoje era o sétimo e último dia. O feitiço que o mantinha com pernas humanas iria desaparecer no proximo alvorecer, e ele ainda estava longe do mar, preso nas terras do clã Mangjeol. Seu coração acelerou ao perceber o que isso significava. Seu desmaio o atrasara, e ele precisava desesperadamente sair antes que o tempo acabasse.

O garoto, alheio à angústia que tomava conta de Taehyung, continuava falando rapidamente, com o entusiasmo de quem parecia já conhecer Taehyung há anos.

- Acho que você é um primo meu. Não se preocupa, ninguém vai ser malvado com você aqui - o garoto falava com entusiasmo. - Tem vários rapazes da sua idade e um quarto só pra você. Vovó vai cuidar de você até você lembrar da Yuna. Todo mundo quer saber o que aconteceu com ela e conhecer você.

Taehyung ignorava o que o rapaz dizia, pensando em como iria retornar ao mar. Mas, ao ouvir o garoto mencionar o estabulo da família, sua atenção se volta para o rapaz.

- Você gosta de cavalos? Temos alguns aqui no estabulo! - continuou o rapaz, animado tentando manter uma conversa. - Como é no castelo? A rainha é tão linda quanto o tio fala?

Ao ouvir isso, Taehyung viu uma oportunidade de fugir e chegar ao mar antes da proxima alvorada. Se ele conseguisse chegar aos cavalos, poderia ter uma chance. Tentando parecer calmo, ele sinalizou:

- [O estabulo é perto?] - sinalizou, como quem faz uma pergunta casual.

- Sim, eu te levo lá rapidinho. Mas antes, espera - o garoto rapidamente correu para um quarto próximo. - Se a vovó estiver certa e você for mesmo meu primo, este era o quarto da sua mãe.

Taehyung sentiu um frio na espinha ao ouvir aquilo. O garoto entrou no quarto e voltou com algumas pinturas antigas nas mãos.

- Olha só, essa era sua mãe, Yuna. Ela realmente parece muito com você, não acha?

Taehyung pegou a pintura com as mãos trêmulas. Assim que seus olhos se fixaram no rosto da mulher retratada, uma enxurrada de memórias fragmentadas invadiu sua mente. As imagens eram turvas, como lembranças vistas através de um véu. Ele tentou se concentrar, mas tudo parecia borrado e distante.

De repente, uma imagem se destacou em meio ao caos: os antigos desenhos que havia encontrado na ala esquecida do castelo. Lembrava-se claramente de Jimin, sempre retratado duas vezes neles como se fosse duas pessoas diferentes, ladeado por duas moças. A ficha finalmente caiu - Yuna, era a moça ruiva dos desenhos. Como ele não havia percebido antes? O clã Mangjeol era o único com mulheres ruivas, mesmo que raras. O desconforto tomou conta dele, como se aquelas lembranças, ao invés de trazerem clareza, trouxessem dor e mais confusão. O garoto, percebendo a mudança no semblante de Taehyung, se arrependeu rapidamente de tê-lo levado ali.

- Desculpa, não queria te deixar assim... Vamos logo pro estábulo. Não devia ter te trazido aqui - disse o garoto, visivelmente chateado.

Sem mais demoras, ele conduziu Taehyung para fora do quarto e em direção ao estábulo, onde os cavalos esperavam. O coração de Taehyung ainda batia forte. Ele sabia que o tempo estava se esgotando, e precisava agir rápido